Cultura na região
‘Era uma pessoa inteligente, verdadeira e rebelde’, diz prima de Rita Lee
Rita Lee morreu na segunda-feira (8), aos 75 anos; relembre ligação da cantora com a região
Por Marina Zanaki
10 de maio de 2023, às 09h36 • Última atualização em 10 de maio de 2023, às 10h39
Link da matéria: https://dev.liberal.com.br/cultura/cultura-na-regiao/o-adeus-da-rainha-do-rock-1953200/
O rock nacional deu adeus à rainha Rita Lee. A cantora morreu na noite de segunda-feira (8) em sua casa na capital paulista. Ela tratava de um câncer no pulmão. Natural da cidade de São Paulo, ela tinha uma forte ligação com a região.
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A cantora era neta do médico e industrial Cícero Jones, que imigrou dos Estados Unidos para Santa Bárbara, onde faleceu, em 1924, e filha do dentista Charles Fenley Jones, nascido em Santa Bárbara d’Oeste. Além de carregar o tradicional sobrenome Jones, ao longo da infância esteve na região em diversas ocasiões, principalmente durante férias escolares.
“Fomos muito próximas na infância e tenho lembranças muito boas com ela. Era uma pessoa inteligente, verdadeira e rebelde. Não tinha maquiagem, sua personalidade nunca mudou, sempre foi o que era”, declarou Marina Jones, moradora de Americana e prima de primeiro grau de Rita Lee, em entrevista ao LIBERAL.
Já Eloisa Jones, que também vive em Americana, contou que teve proximidade com Rita Lee durante a juventude. Esposa do primo da cantora, Alisson Jones, Eloisa tinha a mesma idade de Rita. Ela lembrou quando a cantora foi presa pela ditadura militar injustamente por porte de drogas, em 1976.
“Teve uma época que ela ficou em prisão domiciliar e a visitamos, ela já estava grávida do primeiro filho. À parte o parentesco, foi uma amizade muito forte, e fiquei muito sentida com o falecimento”, disse Eloisa ao LIBERAL.
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Carreira
A “rainha do rock” foi uma das primeiras mulheres a tocar guitarra no palco e teve a carreira marcada pela postura autêntica. Sua ascensão artística foi no Movimento Tropicalista com o psicodélico grupo Os Mutantes, na década de 1960. O jornalista Luciano Assis, ex-editor de Cultura do jornal LIBERAL e apaixonado por música, situou a importância da banda para o cenário da época.
“O rock brasileiro sempre foi um pouco atrasado em relação ao resto do mundo. Mas o grupo Os Mutantes sempre esteve junto ou até um pouco à frente. Não só bebia dos Beatles, como tinha forró, música caipira, erudita, e isso pouca gente fazia na época. Os três primeiros discos são muito fora da curva e revolucionários”, explicou Luciano.
A segunda fase da cantora foi na Tutti Frutti, banda que liderou. É dessa época que remontam sucessos como “Agora só falta você” e “Fruto Proibido”. “Nos anos 1970, ela era uma mulher que liderava a banda, fazia as letras. Foi bem inovador”, afirmou Luciano.
A terceira fase da cantora ocorre a partir de Roberto de Carvalho, parceiro de trabalho e com quem seria casada até o fim da vida. As músicas desse período têm influências de boleros, com um som mais pop e radiofônico.
Produtor musical americanense, Antônio Carlos de Carvalho lembra que conheceu Rita Lee durante a fase inicial de Os Mutantes. Ao reencontrá-la, anos depois, foi saudado por ela como “o caipira de Americana”. “A voz dela vamos ouvir para sempre. Mas a pessoa Rita Lee nós perdemos, e o Brasil ficou mais pobre com isso”, declarou Carvalho.
Colaborou João Colosalle