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LIBERAL EXPLICA

O impacto da variação da taxa básica de juros no dia a dia

Entenda por que a Selic é uma bússola para indicar o ambiente econômico e como ela influencia na nossa rotina

Por Ana Carolina Leal

20 de março de 2023, às 07h28 • Última atualização em 20 de março de 2023, às 07h49

O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) vai se reunir pela segunda vez nos próximos dias 21 e 22 de março para discutir se a taxa básica de juros da economia, a Selic, será mantida no patamar atual – 13,75% ao ano – aumentada ou reduzida.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e outros membros do governo se mostraram contrariados com a decisão do Banco Central de não diminuir a Selic na última reunião do Copom, no início de fevereiro.

A sigla Selic vem de “Sistema Especial de Liquidação e de Custódia”, no qual o Banco Central opera diariamente na emissão, compra e venda de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional. Segundo o professor de Economia do Mackenzie, Hugo Garbe, a taxa tem uma grande influência na economia como um todo, inclusive no dia a dia do brasileiro.

Dinheiro fica mais “caro” para algumas finalidades com a alta dos juros – Foto: Marcello Casal Jr. / Agência Brasil

“O grande impacto é no mercado imobiliário. Uma pessoa, por exemplo, quando vai financiar um imóvel, faz isso por muitos anos e a Selic encarece muito a compra porque o valor dela é multiplicado pelo tempo do financiamento. Por isso, muita gente adia a aquisição de um imóvel, na esperança da taxa ficar um pouco mais baixa”, explica.

A taxa de juros é o principal instrumento do BC para controlar a inflação. Quando o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial de inflação do Brasil, está em um nível muito alto, o Banco Central sobe os juros para tornar o crédito mais caro e “desincentivar” o consumo.

Com menos pessoas consumindo, a tendência é os preços se acomodarem. No cenário oposto, se a inflação estiver em níveis baixos, o BC reduz os juros para estimular o consumo e, consequentemente, a economia.

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DEMANDA. “A inflação é, em grande parte das vezes, o que a gente chama de ‘inflação de demanda’, ou seja, se tem um consumo muito grande das famílias e essa pressão de consumo vai aumentando o preço. Isso, porque as pessoas consomem numa velocidade maior do que o produto pode ser produzido, então, geralmente, o valor acaba subindo”, enfatiza Garbe.

A taxa impacta, inclusive, na troca de eletrodomésticos e automóveis. “Geralmente, as pessoas parcelam a compra de uma geladeira ou fogão, de um carro e tudo acaba ficando mais caro”.

Quanto à alimentação, o professor de economia afirma que a Selic atinge produtos de alto valor agregado. “Produtos de supermercado, do dia a dia, têm uma relação maior com a inflação, que hoje está em torno de 6% ao ano”.

CÂMBIO. O mesmo não se aplica ao câmbio. Quando há uma taxa de juros muito alta, tende-se a incentivar investidores estrangeiros a trazerem mais dinheiro para aplicar no Brasil e render mais. Então, explica o professor do Mackenzie, a tendência quando se tem uma taxa de juros mais alta é pressionar o câmbio para baixo porque haverá um ciclo de investidores que vão colocar dinheiro no Brasil.

“E o câmbio é um estoque de capital, de dólar. Quanto mais dólar tem investido no Brasil, mais barato fica o dólar. Quanto mais sai dólar do Brasil, mais aumenta o câmbio. Portanto, a taxa de juros alta tem esse poder de deixar o câmbio mais baixo”.

Atualmente, diz ele, o câmbio não está abaixando tanto porque vivemos uma situação diferente dos últimos 50 anos, no mundo, em termos de economia. “A taxa de juros está alta no Brasil, mas também está alta nos Estados Unidos, na Europa, em praticamente no mundo todo. Então, não atrai tanto dólar para o Brasil como atraía há cinco, dez anos”.

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