ECONOMIA
Dicas para casais que queiram empreender juntos
Abrir uma empresa com quem se ama pode ser divertido, mas nem sempre será fácil
Por Isabella Holouka
24 de julho de 2023, às 07h38 • Última atualização em 24 de julho de 2023, às 07h39
Link da matéria: https://dev.liberal.com.br/brasil-e-mundo/economia/dicas-para-casais-que-queiram-empreender-juntos-1992646/
Antes de sentir o trabalho fluindo, os engenheiros Yasmin Ferraz e Guilherme Volpi, de 29 e 32 anos, conheceram o caos. Responsáveis pelo escritório Volpi Ferraz, de engenharia, arquitetura e design de interiores, em Americana, o casal teve dificuldades para separar questões profissionais e pessoais, dividir tarefas e organizar agendas. Depois de perceber como tudo isso estava afetando a administração da empresa e das colaboradoras, eles procuraram a ajuda de uma psicóloga organizacional, resolveram questões pessoais e puderam organizar melhor a rotina profissional.

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“No começo, foi difícil separar o relacionamento pessoal do escritório. E uma dica é separar as tarefas. Como temos a mesma formação, tínhamos opiniões diferentes sobre cada assunto, mas os dois faziam a mesma coisa, falávamos sobre todas as decisões e era difícil a gente se alinhar, além de gastarmos muita energia à toa. Depois que separamos as tarefas, melhorou muito”, conta Yasmin, que hoje está mais focada nos projetos de interiores, enquanto Guilherme cuida das obras.
O casal também definiu uma hierarquia em que Guilherme dá a palavra final. “Eu dou a minha opinião, mas quem resolve o que será feito é ele, que tem mais experiência. Talvez ele diga ‘sim, senhora’, mas será uma decisão dele”, complementa ela. O escritório funciona há seis anos e a parceria entre eles completou quatro.
“Google Agenda nos salva também, reunindo vida pessoal e profissional. Sempre verificamos na hora de marcar uma reunião em que os dois precisam estar presentes”, destaca Guilherme.
Separar vida profissional e pessoal é a primeira dica de Alan Tanno, consultor de negócios do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). Ele não recomenda que os casais falem sobre problemas da empresa em momentos de lazer em família ou com amigos. Mas pondera: “Não pode ser 8 ou 80. Quando se é empreendedor ou empresário, tem assuntos que precisam ser resolvidos fora do horário comercial”.
O consultor alerta que a divisão de tarefas pode ser problemática se não for combinada e recomenda que cada sócio entenda sua vocação para assumir responsabilidades distintas. Se um sócio é mais criativo e comunicativo, enquanto o outro é mais metódico, o primeiro pode cuidar da divulgação e relacionamento com o cliente, e o segundo, do administrativo, por exemplo.
“Diálogo é fundamental, mas muitas vezes não conseguimos chegar em um consenso. Nestes casos, a dica é ter um mentor que possa auxiliar. Pode ser um empresário próximo, mais experiente, ou até mesmo o Sebrae”, sugere Alan, que também recomenda capacitações e presença em associações de empresários. “Quem vai tomar a decisão é o casal, mas com outros pontos de vista, que ajudam a amadurecer as ideias”.
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Para o financeiro, o consultor também sugere que um dos sócios assuma a posição de líder, o que tende a facilitar uma visão ampla do negócio e os registros que precisam ser feitos. Isso não significa tomar decisões sozinho, mas assumir responsabilidade pelo gerenciamento da empresa.
E quando o assunto é dinheiro, a dica de ouro, segundo o consultor, é separar as finanças da família da administração da empresa. Para que isso aconteça, é necessário definir valores de pró-labore, ou seja, o salário de cada um dos sócios, para pagar gastos pessoais, da casa e de lazer, que não devem ser custeados pela empresa. Esta etapa deve ser prevista no plano de negócios.
“O plano de negócios é uma ferramenta de planejamento através da qual conseguimos enxergar a empresa, saber quanto investir inicialmente, o que precisa ser comprado, o imóvel, e por aí vai. Depois, temos a necessidade mensal de faturamento para pagar os gastos mensais, e muitas vezes precisamos de um capital de giro. Assim, ao abrir a empresa, estamos muito mais preparados para adversidades e aumentamos as chances de sucesso”, explica Alan.
“E quando percebemos que o atrito começa a interferir no relacionamento pessoal do casal, é o momento de refletir. Cada um pode seguir para uma área diferente, ter sua própria empresa. O importante é o autoconhecimento e entender que as coisas podem funcionar de forma fluida”, conclui.