Saúde em xeque
HM segue com pacientes internados em macas, no corredor e na recepção
Enquanto MP investiga situação, administração diz que vai contratar profissionais e terminar reformas no prazo de um mês
Por Pedro Heiderich
29 de outubro de 2021, às 07h34 • Última atualização em 29 de outubro de 2021, às 09h54
Link da matéria: https://dev.liberal.com.br/cidades/americana/hm-segue-com-pacientes-internados-em-macas-no-corredor-e-na-recepcao-1647276/
Uma semana após denúncia do LIBERAL, os pacientes do Hospital Municipal Dr. Waldemar Tebaldi, em Americana, seguem internados em macas, no PS (Pronto-Socorro), no corredor e até na recepção. Relatos de pacientes e enfermeiros mostram que a falta de funcionários e de espaço por conta das reformas na unidade seguem afetando a qualidade do atendimento.
O MP (Ministério Público do Estado de São Paulo) e o Coren-SP (Conselho Regional de Enfermagem do Estado de São Paulo) receberam denúncias, acompanham a situação e cobram ações. A prefeitura diz que vai contratar enfermeiros e que as reformas acabam em novembro.
O setor de enfermagem do HM calcula que é necessário contratar mais de 100 profissionais para acabar com a sobrecarga dos funcionários.

Toninho Forti, presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Americana, afirma que a entidade segue analisando os relatórios e documentos entregues pela categoria para entrar com ação contra o hospital. “Estamos atentos às questões e problemas vividos pelos servidores”, frisa sobre a situação.
Na última quinta, pacientes e familiares relataram problemas no local. Rafaela Alexandra Ferreira, de 21 anos, está com a mãe, de 47, internada desde a última sexta em uma maca no PS, com mais de 20 pacientes, após cirurgia na vesícula. “As enfermeiras falaram que é totalmente perigoso, mas que não tem o que fazer”.
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Rafaela descreve a condição atual da unidade. “Está uma bagunça, lotado, não tem onde deixar mais pacientes, tem gente internada no corredor, na sala do soro, na sala de inalação. É um descaso”, desabafa.
Aline Nogueira dos Santos, 38, está internada no hospital, também no PS. Ela cita a falta de espaço e necessidade de mais alas. “Estamos jogados aos cordões, isso não pode acontecer. E com apenas um banheiro para todos e lá fora. Quem não anda depende dos outros para tomar banho”, completa.
Enfermeiros ouvidos pelo LIBERAL confirmaram, sob exigência de anonimato, que as denúncias procedem. “Não tem como dar o atendimento adequado e fazer procedimento invasivo nos pacientes internados no corredor”, conta um deles.
Os profissionais ressaltam que a sobrecarga só tem crescido com o aumento de internações. “Não tem espaço, está impossível isolar qualquer pessoa, os pacientes estão amontoados. É uma vergonha, desumano”, declara profissional.
Há ainda preocupação de que pacientes se contaminem com bactérias, infecções ou doenças respiratórias, devido à proximidade. Uma enfermeira destaca que os problemas sempre existiram, mas que nas duas últimas semanas “está bem caótico”.
Na semana passada, quando a situação de pacientes no PS e corredor foi denunciada, a prefeitura havia dito que tinha resolvido o problema, e que ele era pontual.
Prefeitura fala em contratações e fim de reforma
Procurado, o Hospital Municipal informou que na próxima quinta-feira fará um dimensionamento das equipes de enfermagem, conforme o Coren-SP determina, para os ajustes de futuras contratações. Sobre as reformas, o hospital aponta que estão em ritmo acelerado e deverão ser entregues em novembro.
Indagada a respeito dos pacientes pós-cirúrgico em macas no corredor, a prefeitura alega que a permanência no local é temporária. Já sobre o banheiro compartilhado, a administração respondeu que a distância “não é tamanha” e “não chega a ser dificuldade para encaminhar pacientes”.
Perguntado sobre os pacientes internados no corredor e recepção, e se a situação permanecerá até o fim das reformas, o HM afirma que não infringe nenhuma norma, dadas as condições da reforma, diz que todos os pacientes estão sendo assistidos e que as adequações são feitas “para assegurar o mínimo de transtorno, para os pacientes, acompanhantes e funcionários”.
A administração ressalta que a estrutura do hospital é limitada e em casos de aumento expressivo na demanda, “podem ocorrer situações de pacientes permanecerem sobre a maca, aguardando a conclusão do atendimento, mas nunca sem a devida assistência”.