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8 de Agosto de 2019 Atualizado 13:56
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Em prol da represa

Municípios dizem investir em construção e ampliação de ETEs para frear poluição de represa

Qualidade da água da represa monitorada pela Cetesb desde 2017 é classificada como “boa” de acordo o IQA

Por Ana Carolina Leal

08 de agosto de 2021, às 08h14

Os 13 municípios que drenam seus resíduos domésticos para os corpos d’água formadores da Represa de Salto Grande, em Americana, afirmam investir na construção ou ampliação de ETEs (Estações de Tratamento de Esgoto), bem como implantação de tubulações e conexões para expansão da rede na tentativa de frear a poluição do reservatório.

No dia 20 de julho, o prefeito de Americana, Chico Sardelli (PV), fez um apelo aos chefes das prefeituras da RMC (Região Metropolitana de Campinas) para que ampliassem os índices de tratamento de esgoto em seus municípios a fim de reduzir a poluição das águas de Salto Grande, que é formada pelo represamento do Rio Atibaia.

A Cetesb (Companhia de Saneamento Básico do Estado São Paulo) diz fazer gestões junto às prefeituras das 13 cidades para a ampliação dos sistemas de esgotamento sanitário e de tratamento de esgotos e melhoria da eficiência dos sistemas de tratamento na remoção de matéria orgânica.

 Trecho da Represa de Salto Grande, em Americana; local é formado por águas do Rio Atibaia e sofre influência de cidades vizinhas – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

Entre 2000 e 2015, segundo a companhia, houve uma redução de 60% da carga poluidora orgânica remanescente, lançada nas águas da bacia do Rio Atibaia, devido à ampliação da coleta e tratamento de esgoto e da evolução da eficiência de remoção das ETEs, mesmo com o aumento populacional acima da média estadual.

A qualidade da água da represa monitorada pela Cetesb desde 2017 é classificada como “boa” de acordo o IQA (Índice de Qualidade de Água). O principal problema do reservatório, segundo a companhia, consiste na eutrofização de suas águas, um processo de poluição que acarreta no crescimento de plantas aquáticas.

Esta situação, explicou a agência ambiental, decorre do aporte significativo de cargas de fósforo de origem dos sistemas de tratamento de esgotos e de origem difusa. Nos períodos de estiagem, as vazões reduzidas naturalmente tornam o processo de recuperação da qualidade da água na bacia do Atibaia um importante desafio de gestão dos recursos hídricos.

Para o promotor de Justiça, Ivan Carneiro Castanheiro, do Gaema (Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente), a solução para a despoluição da Represa Salto Grande é mais de ordem política do que jurídica, embora esta também seja um dos caminhos.

No entendimento dele, a melhor alternativa seria a implantação de estações de tratamento de esgoto nos municípios que ainda não têm ou a melhoria das já existentes, instalando o sistema terciário de tratamento, o qual remove nitrogênio e fósforo – nutrientes responsáveis pelas plantas aquáticas, como os aguapés. “Nesse sentido, é fundamental que a Cetesb cobre dos municípios e das concessionárias o adequado tratamento de esgoto”.

Docente da Faculdade de Tecnologia da Informação da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Laura Maria Fais, afirma que o mais efetivo seria trabalhar com o tratamento dos efluentes que são lançados nos cursos d’água.

“Mesmo que exista um tratamento específico que amenizasse a situação só ali no reservatório, não sei o quanto isso seria viável economicamente. Além disso, seria uma solução muito pontual e de curto prazo talvez. Acho que se fizerem algo a médio e longo prazo, o mais efetivo mesmo seria o tratamento dos efluentes que são lançados ali”.

Ações

A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) é responsável pelo tratamento de esgoto em seis cidades que influenciam nas águas de Salto Grande: Paulínia, Jarinu, Pedra Bela, Piracaia, Pinhalzinho e Itatiba.

A companhia diz investir continuamente nos municípios para ampliação e manutenção dos serviços e coleta e tratamento. Os municípios de Itatiba, Paulínia, Piracaia e Pinhalzinho já têm esses serviços universalizados.

Em Itatiba, está sendo realizada a ampliação da ETE com previsão de término no início de 2024. Pinhalzinho também vai receber duas ETEs compactas e terá a já existente ampliada. E em Piracaia, a Sabesp também realiza a implantação de tubulações e conexões para a expansão do atendimento em 11 bairros. Os serviços seguem até 2034.

Em Jarinu estão em desenvolvimento projetos para expansão do sistema de esgotamento sanitário na bacia do córrego Maracanã. A ação vai beneficiar principalmente a região do Maracanã e do Jardim Primavera. Em Pedra Bela, está em andamento a implantação da ETE compacta com previsão de conclusão para até o final deste ano.

A Prefeitura de Vinhedo afirmou que as duas estações operam com eficiência acima de 90% e que essa qualidade será aprimorada com a ampliação e modernização da ETE Pinheirinho. Em Atibaia, a administração destacou que o plano é tratar 100% do esgoto até 2025.

Campinas disse que trata 92% do esgoto coletado e mantém duas estações de tratamento de esgoto e produção de água de reuso que devolvem para o rio uma água com 99% de grau de pureza.

Em Jaguariúna, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente prevê obras de ampliação da ETE Vila Primavera, ETE Camanducaia e de emissários de esgoto. E que hoje, o município tem 82% de esgoto tratado na cidade.

Americana disse que o município não possui lançamentos de esgotos diretos para a represa de Salto Grande. Afirmou que a bacia de contribuição do reservatório é atendida pelo sistema de esgotamento sanitário da Praia Azul, que é composto por redes coletoras, estações elevatórias de esgoto e uma ETE, que recebe e faz o tratamento dos efluentes gerados naquela região, atingindo médias de 90% de remoção orgânica.

A outra parte da bacia, na região da Praia dos Namorados, também é atendida por coleta e afastamento de esgotos, com os resíduos encaminhados para a ETE Carioba, que lança o efluente final pós-tratamento nas águas do Rio Piracicaba.

Para manter a operacionalidade do sistema, a prefeitura afirmou que o DAE (Departamento de Água e Esgoto) mantém equipes ativas para realização de manutenções preventivas e corretivas, evitando ao máximo que efluentes sem tratamento cheguem às águas da represa.

As prefeituras de Nazaré Paulista e Valinhos, que segundo a Cetesb, também contribuem com a poluição da represa, não se manifestaram.

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