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ELEIÇÕES 2020

Para reduzir tarifa de ônibus, Lurdinha Ginetti propõe subsídio para empresa

Candidata a prefeita de Americana pelo PT visa redução de 10% ao ano e vislumbra “tarifa zero” em um prazo de 10 anos

Por André Rossi

07 de novembro de 2020, às 08h00 • Última atualização em 07 de novembro de 2020, às 08h02

A ex-vereadora e candidata a prefeita de Americana, Lurdinha Ginetti (PT), propõe o pagamento de subsídio para a próxima empresa de transporte público para reduzir o valor da tarifa do ônibus. O aporte financeiro para o segmento foi extinto pelo prefeito Omar Najar (MDB) em 2019.

A proposta da petista foi apresentada durante sabatina do Grupo Liberal nesta sexta-feira (6). Foi o nono e último dia de entrevistas com os nove candidatos a prefeito da cidade.

Lurdinha Ginetti (PT) durante a sabatina na noite de sexta-feira – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

Todas as sabatinas foram transmitidas pelas rádios Clube AM 580 e FM Gold 94.7 e nas páginas do LIBERAL no Facebook e no YouTube.

Em seu plano de governo e pelas redes sociais, Lurdinha defende a redução de 10% do valor da tarifa de ônibus no primeiro mês de seu mandato. Para viabilizar, a candidata acredita ser necessário pagar subsídio para a empresa que assuma o serviço.

“Precisa subsidiar. O que não pode é deixar na costa do cidadão quepaga a passagem. Isso é uma necessidade”, afirmou Lurdinha.

O objetivo traçado pela candidata, a longo prazo, vislumbra a possibilidade de “tarifa zero”. A meta seria atingida em dez anos.

“Você reduz 10% no primeiro ano. Depois você reduz mais 10% e ainda não cobriu os 25%, digamos, das gratuidades. Você vai cobrir isso só no terceiro ano. Se você conseguir incentivar e ratear o valor desse transporte e ele derrubar o preço da passagem, é menos subsídio que você vai ter que por. Até chegar nessa tarifa zero”, explicou Lurdinha.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista, que pode ser assistida na íntegra no site do LIBERAL.

LIBERAL – No início deste ano, o PT de Americana considerava bastante a ideia de apoiar a candidatura da vereadora Maria Giovana para prefeita. Até mesmo quando a senhora foi oficializada como pré-candidata, o presidente do seu partido, o Francisco Silva, disse que ainda não descartava a coligação. Qual foi o entendimento interno do PT para bancar a candidatura própria, e qual foi o peso que a senhora teve nessa decisão?

LURDINHA – O PT é aberto para essas alianças e nos conversamos com o PDT. Eu fui pedestista muitos anos, quase 30 anos. Nós buscamos essa aproximação também. Mas o meu partido tem todo um regramento interno que a gente precisa seguir e essas conversas não avançaram.

Meu nome foi colocado. Houve várias discussões, disse que eu iria pensar porque hoje eu estou aposentada e é uma luta muito grande. Precisava conversar com a minha família. Mas as coisas foram caminhando de forma que nós achamos que esse era realmente o nosso caminho, de disponibilizar o nome para Americana ter essa opção. Os petistas ficam muito felizes de terem essa opção.

Candidata falou de suas propostas para as diversas áreas da administração pública – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

LIBERAL – Seu plano é um dos poucos que menciona o contexto da pandemia da Covid-19, com um plano de combate à doença através de testagem. Qual o formato que sua candidatura pretende estabelecer?

Vamos medindo a quantidade de pessoas que se contaminam, que podem perder a vida por conta disso. Tem que ser sempre medido, mas entendemos que a testagem ajuda bastante a evitar a parada geral, todo mundo em casa, fecha tudo.

Porque a medida que você localiza um caso, você cuida desse caso e das pessoas que estão no entorno, evitando essa quarentena total como foi feita. Eu acredito que se isso tivesse sido feito, talvez nós tivéssemos contido antes essa contaminação pela covid-19.

LIBERAL – Mas pensar nessa testagem em massa é algo que só pode ser respondido a partir do momento que vocês tenham o conhecimento e controle das finanças do município? Ou há um prospecto dentro desse ambiente de campanha?

