Energia elétrica
Bandeira vermelha encarece em 12% custos de produção da indústria têxtil
Aumento na conta da indústria engloba taxa tarifária extra de R$ 9,492 e impostos, de acordo com levantamento do Sinditec
Por Natália Velosa
29 de agosto de 2021, às 07h58 • Última atualização em 29 de agosto de 2021, às 08h02
Link da matéria: https://dev.liberal.com.br/cidades/regiao/bandeira-vermelha-encarece-em-12-custos-de-producao-da-industria-textil-1601179/
Com as contas de luz na bandeira vermelha patamar 2, as indústrias têxteis da região enfrentam um aumento de 12% nas contas finais. A estimativa é do coordenador do Departamento de Assuntos Energéticos do Sinditec, sindicato das indústrias têxteis de Americana e região, Laerte Dell’Agnezze. “É um reajuste significativo, considerando a energia e os impostos finais”, diz.
No mês de agosto, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) definiu uma taxa extra de R$ 9,492 o valor da bandeira tarifária vermelha patamar 2 para cada 100kWh consumidos.
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O custo é 52% maior do que o valor cobrado da taxa em junho, que era de R$ 6,24, e pode ter um novo reajuste. Nesta semana, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a taxa extra na conta de luz deve sofrer um novo aumento em função da crise hídrica no País.
Segundo Laerte, as indústrias são as mais prejudicadas, porque não conseguem fazer o repasse por conta da competitividade de mercado. “No fundo acaba tendo um repasse, ou por conta do comércio, ou dos varejistas. Mas são os consumidores finais quem pagam”.

O proprietário da Consagradus Confecção, Tiago Silveira, diz que gasta energia elétrica durante 15 horas por dia com ferro de passar industrial, máquinas de costura e de bordado, além do uso lâmpadas e ar condicionado. Os lucros, entretanto, já estavam afetados pelo aumento de custo nos materiais de produção, e a bandeira tarifária dificultou ainda mais a situação.
“O que a gente pode realmente fazer é aguentar o calor e manter o ar desligado, mas as máquinas não dão para desligar, senão temos outro problema de falta de faturamento”, lamenta.
O mesmo acontece com o proprietário da confecção Moniklatan, José Roberto. Ele conta que o aumento da taxa tem afetado diretamente nos lucros em cerca de 30%, já que não consegue realizar o repasse. “O mercado já está bem difícil, se eu colocar um centavo a mais no preço da peça eu já não consigo vender”, diz.
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A justificativa para o acionamento da bandeira vermelha está ligado a crise hídrica que o País enfrenta. Com o baixo nível nas bacias hidrográficas, é preciso acionar as usinas térmicas, que possuem um custo de produção mais caro – que acaba sendo repassado ao consumidor.
A bandeira vermelha está acionada desde maio, quando foi determinado o patamar 1. O custo extra era de R$ 4,169 para cada 100kWh consumidos. De acordo com a Aneel, abril marcou o fim do período de transição entre as estações úmida e seca nas principais bacias hidrográficas do SIN (Sistema Interligado Nacional). O balanço hidrológico do período úmido 2020-2021 resultou no pior aporte hidráulico da história do SIN, medido desde 1931.
Comércio
Apesar de não sofrer com o repasse das indústrias, o setor varejista também sofre com a taxa tarifária na conta de luz, que representa uma grande parte das despesas.
De acordo com o presidente do Sincomercio, (Sindicato dos Comerciantes de Americana, Nova Odessa e Santa Bárbara d’Oeste), Vitor Fernandes, o setor mais impactado é o da alimentação, como açougues e supermercados, em função do uso de refrigeradores, fornos e outros equipamentos.
“Ainda assim, a intenção, nesse primeiro momento, é que o empresário absorva os custos, evitando repassar o aumento no preço do produto ao consumidor”, diz o presidente.
*Estagiária sob supervisão de Bruno Moreira e Talita Bristotti