Americana
Delação de ex-vereador de Americana atinge empresa alvo da CPI da Covid
Alexandre Romano é acusado de receber propina e participar de esquema de corrupção envolvendo a Global Gestão em Saúde
Por Ana Carolina Leal
01 de outubro de 2021, às 07h21 • Última atualização em 01 de outubro de 2021, às 08h39
Link da matéria: https://dev.liberal.com.br/cidades/americana/delacao-de-ex-vereador-de-americana-atinge-empresa-alvo-da-cpi-da-covid-1627630/
Um acordo de colaboração premiada do ex-vereador de Americana, Alexandre Romano, atingiu a Global Gestão em Saúde, alvo da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid no Senado.
A empresa tem como sócio Francisco Emerson Maximiano, dono da Precisa Medicamentos, também alvo da CPI da Covid por supostas irregularidades na aquisição do imunizante indiano Covaxin pelo governo federal.

Nesta quinta-feira, o MPF (Ministério Público Federal) ofereceu denúncia contra o dono da empresa e também contra Nelson Luiz Oliveira de Freitas, o ex-vereador de Americana, Michelli Aparecida Maximiano Gonçalves (irmã e sócia de Francisco) e José Rivaldo da Silva.
O grupo é acusado de montar um esquema que favoreceu a empresa Global Gestão em Saúde em um contrato com os Correios e foi mencionado no acordo de colaboração de Alexandre Romano.
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Segundo investigação da PF (Polícia Federal), a Global teria simulado operações comerciais e financeiras para destinar recursos a empresas que seriam fachadas.
O dinheiro em espécie gerado por meio dessas operações eram usados para o pagamento de propina a agentes políticos em troca de favorecimento na contratação das empresas por estatais. A participação dos executivos, funcionários e sócios das empresas envolvidas nas operações simuladas é investigada.
O esquema
De acordo com as apurações, Francisco Maximiano, da Global, entrou em contato com Nelson de Freitas, então vice-presidente de gestão de pessoas dos Correios, para oferecer o produto “Vale Medicamento”, um seguro que oferecia remédios e já implantado em outras empresas privadas e públicas, incluindo a Petrobras.
Em paralelo, Maximiano iniciou tratativas para oferecer o mesmo produto a José Rivaldo da Silva que, na época, era presidente da Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores das Empresas de Correios e Telégrafos). Silva aceitou e levou a proposta para Freitas, que concordou e aprovou a implementação.
O convênio previa que os Correios arcariam com parte dos custos do plano de medicamentos, mas não de forma direta. Para burlar a necessidade de licitação, o contrato da Global Saúde foi firmado com a Fentect, que é uma entidade privada e para a qual os Correios repassavam os recursos.
Para tentar ocultar a origem dos valores pagos, o ex-vereador de Americana usava suas empresas de fachada, que aparentemente prestavam serviços para a Global Saúde. Duas dessas empresas sequer tinham funcionários. Entre 2011 e 2014, período em que perdurou o esquema, foram pagos mais de R$ 2,5 milhões em propinas.
Daniel Casagrande, advogado de defesa de Alexandre Romano, disse que o ex-vereador confirma os fatos que narrou em seu acordo de colaboração premida e continuará cooperando com a Justiça e com o MPF.
Os envolvidos poderão responder, na medida de sua participação nos fatos, pelos crimes de associação criminosa, corrupção ativa e passiva, sonegação fiscal, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e operação de instituição financeira sem autorização.