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Manifestações - 10 anos depois

Movimento surgiu nas redes sociais e sofreu represálias em Americana

Primeiro encontro de grupo que iniciou os movimentos ocorreu na Praça Comendador Müller, no Centro

Por Ana Carolina Leal

18 de junho de 2023, às 09h51 • Última atualização em 19 de junho de 2023, às 10h04

O cineclubista Márcio Zagallo, de 49 anos, não lembra exatamente o dia, mas estava em casa dormindo quando o roteirista Denis Carvalho enviou uma mensagem por WhatsApp falando das manifestações em São Paulo e que gostaria de fazer também em Americana. “Eu disse que estava de boa, aposentado politicamente e que não gostaria de fazer mais nenhum tipo de manifestação”, lembra.

Meia-hora se passou e uma nova mensagem do roteirista dizia que ele havia criado um convite no Facebook para um encontro na Praça Comendador Müller, no Centro de Americana, e que já havia várias pessoas interessadas em participar.

Protesto em Americana reuniu milhares e foi até o Paço Municipal – Foto: João Carlos Nascimento / Liberal 20.6.2013

“De fato, aconteceu esse primeiro encontro na praça, muitas pessoas interessadas, mas também tinha muitos assessores políticos naquela época. Não estava filiado a nenhum partido, o Denis também acho que não, mas conhecíamos as pessoas que tinham interesse político nesse encontro”, comenta Zagallo.

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Segundo o cineclubista, as manifestações em Americana tiveram como alvo a gestão do então prefeito Diego De Nadai. “Tínhamos conhecimento, pelo próprio LIBERAL, inclusive, de que a cidade estava passando por uma fase crítica, com funcionários fantasmas, superfaturamentos e obras inacabadas, entre outros. Focamos, então, nessas questões, além do transporte”, diz.

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E deu certo porque vieram as represálias, recorda o cineclubista. “Sofri represálias, o Denis sofreu, soltaram rojão na casa dele, picharam a casa. Tivemos amigas que perderam a guarda dos filhos porque os maridos não queriam que fizessem a manifestação. No meu caso, falaram para minha mãe, uma idosa, que se não parasse, iria me machucar. Minha mãe sofre até hoje com problemas psicológicos decorrentes disso. Então, tivemos que parar”.

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Zagallo, no entanto, diz que tudo valeu a pena. “O prefeito foi cassado, depois entrou o Paulo Chocolate [prefeito interino], mas as manifestações continuaram e ele não conseguiu se manter. E Americana voltou a trilhar com bons que não pensam só neles”.

Para o roteirista Denis Carvalho, existe um Brasil antes e depois de 2013.

“Nossa geração ficará marcada com tudo o que aconteceu, nossos erros, acertos e aprendizados. O cenário político foi abalado e mudou completamente. Mais um golpe de estado nasceu e só agora estamos conseguindo aos poucos restaurar um tanto do que foi perdido da nossa frágil democracia”.

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