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Só por mais um dia feliz!
Criado em 2014 por casal americanense, projeto social ALEC tem como proposta mostrar um mundo diferente para as crianças, adolescentes e jovens da comunidade do Parque da Liberdade
Por Jucimara Lima
25 de dezembro de 2021, às 11h58 • Última atualização em 27 de dezembro de 2021, às 07h09
Link da matéria: https://dev.liberal.com.br/cidades/americana/so-por-mais-um-dia-feliz-1684155/
Quando o casal Fernanda Câmara, de 39 anos, e Willian Rodrigo, de 43, foi trabalhar na região do Parque da Liberdade em 2014, eles não apenas transformaram a realidade da comunidade ao redor, como também a própria. Com a criação da Alec (Associação Livres em Cristo), eles deixaram para trás o trabalho como fotógrafos e passaram a se dedicar unicamente ao projeto social cujo fundamento é cristão.
Fernanda conta que na época em que Willian iniciou o trabalho como pastor na comunidade, enquanto ele ministrava na igreja, ela ficava do lado de fora observando o movimento das crianças na rua, convivendo diretamente com a violência e o tráfego.

“Enquanto para aquelas crianças era normal esse cenário, para mim foi um choque”, recorda ela que até então só se lembra de ter visto algo parecido nas reportagens de TV e filmes.
A partir daí, eles, que têm uma filosofia de que aquela realidade que incomoda é justamente a que se deve buscar transformar, passaram a agir.
“Eu não posso só jogar culpa nas pessoas. É um problema social, econômico, político, mas e aí? Se não faz parte da minha realidade eu vou para casa viver a minha vida linda e feliz? É assim que tem que ser? A gente acorda, sai para trabalhar, paga as contas, viaja, daqui a pouco morre e acabou? Onde fica o sentido da vida? Pensávamos ter que haver um sentido a mais e aqui nós descobrimos que o sentido está em ajudar o outro.”
Trabalho da ALEC
Durante esses sete anos de atuação a estimativa é de que a Alec já tenha atendido mais de 1.750 pessoas. Antes da pandemia a ação chegou a ter 20 cursos como ballet, informática, culinária, música, maquiagem, dança de rua, alfabetização adulta e muitas outras atividades que além de tirar as crianças das ruas, tiraram adolescentes e até pais.
“Alguns se tornaram voluntários, deixaram de beber. Ao notarem os filhos engajados, sentiram mais esperança na vida. Aqui é um celeiro muito grande, um plantio especial, sementes que a gente planta e algumas já estão dando frutos, como uma garota selecionada em um processo seletivo após passar por nossa oficina de informática” diz a voluntária.
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Apesar de ter entregue alguns prédios onde o projeto funcionava devido à pandemia, para 2022, já são 10 oficinas confirmadas, entre elas a de fortalecimento de vínculo com a proposta de ensinar sobre a vida familiar.
Pandemia.
Assim que a pandemia estourou, em março de 2020, a Alec parou. Apesar do susto do primeiro impacto, não demorou muito para alguns voluntários voltarem ao trabalho para atuar na Marmita Solidária, ação que desde então, oferece todas as quintas o jantar para moradores da região.
“As pessoas estavam desesperadas para comer. A fome é uma realidade aqui. Elas vinham com potinho não mão, esse momento foi muito triste para nós. Aí pensamos: ‘Não vamos morrer em casa, vamos morrer na rua ajudando as pessoas’”, diz.
Nessa época chegaram a distribuir mais de 1 tonelada de comida em um mês. Atualmente seguem com o projeto, distribuindo 500 marmitas por semana.
Além da Marmita, ao longo da pandemia diversas outras ações movimentaram a comunidade e comprovaram a força transformadora do amor, inclusive a construção de uma escola em Guiné-Bissau, na África, um dos países mais pobres do mundo. Para o pastor Willian, tudo isso só é possível graças a rede de voluntários e doadores.
“Você pode ter o dinheiro na mão, mas se você não tiver uma equipe de voluntários que assuma a causa, que entenda a visão do projeto, com certeza você não faz nada.”
Além disso, Fernanda acrescenta. “Nós acreditamos em um envolvimento divino no processo porque têm coisas que não se explica. A palavra-chave aqui é equipe, as pessoas são fundamentais e são elas que fazem a diferença.”
Fechando o ano, a associação promoveu duas festas de Natal para crianças atendidas no projeto, ambas na própria sede, com direito à ceia, Árvore da Gratidão, brincadeiras e guloseimas.
O Ivan Maia está sempre Virando a Chave e quer te ajudar a fazer o mesmo em seu blog no LIBERAL.
Com a temática “Natal é Luz”, Fernanda explica que a proposta foi mostrar para eles que o menino Jesus nasceu para trazer luz ao mundo e que eles também são especiais.
“Todos são luzes que precisam brilhar”, finaliza ela que diz não ter a pretensão de mudar o mundo. “É só por mais um dia feliz”.