25 de abril de 2024

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8 de Agosto de 2019 Atualizado 13:56
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CINCO ANOS DEPOIS

Prefeitura de Santa Bárbara é condenada por morte de menina picada por escorpião

Decisão da 1ª Vara Cível determinou indenização de R$ 729 mil a pais e avós de criança de 10 anos, que morreu em novembro de 2018

Por João Colosalle

18 de março de 2023, às 08h07

Maria Eduarda morreu aos 10 anos, em novembro de 2018, após ser picada - Foto: Reprodução

A 1ª Vara Cível de Santa Bárbara condenou a prefeitura local a indenizar em cerca de R$ 729 mil a família da menina Maria Eduarda de Araújo Pigatto, 10, que morreu após ser picada por um escorpião, em novembro de 2018.

A condenação aponta que houve negligência por parte de funcionários do PS (Pronto-Socorro) Edison Mano no tratamento da criança, o que contribuiu para a morte. A prefeitura ainda pode recorrer.

Segundo relatos da época, Maria Eduarda estava dormindo na casa dos avós, no Jardim Europa, quando foi picada no pé e na mão por um escorpião. O incidente ocorreu no final da madrugada.

Informações do processo mostram que a menina foi levada pelos avós ao pronto-socorro, dando entrada na unidade às 6h15, com quadro de agitação e vômitos, sintomas que apontariam a necessidade de aplicação imediata do soro antiescorpiônico.

Apesar disso, os profissionais que atenderam a menina optaram por outras medicações. Conforme o LIBERAL revelou na época, o soro chegou a ser solicitado, no entanto, às 7h17, ao Hospital Municipal Dr. Waldemar Tebaldi, unidade referência para a medicação contra picada de escorpiões na região, a 16 km do PS Edison Mano. Maria Eduarda morreu antes de o soro chegar, às 7h45.

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A ação, protocolada pelos pais e avós da menina, começou a tramitar em 2019. A discussão no processo se deu sobre a responsabilidade da unidade de saúde em relação ao atendimento de Maria Eduarda. Para a família, houve negligência no caso. A ação citou relatos, por exemplo, de que havia três ambulâncias disponíveis para deslocamento, que não teriam sido liberadas.

Em suas argumentações, a prefeitura defendeu que “todos os protocolos médicos foram corretamente seguidos” e que o quadro da menina evoluiu de forma “surpreendentemente rápida”, fugindo das estatísticas em situações do tipo, onde a maioria das vítimas de picadas consegue ser tratada sem a aplicação do soro.

Caso gerou revolta no município, com críticas à distribuição do soro – Foto: Câmara de Santa Bárbara / Divulgação

A administração municipal ressaltou ainda que não deveria ser responsabilizada pela falta de soro na unidade, já que não era referência para este tipo de medicamento. A prefeitura também tentou imputar aos avós a responsabilidade pela situação, afirmando que a casa onde eles viviam era propícia para a proliferação de escorpiões.

Na sentença do caso, dada no dia 17 de fevereiro e publicada oficialmente no último dia 8 de março, o juiz Thiago Garcia Navarro Senne Chicarino não concordou com a contestação da prefeitura.

O magistrado usou como base laudos realizados que concluíram que não foram seguidas as normas técnicas para o tratamento da menina – ou seja, ela deveria ter recebido o soro imediatamente, já que o quadro de envenenamento progredia.

Para o juiz, houve imperícia e negligência do corpo médico do PS ao não levar Maria Eduarda para o hospital de Americana ou não obter o soro junto à unidade.

A sentença condenou a prefeitura ao pagamento de 140 salários mínimos a mãe, pai, avô e avó de Maria Eduarda, além de uma pensão mensal por cerca de 50 anos, de menos de um a dois terços do salário mínimo.

A advogada Ana Maria Franzin, que representa a família de Maria Eduarda, diz que o valor que os pais e avós da menina deverão receber não representa o valor da vida, mas entende que o objetivo é punir e evitar que outros casos semelhantes aconteçam.

Repercussão
A morte da menina Maria Eduarda causou comoção e críticas, na época, quanto à distribuição do soro a pessoas picadas na região. Após o episódio, a Prefeitura de Santa Bárbara passou a disponibilizar o soro no PS Afonso Ramos. Atualmente, ele é disponibilizado no PS Edison Mano.

Entre 2019 e 2022, a cidade teve 1.212 acidentes com escorpiões, segundo a prefeitura. O uso do soro foi necessário em 17 ocasiões.

Foi picado?
Saiba como agir em situações deste tipo, segundo o Ministério da Saúde.

O que fazer em caso de picada:

  • Limpar o local com água e sabão
  • Aplicar compressa morna no local da picada
  • Procurar orientação imediata e mais próxima do local da ocorrência do acidente
  • Se possível, capturar o animal e levá-lo ao serviço de saúde

O que não fazer em caso de picada:

  • Não amarrar ou fazer torniquete
  • Não aplicar qualquer tipo de substância sobre o local da picada, como álcool ou querosene
  • Não fazer curativos que fechem o local da picada
  • Não cortar, perfurar ou queimar o local da picada

Colaborou Cristiani Azanha

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