Em termos econômicos? Eu acredito que não é um custo muito alto. Vi informações a respeito, que vieram verbas para o combate a pandemia e que não foi usado. Não foram todas as verbas utilizadas. Então pensamos mais em termos mesmo de oferecer algo para a população que possa ajudar nesse período pandêmico que é uma coisa muita nova, nunca imaginei que fosse passar por isso. Muitas pessoas tomam atitudes, outras nem tanto porque todo mundo está vivendo uma situação nova. Esses números tem que ser acompanhados para a gente definir medidas.

LIBERAL – Descentralização do sistema de saúde é hoje uma pauta praticamente obrigatória no segmento. A senhora fala em levar atendimento médico nas UBSs e fazer Pronto Atendimentos 24h nas grandes regiões. Sem entrar na discussão específica de cada plano de governo, o prefeito Omar Najar tem colocado essas propostas em descrédito. Ele diz que apenas a operação do PA Zanaga custa R$ 500 mil. Qual a sua intenção a respeito?

Entrevista com a candidata Lurdinha Ginetti encerrou a série de sabatinas promovidas pelo Grupo Liberal – Foto:

Nas grandes regiões, nós precisamos ter. Algumas já existem. A do Zanaga precisa ser melhorada. A do Cidade Jardim, que não está funcionando mais, acho que é necessário ter. Na Praia Azul precisamos pelo menos de um posto médico 24 horas porque é muito difícil, muito distante para a pessoas chegar aqui [hospital municipal] se tiver algum problema.

Conversei com uma pessoa da área de saúde que me disse o seguinte. Por exemplo. Tem proposta de pessoas de contratar 100 médicos e resolver o problema. Não tem essa necessidade. Você pode colocar um clínico geral todos os dias num posto médico, que ele atende o básico e faz o encaminhamento. Você pode ter um ginecologista e um pediatra, uma vez por semana, que você consegue atender a demanda dessa região, e as especialidades que precisa fazer.

Eu não creio que isso custe um absurdo. Americana já teve e pode recuperar esse tipo de atendimento que vai ajudar muito.

LIBERAL – A Secretaria de Educação estima hoje um déficit de cerca de 750 vagas em creche. Quando fala da volta do ensino integral, seu plano indica o estudo das necessidades de acordo com a região em que as escolas estão inseridas. De qualquer maneira, existe um diagnóstico prévio sobre a geografia da cidade para estabelecer prioridades?

Nas áreas mais carentes é de extrema necessidade ter uma escola de período integral. Porque as mães trabalham e os filhos não tem onde ficar. Uma criança que frequenta a Emei não tem mais período integral. Como não tem integral, provavelmente ela vai para uma escola que é uma ONG ou escola particular meio período porque ela fica meio período em uma escola e meio período na outra.

Nós não fizemos uma estimativa de custo porque são recursos humanos que nós precisamos para poder colocar isso em funcionamento, mas é uma necessidade. Isso tem que caber dentro no orçamento, que é cuidar das nossas crianças. Se a gente não puder nem cuidar das nossas crianças, não vale a pena nem você comandar uma cidade que você não possa atender esse tipo de necessidade.

LIBERAL – Existe alguma região que já há um entendimento de que seria necessário essas unidades em período integral?

Que nós realizamos, não. Devem existir alguns estudos porque quando foi definido qual escola tem período integral, antes desse governo entrar e cortar, e também nós temos uma pessoa no nosso partido muito ligada nessa área, ela disse que tem que lugares que existe essa demanda, que essa mãe precisa disso.

Outras nem tanto. Então, digamos assim, é uma sondagem. Não se pode dizer que isso é um estudo.

LIBERAL – Sua candidatura defende o incentivo à agricultura familiar e comunitária livre de agrotóxicos. Seu entendimento é de que já existe demanda para haver esse suporte do poder público ou a ideia é que esse modelo adquira espaço justamente a partir da sua gestão?

Já existe. Em Americana nós temos muitas hortas, algumas são comunitárias, não tem um dono, várias pessoas fazem a horta. E sem agrotóxico é excelente, fundamental. A gente leva em consideração a questão econômica no nosso município no pós-pandemia. As pessoas ainda estão recebendo esse auxílio emergencial. Veja quantas empresas fecharam, quanta lojas e imóveis nós temos fechados, então entendemos que essa crise pode se aprofundar bastante no ano que vem.

