Celebridades
Ponto de virada
Babu Santana exalta relação mais justa com a tevê na pele do religioso Severo de “Amor Perfeito”
Por Geraldo Bessa - TV Press
19 de julho de 2023, às 10h45 • Última atualização em 19 de julho de 2023, às 10h46
Link da matéria: https://dev.liberal.com.br/social/celebridades/ponto-de-virada-3-1981218/
Por muito tempo, a relação de Babu Santana com a televisão foi marcada por uma certa estereotipagem. Além de personagens muito pequenos, o ator sempre era escalado para tipos periféricos no humor ou em tons mais violentos. Nos últimos anos, entretanto, as coisas mudaram, com Babu sendo convidado para papéis mais complexos e instigantes. Para o ator, interpretar o Padre Severo em “Amor Perfeito” é um símbolo dessa nova relação com o vídeo.
“Já topei fazer muitas coisas apenas para pagar as contas. O Severo é diferente de tudo o que já fiz, uma oportunidade de trabalhar com pessoas que admiro e de desenvolver um personagem com história própria”, valoriza.
Natural do Rio de Janeiro, Babu fez de tudo um pouco antes de enveredar pela carreira de ator. Cria do renomado grupo Nós do Morro, ele primeiro se destacou no cinema, em filmes como “Cidade de Deus” e “O Homem do Ano”, para depois conseguir seus primeiros trabalhos na tevê, em produções como “A Diarista” e “Paraíso Tropical”. Em 2020, sua participação no reality “Big Brother Brasil” acabou o aproximando do grande público e abrindo novas portas para sua carreira tanto na atuação quanto na música.
“Não é fácil encarar as câmeras do ‘BBB’. Mas foram três meses que mudaram minha vida. Saí de lá e senti o carinho do público e me vi cheio de oportunidades e projetos. Serei eternamente grato a tudo o que vivi no programa”, exalta.
A tevê sempre escalou você para tipos mais contemporâneos. Como é viver um religioso em uma trama de época como “Amor Perfeito”?
Custei a acreditar quando esse personagem chegou até mim. A tevê por muito tempo me limitou a personagens muito pequenos e periféricos, como se eu não pudesse ir além disso. Então, viver o Severo é como se fosse a realização de um sonho e uma real aproximação com as novelas.
O que acha que fez a Globo e os produtores de elenco mudarem essa visão sobre sua atuação?
O “Big Brother Brasil” me fez mais conhecido do grande público, mas também acho que existe uma mudança de paradigmas dentro da própria empresa. E isso não aparece apenas na escalação de mais atores pretos para papéis legais e de protagonistas, mas até em questões técnicas.
Como assim?
Setores aparentemente simples, como fotografia e maquiagem, agora estão mais preparados com a diversidade dos tons de pele do elenco. Quando comecei a fazer novelas, não existia a preocupação em iluminar e destacar os pretos em cena. A empresa e as produções estão se renovando e de olho na seriedade da questão do racismo. É claro que tudo poderia ser feito de forma mais contundente, mas estamos caminhando.
O núcleo religioso surge como uma grande família dentro de “Amor Perfeito”. Como estão sendo as gravações?
É muito gostoso. Tenho a chance de trabalhar com dois caras que admiro muito: Tony Tornado e Tonico Pereira. Tony é um ídolo e uma referência para mim como profissional, ele abriu muitas portas. Além disso, ainda tem o Levi (Asef), uma criança extremamente focada e talentosa, que ilumina por onde passa. Tenho até dificuldade nas cenas em que o Severo precisa ser mais rígido com o Marcelino de tão bacana que esse garoto é (risos).
Por ser um personagem menos usual na sua trajetória, o Severo exigiu alguma entrega mais árdua durante a preparação?
Com certeza. Ele pedia algumas referências e eu logo percebi que teria de correr atrás para que ele tivesse o estofo necessário. Severo é diferente de tudo o que já fiz, não só em novelas, mas na carreira mesmo. Então, pesquisei bastante, visitei mosteiros e voltei a frequentar algumas missas, já que faz parte da função dele. Foi uma caminhada muito empolgante.
“Amor Perfeito” – Globo – de segunda a sábado, às 18h20.