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Brincadeira de gente grande
Carlos Eduardo descobriu a paixão pela narração esportiva ao atender ao avô, que é deficiente auditivo e visual, e sempre pedia a ele que descrevesse o que estava vendo em campo
Por Jucimara Lima
10 de outubro de 2021, às 07h51
Link da matéria: https://dev.liberal.com.br/cidades/americana/brincadeira-de-gente-grande-1634711/
Carlos Eduardo Santiago é um americanense de 9 anos, falante e inteligente, que acabou de descobrir um grande talento: a narração esportiva.
A história pode até ser novidade para as pessoas, porém, não é surpresa para a mãe, que conta toda orgulhosa que antes de um ano e meio de idade o menino já falava sem parar.

Com 1,30m de altura e pesando 35 kg, sua força (e fôlego) estão na voz e na espontaneidade com que vive suas paixões. Palmeirense fanático, ele só acompanha de perto os jogos do Corinthians por amor ao avô paterno, José de Lourdes Santiago, de 86 anos.
Deficiente visual e auditivo, o patriarca um dia pediu para o neto descrever o que estava vendo em campo, e, desde então, Carlos passou a narrar os acontecimentos.
“Ele queria que eu fosse falando o que estava acontecendo no lance. Aí eu fui falando, fui falando, e acabou virando hábito”, conta o menino.
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A descoberta
Caçula do construtor Cidney Alberto Santiago, 56, e da engenheira civil Jhenifer dos Santos Fontanim Santiago, 31, o garoto também costuma narrar as próprias brincadeiras. Além disso, adora jogar vídeo-game, baixar vídeos no YouTube para narrar as jogadas e, como a maioria dos meninos de sua idade, jogar futebol.
“Ele ficava brincando de bola dentro de casa em dia de chuva. Então, o pai dele decidiu levá-lo à Escola de Goleiros de Americana para ele praticar um pouco”, conta a mãe, que sentiu alívio ao ver o garoto se interessando por outro esporte, já que antes ele fazia bicicross.”Eu tinha muito medo de ele se machucar”, confessa.
Sendo assim, há 6 meses, Carlos passou a treinar na Camisa 1, onde em pouco tempo, além de desenvolver seu futebol (o treinador confirma que ele é um bom goleiro), também teve seu outro talento descoberto.
Durante uma dinâmica especial em que simulavam uma competição de verdade, por não estar em campo, ele decidiu brincar de narrar, algo que chamou a atenção de Vander Batistella, coordenador e idealizador do projeto.
“Quando nós percebemos o que ele estava fazendo, começamos a gravá-lo. Notamos que é algo que ele curte, é natural e desenrolado. Isso é um estímulo muito bacana e tem tudo a ver com a filosofia que a Camisa 1 tem, sendo justamente integrar, desenvolver e incentivar os talentos”, comenta.
Sonhos de Criança
Entre os sonhos de Carlos Eduardo, ver um jogo do time principal do Palmeiras está no topo, porém, outros desejos fazem parte de sua lista. Entre seus ídolos, além dos goleiros do Verdão, estão o meia Gustavo Scarpa e o narrador Cléber Machado, este último por uma questão de identificação. “Ele grita gol e faz umas paradas durante a narração igual eu faço”.
Essa semana, Carlos esteve acompanhando a transmissão de uma partida de futebol na Rádio Clube AM 580, do Grupo Liberal. Questionado sobre o que ele quer ser quando crescer, sem pestanejar, respondeu: “jogador de futebol, mas também pode ser narrador esportivo.