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Luz nas Trevas
O homem que não deixou a escuridão apagar sua luz, tornando as adversidades impostas pela vida um belo mapa com destino às suas maiores vitórias
Por Jucimara Lima
05 de setembro de 2021, às 07h33 • Última atualização em 12 de setembro de 2021, às 09h39
Link da matéria: https://dev.liberal.com.br/cidades/americana/luz-nas-trevas-1607763/
A palavra “desistir” não existe no vocabulário de Anderson Roberto Duarte, contudo, “reinventar-se” é quase como se fosse sinônimo dele. Protagonista de uma história de superação, o atleta de 42 anos, que hoje representa o Corinthians, poderia ser apenas um deficiente visual aposentado por invalidez, obeso, sedentário e entregue a autopiedade, contudo, escolheu ser autor da própria vida e se tornou o melhor atleta brasileiro do Triatlo.
Para entender o quanto Anderson não se deixou abalar pelas adversidades, é preciso voltar no tempo e conhecer um pouco de seu passado.

Nascido em São Bernardo do Campo, ainda muito criança veio com a família para Americana. De origem simples, começou a trabalhar muito cedo. Em 2000, quando atuava como entregador, sofreu um assalto que seria um marco em sua vida. Logo depois, começaram a aparecer os primeiros sintomas da síndrome de Von Hippel-Lindau, uma doença autossômica dominante rara, que atinge 1 em cada 36 mil pessoas.
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Cerca de 5 anos depois dos primeiros sintomas veio a cegueira total. Sem conseguir enxergar nada e aposentado por invalidez, por dois anos Anderson se entregou à situação. “Estava cego, totalmente sedentário, bebia e fumava bastante. Além disso, fiquei obeso e tinha todos os exames médicos alterados”, recorda.
Foi quando veio ao mundo a filha Júlia, fruto do casamento com Karina Rossi Duarte. Nessa época ele decidiu procurar ajuda e aceitar sua condição de deficiente visual. Como muitas pessoas na cidade e região, encontrou no CPC (Centro de Prevenção à Cegueira) o apoio que precisava.
Sendo assim, por indicação de um professor, Anderson foi fazer natação, inclusive superando um trauma que tinha de água por ter presenciado um amigo morrer afogado. “Mesmo com o medo que tinha, eu encarei, porque haviam outros deficientes lá. Pela primeira vez eu vi que não estava sozinho e que o problema não estava em mim, mas na forma como eu reagiria a ele”.
Não demorou muito para Anderson começar a se destacar. Emagreceu e chegou aos 80 kg, utilizando apenas os exercícios físicos como suporte. O bom desempenho na piscina acabou conduzindo-o para outros esportes, em especial o atletismo.
Quando já estava adaptado às competições, veio outro baque: estava com um tumor na cabeça do tamanho de uma laranja. Após o susto, Anderson foi à luta passou por tratamento e cirurgia. Três meses depois da retirada do tumor, já estava de volta às competições. “Eu amo o esporte, ele é a minha vida, é o que me leva para frente”, ressalta.
Com uma história de vida inacreditável, em 2020 foi convocado para participar do Campeonato Pan-Americano de Paratriatlo que aconteceria em Sarasota, nos Estados Unidos. Esse evento poderia colocá-lo nos Jogos Paralímpicos, contudo, a pandemia que impactou o mundo veio bem nessa época. “Era hora do almoço e a prova seria no período da tarde, quando fomos comunicados que o evento estava cancelado”.
Ciente de que tinha condições de conquistar os índices que precisava, Anderson não se revolta por ter tido os planos frustrados.
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“A vida é essa. A gente tem que acreditar que tudo é possível, mas infelizmente a pandemia veio e nos impediu de poder representar o nosso país lá fora. Ainda assim, não podemos nos revoltar, porque não foi só comigo. Muita gente teve os sonhos interrompidos”, reflete. Sobre a possibilidade de estar no maior evento esportivo do mundo em 2024, ele analisa. “Nunca digo nunca, afinal, deixar de treinar não vou, então, só o futuro dirá”.
Com essa história incrível de vida, alguém duvida que ele pode conseguir?
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Crianças e Adolescentes deficientes, não há nada que os impeça. Lute pelos seus objetivos. Pais, levem seus filhos para os esportes, eles são essenciais!