EVOLUÇÃO POPULACIONAL
Mães da região têm filhos mais velhas, aponta levantamento
Objetivos pessoais e inserção no mercado de trabalho são apontados como causa
Por Gabriel Pitor
05 de março de 2023, às 08h42
Link da matéria: https://dev.liberal.com.br/cidades/regiao/maes-da-regiao-tem-filhos-mais-velhas-aponta-levantamento-1919421/
Um levantamento em dados da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) apontou que as mulheres da RPT (Região do Polo Têxtil) estão tendo filhos em idade mais avançada. Em 2021, último ano com dados disponíveis para a pesquisa, a idade média de fecundidade na região era de 28,7, ao passo que em 2010 era de 27,4. A análise foi feita pela pesquisadora Lúcia Mayumi Yazaki, da fundação.
O aumento também pode ser verificado na taxa de fecundidade por faixa de idade. Esse índice calcula o número de nascimentos para cada mil mulheres dentro de um recorte etário. Em 2010, a taxa era de 32,9 entre mulheres de 35 a 39 anos – ou seja, a cada mil mulheres dentro dessa faixa de idade, foram registrados 32,9 nascimentos. Já em 2021, o índice para este mesmo grupo foi de 40,8.
Também houve um aumento na quantidade de mães com 40 a 44 anos. No espaço de 11 anos, a taxa subiu de 8,1 para 12. Por outro lado, o índice apresentou queda entre as mulheres de 15 a 19 anos, de 20 a 24 anos e de 25 a 29 anos.
“As mulheres estão tendo mais acesso à escolarização, elas querem ter a sua própria carreira profissional. A mãe, dona de casa, como era antigamente, já não existe mais. Hoje as mulheres têm uma outra perspectiva de vida. Então elas se planejam para ter filhos e por isso a cada levantamento temos um aumento na idade média de fecundidade”, afirma Lúcia.
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A faturista Rosângela Botassini Margutti, de 35 anos, moradora de Americana, foi uma dessas mães que se planejaram para a maternidade no ano passado. Gael é o segundo filho de Rosângela com Junior Margutti, 39, já que eles também tiveram a Sara, hoje com 12 anos. O intervalo entre os dois nascimentos se deu pela busca pela estabilidade.
“Os principais motivos foram a faculdade e o trabalho. Eu tinha que levar a Sara na faculdade quando ela era menor e isso era complicado. Então, eu combinei com o meu marido que para ter mais um filho a gente tinha que estabilizar, deslanchar na carreira e ter uma condição financeira que eu pudesse me demitir do trabalho para cuidar da criança. E foi o que eu fiz”, conta Rosângela.
Outro ponto que foi levado em consideração por Rosângela é o machismo, já que muitos empregadores não contratam mulheres ou colocam empecilhos à gravidez.
“Quando uma mulher vai a uma entrevista de emprego ou quando eu ia grávida, os empregadores perguntavam o que eu iria fazer, com quem eu iria deixar as crianças. Às vezes ele nem contratam. Para os homens, eles não perguntam isso. Eu acho muito indelicado”, desabafou.
De acordo com Rosângela, se planejar para a gravidez tem se tornado cada vez mais comum entre as mulheres, uma observação que vai ao encontro das pesquisas feitas pelo Seade e por Lúcia. Nos anos 80, o Estado de São Paulo concentrava os seus nascimentos, com taxas acima de 200 filhos para cada mil mulheres, nas faixas de idade de 20 a 29 anos – o que contrasta diretamente com o atual cenário.
Entre as cidades da RPT, em 2021, Americana foi a cidade com a maior idade média de fecundidade com 29,5, superando Nova Odessa com 29,2. A média em Hortolândia foi de 28,8. Santa Bárbara d’Oeste, com 28,4, e Sumaré, com 28,3, fecham o ranking. A média do Estado foi de 28,4 anos.