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8 de Agosto de 2019 Atualizado 13:56
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Manifestações - 10 anos depois

Virada nos atos veio após depredações e violência policial na capital paulista

Na região, rodovia foi bloqueada e sede da Câmara Municipal de Sumaré foi atacada por vândalos

Por Ana Carolina Leal

18 de junho de 2023, às 10h07 • Última atualização em 19 de junho de 2023, às 10h12

Os atos de junho tiveram início no dia 2 daquele mês, em 2013, quando passou a vigorar na cidade de São Paulo um reajuste de R$ 0,20 para as tarifas do transporte público— na época, a passagem custava R$ 3. No dia seguinte, ocorreram os primeiros protestos.

Três dias depois, o MPL (Movimento Passe Livre) realizou uma manifestação na Avenida Paulista contra o reajuste. Na mesma data, manifestantes ocuparam a Avenida Presidente Vargas, no Rio de Janeiro, também para protestar contra as tarifas.

Manifestações em São Paulo transformaram avenidas em zonas de conflito – Foto: Fábio Motta / Estadão Conteúdo / 13.6.2013

A virada dos atos aconteceu entre os dias 11 e 13 de junho. O quarto protesto em São Paulo foi duramente reprimido pela Polícia Militar. A ação, em meio a pancadarias e tiros de bala de borracha, deixou vários feridos, entre eles jornalistas. Desde então, o movimento se alastrou por todo Brasil, inclusive, com a participação de grupos radicais e encapuzados, como os black blocs.

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Segundo Otávio Catelano, pesquisador de doutorado em ciência política da Unicamp, ainda se debate muito na ciência política os atos de 2013. “Uma das grandes inovações desse ato, como diz uma professora da Unicamp, Luciana Tatagiba, em um artigo publicado há alguns anos, é que diferentemente de outros protestos no Brasil, cada pessoa tinha sua própria demanda”, comenta.

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Em outras manifestações como as de 1984 pelas Diretas Já e em 1992 com o Fora Collor, explica o cientista, era sempre um grande protesto, mas com uma única demanda e com partidos organizando, daquela forma tradicional que a democracia aprendeu a construir no seu início. “Em 2013, o que a gente tinha era para cada pessoa um cartaz”, diz.

Câmara de Sumaré foi depredada por um grupo pequeno de manifestantes – Foto: João Carlos Nascimento / Liberal 25.6.2013

Para o cientista, o fato de a região ter se espelhado no Brasil com atos em todas as cidades e não só nas grandes é uma peculiaridade de 2013 porque não é comum de ser visto ainda mais de uma forma tão alastrada como foi. “Foram pessoas, espontaneamente, organizando eventos pelas redes sociais, atos nas ruas. E sem uma demanda”, conclui. 

Leia mais sobre o assunto
Junho de 2013, dez anos: como foram os atos de protesto na região
Movimento surgiu nas redes sociais e sofreu represálias em Americana

CRONOLOGIA DOS ATOS
Protestos contra a tarifa começaram na capital paulista e se espalharam pelo País; na pauta, de corrupção a cobranças por saúde e educação de qualidade.

7 de junho de 2013
Um ato contra o aumento da tarifa de ônibus organizado pelo Movimento Passe Livre em São Paulo reúne cerca de 2 mil pessoas e bloqueia a Marginal Pinheiros; há confronto com a PM.

13 de junho de 2013
Um novo protesto marca a virada dos atos de
junho. A manifestação é duramente reprimida pela PM, com bombas de gás e balas de borracha. Mais de 200 são detidos e diversos ficam feridos, inclusive, jornalistas.

18 de junho de 2013
As manifestações radicalizam com atos de violência. A Prefeitura de São Paulo é cercada, há saques e depredações na região central da capital paulista e os confrontos com a polícia continuam. Pelo Brasil, os protestos se espalham.

20 de junho de 2013
Os atos têm adesão recorde pelo País. Em Americana, ao menos 15 mil pessoas protestam na Avenida Brasil, em uma das maiores manifestações da cidade. Cerca de 500 participam em Nova Odessa.

Edição do LIBERAL de 21 de junho de 2013 – Foto: Liberal

21 de junho de 2013
Cerca de 14 mil pessoas protestam em Santa Bárbara e Hortolândia. Na primeira cidade, atos foram até a prefeitura, sem incidentes. Já na segunda, manifestantes fecharam a Rodovia Jornalista Francisco Aguirre Proença (SP-101).

25 de junho de 2013
Ato em Sumaré começa de maneira pacífica, mas descamba para a violência. O prédio da câmara é depredado e lojas da região central são saqueadas. Há confronto com a Polícia Militar e a Guarda Municipal. A partir de então, os protestos passam a perder força.

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