Vacinação
Pandemia reduz procura pelas vacinas de rotina em Santa Bárbara e Hortolândia
Unicef lançou um alerta para que a imunização não seja interrompida durante o isolamento social, com risco de surtos de outras doenças que podem afetar a população
Por Marina Zanaki
19 de junho de 2020, às 08h04 • Última atualização em 19 de junho de 2020, às 09h08
Link da matéria: https://dev.liberal.com.br/cidades/regiao/pandemia-reduz-procura-pelas-vacinas-de-rotina-em-santa-barbara-e-hortolandia-1236104/
A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) está afetando a vacinação de rotina em duas das cinco cidades da RPT (Região do Polo Têxtil). A situação foi observada em Santa Bárbara d’Oeste e Hortolândia.
A Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) lançou uma cartilha com recomendações aos gestores de saúde, apontando medidas para evitar que a vacinação seja interrompida durante a pandemia de Covid-19.

Em Santa Bárbara houve queda na procura por pelo menos três vacinas em maio. A maior queda foi observada na rotavírus – foram 157 doses no mês passado, contra 187 em maio de 2019 – redução de 16%.
Foram aplicadas 166 doses de pentavalente, contra 185 no mesmo período do ano passado. As doses da vacina pneumocócica tiveram redução de 183 para 169.
“Houve relativa diminuição da procura, provavelmente em virtude do isolamento social, porém as vacinas se mantêm disponíveis”, afirmou a prefeitura.
A Secretaria de Saúde de Hortolândia disse que a vacinação de rotina nos postos foi impactada pela pandemia, com redução da procura.
“O fato está relacionado com o medo de a população se expor e buscar os serviços de saúde”, avaliou a pasta.
Professor de microbiologia e imunologia da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Campinas, Thiago Miranda da Silva alertou que é responsabilidade dos municípios oferecer as condições para que a população se vacine sem medo da Covid-19.
Ele elencou medidas que podem ampliar a segurança, como separação dos locais de vacinação dos outros atendimentos, aplicação das doses em casa pelas equipes de Saúde da Família e o drive-thru.
“Além do coronavírus, outras doenças continuam circulando. E se está circulando sem vacinar população é uma bomba relógio que vai estourar”, alertou o imunologista nesta quinta.
Importância
“O foco são as crianças de até 5 anos, que recebem um número maior de vacinas e vão ficar muito expostas. Há o risco de surto de outras doenças como pólio, sarampo, rubéola, hepatite B, hepatite A. São todas doenças evitáveis que podem, nos próximos meses ou anos, voltar a explodir como consequência da falta de vacinação”, disse o professor.
A vacinação de rotina chegou a ser interrompida no início da pandemia atual para evitar que houvesse uma explosão da doença, mas foi retomada logo na sequência.
“No curto, médio e longo prazo, as consequências [da interrupção da vacinação] podem ser mais graves do que as causadas pela pandemia”, alertou a Unicef.
As prefeituras de Americana, Nova Odessa e Sumaré informaram que não registraram queda na procura pela vacinação de rotina.
Podcast Além da Capa
A pandemia do novo coronavírus completa três meses com a certeza de representar o maior desafio da carreira de gestores públicos em saúde, como é o caso dos secretários que atuam em cidades da região. Nesse episódio, o editor Bruno Moreira conversa com os responsáveis pelas pastas em Americana, Santa Bárbara e Nova Odessa sobre a experiência forjada pela crise.