Clima
Em Americana, 2020 e 2021 concentram recordes de calor
Bloqueios atmosféricos e poluição ajudam a explicar as altas temperaturas registradas
Por Stela Pires
26 de setembro de 2021, às 08h28 • Última atualização em 26 de setembro de 2021, às 15h10
Link da matéria: https://dev.liberal.com.br/cidades/americana/em-americana-2020-e-2021-concentram-recorde-de-calor-1623682/
O calor intenso registrado na terça-feira, em Americana, quando o termômetro chegou a 41°C, é mais um episódio do que vem acontecendo há dois anos na cidade.
Um levantamento do LIBERAL em dados do Ciiagro (Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas) a partir de 2015, mostra que, das 10 temperaturas mais altas registradas no município desde então, oito delas ocorreram em 2020 e este ano.

No período, os recordes variaram entre dias com 39,47°C a 41,33°C. Bloqueios atmosféricos e a poluição podem explicar as altas na temperatura. Segundo o meteorologista do Cepagri (Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura), da Unicamp, Bruno Kabke Bainy, de fato 2020 e 2021 estão quentes.
Isso porque houve vários episódios de bloqueios atmosféricos, que são massas de ar que persistem em determinada região e que acabam se intensificando de acordo com as características do terreno, no caso a região continental e tropical onde Americana está. “A temperatura elevada é uma característica dessa massa de ar continental tropical”, explicou o meteorologista.
Uma massa de calor persistente passou por Americana e região na última semana, colaborando para dias muito quentes. Além disso, ventos que transportavam ar mais quente de regiões aquecidas, como o Norte, também ajudaram a fazer com que a temperatura disparasse no termômetro.
O recorde das máximas chegou mais cedo este ano, porém. A temperatura mais alta registrada no ano passado, de 41,33°C, aconteceu só em outubro.
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Em 2021, se deu em setembro, no último dia de inverno. A situação não é expressiva e pode ser comum, diz o meteorologista. Segundo ele, a primeira semana de outubro promete ser quente, embora ainda não tenha indicativos de que de fato vá bater as temperaturas do final de setembro.
Para a professora da Escola de Engenharia de Piracicaba e e doutora em biologia Brigida Queiroz, são muitos os fatores que influenciam nas altas temperaturas registradas em Americana. Entre eles, ela aponta a poluição atmosférica, capaz de formar uma película que dificulta que a temperatura se dissipe, formando uma espécie de estufa sobre a cidade e concentrando o calor.
Outro fator é a falta de vegetação, que é responsável pela humidade do ar e por tirar o gás carbônico e outros gases da atmosfera. “Sem vegetação a gente tem um agravamento dessas condições”, explicou Brigida.
Segundo a professora, a saída para amenizar o calor que a cidade está enfrentando, uma tendência mundial, passa pelo plantio de mais árvores, o combate ao desmatamento e a redução da emissão de poluentes na atmosfera. “São pontos cruciais para que a gente sinta a diferença”.