Cidades
Imprudência e cultura colaboram para acidentes fatais, dizem especialistas
Infraestrutura ruim de ruas, avenidas e calçadas também é criticada
Por Cristiani Azanha
30 de julho de 2023, às 09h01 • Última atualização em 30 de julho de 2023, às 09h22
Link da matéria: https://dev.liberal.com.br/cidades/imprudencia-e-cultura-colaboram-para-acidentes-fatais-dizem-especialistas-1997106/
Especialistas ouvidos pelo LIBERAL afirmam que a falta de cultura por um trânsito seguro e a consequente imprudência de motoristas colaboram para situações como as que colocam idosos como vítimas de atropelamentos.
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João Batista Biagioni, engenheiro civil e ex-secretário de Transportes e Sistema Viário de Americana, considera a necessidade de se investir em melhores condições das vias como uma das formas para evitar atropelamentos graves e fatais, principalmente, envolvendo os idosos.
“O poder público precisaria pensar mais no idoso, para lhe garantir um envelhecimento com qualidade de vida. Nas calçadas das ruas há buracos, ou invasão de raízes de árvores, dificultado a vida dos pedestres que muitas vezes precisa caminhar pela rua, ficando mais vulneráveis a atropelamentos”, explica.
Biagioni também defende uma legislação mais severa com relação aos cuidados em relação à mobilidade urbana.
“Pelo menos 90% dos acidentes de trânsito, na verdade, não são acidentes. É falta de respeito à sinalização, ou imprudência. Hoje, o nosso motorista se tornou muito agressivo e também abusa da velocidade. Assim como a seta, que ‘deixou’ de ser um item de fábrica, mas um acessório. Ninguém usa”, relata.
O pesquisador Creso de Franco Peixoto, professor da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp, explica que no trânsito é necessário proteger a preferência do mais frágil.
“Com relação a pedestre idoso, cada caso tem uma particularidade, mas em linhas gerais, o idoso nem sempre consegue ter o cuidado máximo na rua devido às possíveis restrições de mobilidade, audição e outras questões patológicas. Sendo assim, há aumento de risco a atropelamentos. Por outro lado, o motorista não leva em conta o risco do atropelamento”, afirma.
Para Peixoto, o trânsito no Brasil é bem diferente de países como o Japão, por exemplo. “Se em Tóquio uma idosa transitar de bicicleta e atrás estiver um ônibus, certamente terá um espaço enorme entre eles. Caso perguntássemos ao motorista sobre o motivo, ele iria falar que a idosa à frente pode cair e, se isso acontecesse, teria tempo para parar o ônibus e socorrê-la. O mesmo não aconteceria no Brasil”, comenta.