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Quando nada derruba um gigante: conheça a história do barbarense Leonardo Crispi
Jovem sofreu amputação de perna em dezembro e encontrou no esporte uma nova forma de viver
Por Jucimara Lima
09 de julho de 2023, às 09h03 • Última atualização em 09 de julho de 2023, às 09h05
Link da matéria: https://dev.liberal.com.br/cidades/s-barbara/quando-nada-derruba-um-gigante-conheca-a-historia-do-barbarense-leonardo-crispi-1985494/
Se tem alguém que sentiu na pele aquela velha máxima popular que diz “ano novo, vida nova”, é o barbarense Leonardo Críspi, de 20 anos. Sonhador, ele tinha planos para 2023, contudo, no dia 29 de dezembro, seu destino tomou outro rumo quando sofreu um acidente de moto indo para o trabalho, de repositor de uma empresa de minimercados de condomínios fechados.
O acidente ocorrido na Avenida Bandeirantes (o pneu furou e ele colidiu com uma árvore), não apenas mudaria seus planos para o novo ano, como também para toda a vida.
Após cinco dias de internação, três dias de UTI, oito horas de cirurgia para recuperar a safena e amputar a perna direita, ele recebeu alta e precisou recomeçar.

Extremamente forte e resiliente, se para a maioria das pessoas passar por uma tragédia pessoal como essa seria difícil, para Léo foi só mais uma barreira a ser superada.
“Em nenhum momento tive depressão, minha tia sempre falava que, na verdade, quem precisava de forças eram meus familiares e amigos. Na minha cabeça, pensava: ou sou eu, ou a perna, e, claro, sou muito mais eu”, brinca.
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Uma das pessoas que acompanharam cada passo dessa nova caminhada foi a tia Danila Críspi, digital influencer e modelo plus size, de 43 anos, que até hoje se surpreende com o comportamento do sobrinho.
“Ele é minha inspiração e apesar de jovem tem uma força que vai além do imaginável. Penso que o Léo já veio pronto. Ele tem uma força surreal, tem um carisma muito grande. Para mim ele é um baita guerreiro”, emociona-se.
Vida que segue
Alto e forte, desde criança Léo sempre manteve uma relação próxima com o esporte. Tanto que sua lista de atividades praticadas vai de futebol à natação, passando pelo karatê, vôlei e basquete, último esporte que ele praticava antes do acidente.
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Os hábitos saudáveis foram um dos fatores que contribuíram para sua rápida recuperação. “Eu comecei a andar de muleta bem antes de começar a fisioterapia, o que surpreendeu os especialistas, afinal, equilibrar quase 100kg em uma única perna não é fácil”.
Exatamente seis meses após o acidente, encontramos o jovem no Centro Social Urbano, em Santa Bárbara d’Oeste, onde há cerca de um mês treina com a equipe da Associação SBAtletismo, nas provas de arremesso de peso, disco e dardo.
O jovem conta que a princípio, não tinha interesse na modalidade, especialmente porque seu desejo era ser um velocista, contudo, como para isto seria necessária uma prótese específica – que é muito cara – iniciou os treinos e hoje gosta muito.
“Me sinto melhor a cada dia. Agora, voltei para a academia e isso ajuda bem. Meu objetivo é ir para as Paralimpíadas. Eu penso alto e um dia, na primeira oportunidade que tiver, também vou correr”, conta.
Feedback
Segundo uma de suas treinadoras, Leandra Piveta, de 44 anos, que é educadora física e faz parte dos treinadores do CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro), o rapaz tem se saído bem, não apenas por ser muito jovem e ter um excelente biotipo, mas principalmente pela mentalidade.
“Essa questão de ele não se apegar ao que aconteceu de ruim e focar no que é bom faz total diferença. Para um atleta, pensar positivo é importante e ele corre atrás do prejuízo”, pontua.
Já para seu outro técnico, Carlos Alberto Saquetto, que também faz parte do CPB e da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo), Léo, assim como os demais atletas que fazem parte da associação, são exemplos de que a deficiência não precisa ser limitadora. “Por isso é tão importante dar visibilidade para essa causa, afinal, o esporte ajuda a criar a consciência de que tudo é possível”.
O primeiro desafio esportivo do jovem será o Paresp (Jogos Paralímpicos do Estado de São Paulo), que deverá ocorrer em outubro. “Minha expectativa é me sair bem”, declara animado.
Solidariedade
Desde que esse capítulo começou a ser escrito na vida do barbarense, muitos empresários e pessoas comuns contribuíram para que de alguma forma a recuperação dele acontecesse.
“Teve gente daqui e de outros países, que nem me conhecia. Minha história acabou tocando muitas pessoas, inclusive, sou grato a todas elas, porque cada doação fez diferença na minha vida”, agradece.
Entre essas colaborações está a empresa Conforpés, de Sorocaba, e a Prefeitura Municipal de Santa Bárbara, que contribuiu para que ele tivesse acesso a sonhada prótese de perna.
“Com o valor que arrecadamos, e as parcerias, conseguimos a prótese. Agora está em processo de colocar. Não sei exatamente a data, mas estou ansioso, porque esse momento vai mudar novamente minha vida. A partir do momento que tiver minha prótese, vou ter novamente a liberdade para ir e vir sozinho”, afirma.
Questionado de onde tirou tanta força, ele próprio tem dúvida, mas também tem uma boa resposta na ponta da língua. “Não faço ideia, acho que vem de dentro de mim”, finaliza.