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Região

Vítimas de violência doméstica têm dependência emocional do agressor, diz delegada da DDM

Para Nathália Alves Cabral, que atua nas delegacias de Sumaré e S. Bárbara, nem sempre mulheres percebem abusos

Por Cristiani Azanha

08 de março de 2023, às 07h07 • Última atualização em 08 de março de 2023, às 08h13

Nem sempre a vítima percebe que está inserida no ciclo de violência. As ofensas, controle no uso das roupas, proibição de conversar com os amigos ou familiares são sinais clássicos de que pode estar em um relacionamento tóxico ou abusivo. O alerta é da delegada da DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de Sumaré, Nathália Alves Cabral, que também acumula a delegacia especializada de Santa Bárbara d’Oeste.

Em entrevista ao Programa Liberal no Ar, da Rádio Clube (580 AM), nesta terça, a delegada disse que já ocorreram diversos casos em que a vítima desiste de registrar a denúncia contra o agressor.

Delegada participou do Liberal no Ar nesta terça – Foto: Junior Guarnieri / LIBERAL

“Em muitas situações, a mulher até tem uma independência financeira, mas resiste em denunciar o companheiro porque entende que a relação também acabaria. Aquelas antigas palavras ditas várias vezes ‘o que você vai fazer sem mim? Quem vai te querer? Olha como você está’ interferem diretamente na autoestima da mulher e nesse momento pesa diante da necessidade de tomar uma atitude”, relata.

A delegada orienta ainda que a “ameaça de morte” é grave e pode sim chegar ao extremo, que é o feminicídio, como ocorreu com a manicure Rafaela Cristina Barroso da Silva, 25, morta pelo companheiro em janeiro, na casa onde moravam, no Jardim São Francisco, em Santa Bárbara.

“Quando a Rafaela morreu eu fiquei muito triste. No dia do crime estava em férias, mas acompanhei de perto o caso dela, pois em agosto do ano passado eu prendi o autor João Vitor Alcântara, de 22 anos, após ele agredi-la. No entanto, saiu da cadeia e pouco tempo depois retomaram o relacionamento. Inclusive, a vítima abriu mão da medida protetiva.”

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Outra situação enfrentada pelas policiais está na vulnerabilidade social das vítimas. Ainda há mulheres que passaram por atendimento na delegacia e retornam para buscar doações de absorventes, materiais de higiene e alimentos.

“Na DDM a gente tem uma filosofia de que violência doméstica não se combate apenas com punição, mas também com ação social e políticas públicas”, enfatiza a delegada.

ATUAÇÃO FEMININA. A corregedora da GCM (Guarda Civil Municipal) de Sumaré e ex-comandante Simone de Souza Nery, que também participou do programa, diz que nunca enfrentou problema nos atendimentos de ocorrências pelo fato de ser mulher e nem pelo tempo em que ficou à frente da corporação.

“Durante o nosso trabalho, a gente consegue unir a delicadeza da mulher e a garra que qualquer policial precisa ter durante o atendimento das ocorrências, por exemplo”.

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