Nós temos que fazer um trabalho de melhoramento nas cooperativas de agricultura familiar e outros tipos que já existem para que a gente possa melhorar um pouco, fazer essa roda da economia virar. Uma das questões é esse pessoal que vive disso, que planta e vive disso. Talvez fazendo parceria, como no caso da merenda escolar.

É possível você fazer parceiras com essas cooperativas, com essas hortas comunitárias e trazer essa qualidade para dentro da nossa cidade. Entendemos que temos que atuar no micro.

Não dá para falar em desenvolvimento econômico, dizer que vai trazer indústria para Americana. É irreal. Quantas indústrias vieram para cá nos últimos anos? Nenhuma. É praticamente impossível. Você tem que ver de uma forma geral para melhorar a economia. Ajudar os pequenos é uma boa forma.

LIBERAL – A diversificação das estações de captação é colocada como um objetivo de médio prazo. Essa ação é pensada exclusivamente tendo o Rio Piracicaba como fonte, candidata?

Tudo isso precisa de estudo técnico e bastante profundo. O que nós entendemos na estação de captação é que ela ficar num ponto só, fica frágil para a nossa população. Digamos que aconteça um acidente e um caminhão com produto químico caia. Você tem duas captações no mesmo ponto? Fica muito frágil.

Acreditamos que precisamos fazer em outro ponto para que que o sistema seja mais seguro. E há também estudos de fazer, por exemplo, na nossa represa, mas tudo isso necessita de estudos bastante profundos.

LIBERAL – Na área do transporte público, você fala em reduzir o preço da passagem de ônibus no primeiro mês. A ideia seria revogar o decreto do prefeito Omar Najar e reestabelecer o preço de R$ 4?

Nós queremos reduzir em 10% no primeiro ano. Nós temos 800 mil passagens por mês. Isso sem contar o período de pandemia, que caiu bastante. Mas como temos as gratuidades, nós temos só 600 mil pagantes. E não existe subsídio nenhum. Então quem é que paga essa gratuidades? Aquele que paga a passagem.

Então você dá isenção e põe a conta no trabalhador que usa o transporte público. O subsídio e praticado em muitas cidades. Aqui em Limeira mesmo, São Paulo, Brasília. Não é uma coisa extraordinário. Não é uma ideia q surgiu na minha cabeça. É algo praticado e que com justiça. Não sou contra [isenção], que se dê, mas aí o cidadão que vai pagar?

Então 10% não é um número exagerado. Você reduz 10%. Nós sabemos que quando o preço cai, você pode ter mais usuários. Quando você tem mais usuários, o preço do transporte como um todo, rateado pelo número de usuários, você derruba mais um pouco a passagem.

Isso custa para o município menos de meio porcento do orçamento anual. Ou seja, não é um dinheiro absurdo para o município, mas é para aquele que usa o transporte todo dia pelo menos duas vezes. O transporte hoje em Americana é caro, não funciona bem, não passa nos horários, retiram carros em certos horários.

O transporte vai ficando cada vez menor, cada vez menos pessoas usam. É necessário fazer alguma coisa. Primeiro que é um direito do cidadão. E depois, ele precisa se deslocar. E quando ele não tem o transporte ele busca outras alternativas.

LIBERAL – Pelo seu raciocínio, a ideia para reduzir a tarifa é reestabelecer o pagamento de subsídio para a empresa que assumir o serviço?

Precisa subsidiar. O que não pode é deixar na costa do cidadão que paga a passagem. Isso é uma necessidade. A prefeitura dá essas gratuidades, mas ela compra essas passagens. Aí eu acho que fica justo.

LIBERAL – Dentro desse mesmo tema, o seu plano de governo estabelece como meta a longo prazo a “tarifa zero” para o transporte. Qual o modelo para tornar isso viável? Também entra no mesmo raciocínio de ter que ter o subsídio?

As duas coisas. O subsídio é necessário, sem dúvida nenhuma, senão você não consegue chegar na tarifa zero. O que você precisa fazer é chegar num ponto de incentivar o transporte para que as pessoas utilizem.

Por isso que estamos colocando uma meta de 10 anos. Você reduz 10% no primeiro ano. Depois você reduz mais 10% e ainda não cobriu os 25%, digamos, das gratuidades.

Você vai cobrir isso só no terceiro ano. Se você conseguir incentivar e ratear o valor desse transporte e ele derrubar o preço da passagem, é menos subsídio que você vai ter que por. Até chegar nessa tarifa zero.

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