Região
Na RPT, só Hortolândia está próxima da meta de vacinação infantil, diz estudo
Ministério tem índice de 95% como foco; restante da região está abaixo de 90%
Por Ana Carolina Leal
26 de março de 2023, às 09h38 • Última atualização em 26 de março de 2023, às 09h39
Link da matéria: https://dev.liberal.com.br/cidades/regiao/na-rpt-so-hortolandia-esta-proxima-da-meta-de-vacinacao-infantil-diz-estudo-1929962/
Aliadas na prevenção de doenças e mortes, as vacinas têm como principal objetivo proteger o corpo humano. Por meio delas, o sistema imunológico combate vírus e bactérias que desafiam a saúde. Na RPT (Região do Polo Têxtil), no entanto, apenas Hortolândia está muito próxima de atingir o índice de cobertura vacinal infantil preconizado pelo Ministério da Saúde, que é de 95%.
Pesquisa da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) em parceria com o Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde) mostra que o percentual do município é de 94%.
A Secretaria de Saúde de Hortolândia diz que o atestado vacinal que a cidade adota desde 2018 como parte da documentação para a matrícula escolar das crianças tem contribuído para que a cobertura esteja próxima do índice adequado.
Outro fator que tem colaborado, segundo a pasta, é que na pesagem das crianças feita pelo programa Bolsa Família, um dos critérios para as famílias beneficiadas é que elas estejam com o calendário de vacinação em dia.
Na pesquisa da UFMG, com 4.674 municípios, entre as razões apontadas para o atraso ou recusa vacinal estão desde o medo dos efeitos colaterais dos imunizantes até as dificuldades de acesso aos serviços de saúde.
Em Americana, o índice de cobertura vacinal infantil é de 88%. A Vigilância Epidemiológica atribui o resultado à falsa sensação de que a doença já não oferece risco à população. Em Santa Bárbara d’Oeste, a cobertura vacinal infantil está ainda mais baixa – 83%.
A Secretaria de Saúde do município diz que tem identificado algumas razões pelas quais alguns pais têm deixado de vacinar os filhos. Dentre elas, destacam-se os movimentos antivacinas e esquecimento em levar às crianças para serem imunizadas, situação essa que foi agravada durante a pandemia da Covid-19, período onde muitas vacinas ficaram atrasadas.
“O município trabalha com ampla divulgação e incentivo à vacinação, por meio dos canais de comunicação institucional da prefeitura, além do envio de avisos e mensagens de texto, convocando os pais com os filhos que estejam com a vacinação em atraso para comparecer às unidades de saúde e atualizar a caderneta”, alega a secretaria barbarense.
Nova Odessa e Sumaré têm os menores índices da região com 73% e 71%, respectivamente. “Tem doenças que correm o risco de voltar por causa dessa baixa cobertura”, comentou Juliana Cristina da Silva, coordenadora da Atenção Básica de Nova Odessa, citando o exemplo da poliomielite, que pode causar paralisia e até mesmo a morte.
Para tentar elevar o percentual da cobertura vacinal infantil, a prefeitura está convocando pais e responsáveis a levarem seus filhos às unidades de saúde para atualizarem as cadernetas de vacinação. Em abril, a administração pública pretende realizar um mutirão e, em 6 de maio, data do Dia D da Campanha Nacional de Vacinação Contra a Influenza, as unidades estarão abertas para aplicar todas as vacinas do calendário.
A Secretaria de Saúde de Sumaré diz que os motivos da baixa procura variam desde a percepção enganosa de parte da população de que não é preciso vacinar porque as doenças desapareceram a problemas com o sistema informatizado de registro de vacinação que por vezes é frágil.
Além das campanhas nacionais, o município também diz realizar a busca dos atrasados e convoca para vacinação. Propõe ainda estratégias de vacinação em creches, escolas e locais de frequência das crianças e conta com as redes sociais e mídias para incentivo da busca espontânea de vacinação por parte dos responsáveis.
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PESQUISA. Secretário-executivo do Conasems, Mauro Junqueira explica que os dados compilados pelo estudo foram separados por territórios. “Já visitamos todos os estados da federação, conversamos com secretários de Saúde, prefeitos e trabalhadores que atuam na vacinação para debater as dificuldades da cobertura vacinal infantil”, comentou.
A partir da pesquisa, afirma, o conselho iniciou a publicação de uma série de vídeos com todas as doenças preveníveis com vacinação. “A gente percebeu que os profissionais de saúde que são formados passam muito rapidamente por essas questões na sua formação. Não se tem com detalhamento a questão da doença, de onde veio, quais são as causas. Os vídeos, portanto, servem de apoio para esses profissionais”.
Também estão sendo realizados seminários mensais para discutir os apontamentos da pesquisa. Esse ciclo se estende até dezembro quando será realizado um congresso para mostrar as experiências relacionadas a vacinação em cada região.
“Após tudo isso, faremos uma nova pesquisa para verificar se tudo que foi implementado resultou em melhorias. E o que podemos pleitear ao Ministério da Saúde, aos demais órgãos e à indústria para melhorar esse processo de cobertura vacinal infantil”, diz Mauro.
NO SUS. A população brasileira tem acesso gratuito a todas as vacinas recomendadas pela OMS (Organização Mundial de Saúde) – incluindo imunizantes direcionados a crianças, adolescentes, adultos e idosos. Ao todo, são mais de 20 vacinas.
No dia 27 de fevereiro, o Ministério da Saúde iniciou a campanha do Programa Nacional de Vacinação 2023. A partir de maio, o foco será a atualização do calendário vacinal infantil, com ações nas escolas.
A prioridade é aumentar os níveis de cobertura vacinal, principalmente das vacinas que compõem o calendário básico – incluindo os imunizantes contra poliomielite, meningite meningocócica conjugada, tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), febre amarela, pentavalente (difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e contra a bactéria haemophilus influenza tipo b), hepatite b e doenças invasivas causadas pelo hemófilo b, varicela, HPV, BCG (tuberculose) e Covid-19.
SEM VACINA
As 10 principais razões para o atraso ou recusa da vacinação segundo gestores, profissionais de saúde e usuários entrevistados em estudo
- Demora em voltar a unidade para completar o esquema vacinal
- Demora em procurar a unidade para tomar 1ª dose ou dose única
- Preocupação com efeitos colaterais imediatos
- Teve/conheceu ou ouviu falar de alguém com reações adversas
- População quer escolher o tipo de vacina a tomar
- Disseminação de notícias falsas em relação às vacinas
- Falta de confiança da população nas vacinas
- Usuários acham que as agulhas são muito dolorosas
- População acredita que as doenças não são motivo de preocupação
- População acredita que as vacinas não são mais necessárias
*A pesquisa da UFMG envolve 4.674 municípios, 84% do total do País; desses, 85% enfrentam atraso no esquema de vacinação das crianças