NOVA GERAÇÃO
Americana tem mais da metade da frota de veículos elétricos e híbridos da RPT
Número de carros do tipo emplacados na região mais do que triplicou nos últimos dois anos, mostram dados de secretaria nacional
Por Ana Carolina Leal
19 de março de 2023, às 08h11 • Última atualização em 19 de março de 2023, às 08h38
Link da matéria: https://dev.liberal.com.br/cidades/regiao/americana-tem-mais-da-metade-da-frota-de-veiculos-eletricos-e-hibridos-da-rpt-1926372/
Americana concentra mais da metade dos veículos elétricos da RPT (Região do Polo Têxtil), segundo dados da Senatran (Secretaria Nacional de Trânsito). No ano passado, o município tinha 293 carros híbridos ou exclusivamente elétricos. Ao todo, a região somava 580.
Apesar dos números, a frota de carros deste tipo é ínfima perto do total. Os cinco municípios da RPT – Americana, Santa Bárbara d’Oeste, Nova Odessa, Sumaré e Hortolândia – tinham juntos, no ano passado, 725.932 veículos, incluindo os modelos elétricos e híbridos.
Mesmo a quantidade de carros elétricos e híbridos ainda ser pequena na comparação com a frota total, a busca por esses tipos de veículos vem crescendo ano a ano. Na região, por exemplo, o número passou de 75, em 2019, para 580, em 2022, resultado quase oito vezes maior.
Presidente da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), o economista Adalberto Maluf afirma que o crescimento de carros híbridos e elétricos ocorre no Brasil como um todo, mas o Estado de São Paulo, em especial a capital e o interior, têm registrado um aumento maior.
“De um lado, provavelmente pela pequena ampliação da estrutura de recarga, que de alguma maneira já dá um pouco mais de segurança para possíveis clientes e, por outro, por termos uma estrutura industrial ainda muito grande, com empresas com agenda ESG”, comenta.
A sigla ESG é um termo em inglês que significa environmental, social and governance. Trata-se de um conjunto de padrões e boas práticas que visa definir se uma empresa é socialmente consciente, sustentável e corretamente gerenciada.
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É o caso da rede de supermercados São Vicente. O grupo tem três carros elétricos desde julho do ano passado e pretensão de aumentar a frota com a aquisição de mais três nos próximos meses. Gestora de pessoas e ESG da empresa, Luciana Bueno afirma que o que motivou a compra dos veículos foi o compromisso com a agenda sustentável.
“O grupo vem traçando formas sustentáveis para as operações, desde a eficiência energética das lojas com uso de fonte renovável, destinação correta de itens poluentes e apoio às cooperativas de reciclagem”, afirma.
Segundo Flávia Consoni, professora do Departamento de Política Científica e Tecnológica e do Instituto de Geociências da Unicamp, o movimento que está por trás desse crescimento do setor elétrico é o da transição energética, que busca pela baixa ou zero emissão na área de transporte.
“Há um movimento crescente de avançar na descarbonização da economia, em compromissos que buscam pelo NET Zero [zero emissões de gás carbônico] em 2050. O setor de transporte é responsável por parte destas emissões de gás carbônico e a transição para os veículos elétricos é parte desta solução”, explica.
Na lista de fenômenos que movem a compra de um veículo elétrico também estão motivação econômica, tecnologia e conectividade. “Veículos que rodam muito, e sobretudo se estiverem relacionados ao abastecimento vinculado à geração fotovoltaica, acabam sendo mais econômicos a longo prazo”, comenta Flávia.
De acordo com o presidente da ABVE, um veículo elétrico economiza 80%. “Se gasta R$ 1 mil por mês com gasolina, provavelmente, vai gastar cerca de R$ 200 de energia para rodar a mesma quilometragem. E se for um caminhão, desembolsa R$ 1 mil em diesel e gasta cerca de R$ 300 sendo elétrico. E ônibus também tem cerca de 60% de economia”.
Onde recarregar
Em Americana, motoristas têm três endereços para recarregar o veículo. Um deles é o da Azimuth Renováveis, na Avenida São Jerônimo.
A empresa foi fundada em 2019 pelo empresário Fernando Luiz de Castro Junior, sendo a primeira a oferecer o sistema de recarga na cidade.
“Como a gente tem essa veia de sustentabilidade, deixamos o carregador disponível, sem custo, de segunda à sexta-feira, em horário comercial, e aos sábados, até meio-dia”, explica. Cada veículo leva, em média, quatro horas para recarregar por meio do sistema disponibilizado pela Azimuth.
Junior diz, no entanto, que o tempo pode chegar a 18 horas se a recarga for por meio de uma tomada comum e ser feita em 40 minutos com um aparelho de porte maior, como o encontrado no Posto Graal, na Rodovia dos Bandeirantes (SP-348), em Santa Bárbara d’Oeste.
Os outros pontos em Americana ficam na Rua Germano Giusti, no Jardim Paulista, no MLK Soluções Automotivas, e na Avenida Cillos, no Parque Universitário, no Inntag – Energia Solar. Em média, um veículo elétrico precisa ser recarregado a cada 300 quilômetros rodados.
Mais acessíveis
Há cerca de dois anos, a venda de elétricos estava focada nos veículos de luxo, os SUVs, afirma o presidente da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico). De acordo com Maluf, ainda que o número em disparado sejam os utilitários, os modelos comercializados agora não são só os de luxo. Os médios e menores também têm tido saída.
“Observamos também um crescimento muito grande de veículos mais baratos sendo utilizados por empresas e por aplicativos. São pessoas que usam para perfil mais urbano, que rodam mais”, destaca.
Segundo a professora Flávia Consoni, que coordena o curso de extensão em Mobilidade Elétrica pela Extecamp (Escola de Extensão da Unicamp), o Brasil vive um cenário bastante específico quando se fala em veículos elétricos.
“Por aqui, a evolução deste mercado considera também os veículos híbridos, ou seja, o carro que combina o motor à combustão interna mais motor elétrico, mas que não se conecta à rede elétrica”, explica. Flávia afirma que, atualmente, se nota uma presença marcante dos veículos híbridos, porém, são soluções de menor emissão.
Em Americana, a concessionária Maggi oferece carros da Toyota, marca pioneira na tecnologia híbrida. Entre os modelos zero quilômetro disponível para venda estão o sedã Corolla e o SUV Corolla Cross. Ambos são de fabricação nacional e os primeiros híbridos no mundo com tecnologia flex.
Consultor de vendas da Maggi, Hélio Rojas diz que a procura por veículos híbridos tem aumentado com a alta constante dos preços dos combustíveis e também por conta da preocupação com meio ambiente.
“Além do baixo consumo de combustíveis fósseis, esses modelos contribuem com o baixo nível de ruídos e poluentes jogados na atmosfera”.
ELÉTRICO X HÍBRIDO
Veja as vantagens e desvantagens de cada modelo, segundo Hélio Rojas, consultor de venda de veículos
CARRO ELÉTRICO
Vantagem
Do ponto de vista ecológico, é mais eficiente do que a tecnologia híbrida, pois não tem um motor a combustão para poluir, fazer barulho e consumir combustível fóssil.
Desvantagem
A autonomia é limitada, uma vez que a carga sendo consumida, é preciso esperar a bateria ser recarregada para seguir viagem.
CARRO HÍBRIDO
Vantagem
Autonomia segundos após o abastecimento; carrega a bateria apenas rodando, o que é chamado de energia regenerativa infinita.
Desvantagem
Na estrada, ele é menos econômico do que
na cidade porque prevalece o motor a combustão por trabalhar em um regime de rotação mais alta.