Educação
Medidas sanitárias farão Enem ter custo extra de R$ 70 milhões
Aplicação da prova será em sala com menos estudantes para evitar contaminação
Por Agência Estado
09 de julho de 2020, às 07h20 • Última atualização em 09 de julho de 2020, às 11h50
Link da matéria: https://dev.liberal.com.br/brasil-e-mundo/brasil/medidas-sanitarias-farao-enem-ter-custo-extra-de-r-70-milhoes-1253322/
O MEC (Ministério da Educação) e o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) anunciaram na quarta-feira que o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) será aplicado nos dias 17 e 24 de janeiro de 2021, com um custo adicional de R$ 70 milhões por causa de medidas sanitárias decorrentes da pandemia do coronavírus.
Mais de 5,8 milhões de estudantes estão inscritos para o exame.
Segundo o governo, o nível da prova será modificado em função das dificuldades de ensino durante a pandemia, já que os itens que compõem o teste foram elaborados antes da Covid.
O governo também informou que prevê gasto extra de R$ 70 milhões com a aplicação neste ano em função da pandemia – no ano passado, o exame custou R$ 537 milhões.
A Covid-19 deve obrigar que a aplicação ocorra com menos estudantes em sala para evitar contaminação, o que pode elevar o número de locais de prova. Também deverão ser fornecidos álcool em gel e máscaras.
O MEC ainda anunciou que a reaplicação da prova impressa, que ocorre quando há falhas como falta de luz no local do exame, será nos dias 24 de fevereiro e 25 de fevereiro de 2021.
Escolha da data
Em coletiva de imprensa na tarde de ontem, o ministro interino da Educação, Antônio Vogel, disse que a nova data da prova não é uma decisão “perfeita e maravilhosa para todos” os candidatos.
“Buscamos uma solução técnica”, completou. A versão digital da prova, que ocorre pela primeira vez no País, será nos dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro. E os resultados serão divulgados no dia 29 de março.
A aplicação da prova no mês de janeiro foi defendida por secretários de educação e universidades em reuniões com o governo. Em enquete realizada a pedido do ex-ministro Abraham Weintraub, a maior parte dos estudantes (49,7%) votou para que o Enem fosse realizado apenas em maio. Outros 35,3% optaram por janeiro.
Mas, depois que Weintraub foi demitido, a direção do Inep não se comprometeu em seguir o resultado da pesquisa e anunciou que ouviria representantes dos Estados e do ensino superior para tomar uma decisão.
Segundo fontes que estavam presentes às reuniões feitas com o Inep, maio foi considerado um mês inviável pela maioria, pelo que causaria ao calendário do ensino superior.
Universidades particulares também não queriam um Enem tão tarde porque os estudantes esperam o resultado da prova e do Sisu para ver se conseguiram vaga em instituições públicas e só depois partem para uma particular. O exame em maio prejudicaria mais ainda um mercado já fragilizado, com perda de estudantes e alta inadimplência.
Segundo Alexandre Lopes, presidente do Inep, a enquete com os estudantes não foi o único parâmetro para definição da data. “Entendemos que seria importante ouvir secretários estaduais de Educação e instituições de ensino superior públicas e privadas. Todas as informações foram levadas em consideração. Mais da metade optou por (fazer a prova em) dezembro e janeiro. Também estamos atendendo a esse público.”
Estaduais
As novas datas do Enem devem embaralhar os vestibulares das universidades estaduais paulistas. A Universidade de São Paulo (USP), que utiliza as notas do exame para a seleção de parte dos estudantes, deve divulgar comunicado hoje sobre seu processo seletivo.
A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Estadual Paulista (Unesp) também debatem eventuais alterações. Indagado sobre continuar utilizando as notas do Enem como forma de seleção de parte dos estudantes no próximo vestibular, o reitor da Unicamp, Marcelo Knobel, disse que “não sabe se vai conseguir”, mas ainda estuda as possibilidades. A Unesp terá reunião nesta semana.
Por meio de nota, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) disse ser fundamental que a prova seja “tecnicamente exitosa e com concorrência democrática”. Segundo a associação, a data anterior não apresentava condições necessárias, como segurança de alunos e profissionais e equidade entre os candidatos.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.