Centro de Memórias
Obras de Roldão de Oliveira integram acervo em Santa Bárbara
Artista barbarense nascido em 1917 produziu peças em madeira entalhada que representam rotina e simplicidade da vida na cidade
Por Isabella Holouka
01 de julho de 2021, às 07h30
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As obras do artista Roldão de Oliveira estão sendo integradas ao acervo do Novo Centro de Memórias “Historiador Antonio Carlos Angolini”, de Santa Bárbara d’Oeste. As 123 peças em madeira do artista nascido em Santa Bárbara, em 9 de julho de 1917, foram transferidas da Fundação Romi para o complexo de atendimento ao turista e serão expostas na Casa do Artesão, que leva o seu nome.

A arte alegre, ingênua e lírica de Roldão é expressa com a sobreposição de materiais e o entalhe em sucatas de madeira. Para retratar fatos e lembranças da própria vida no campo e na cidade, ele usava como ferramentas facão, martelo, alicate, tesoura, pregos, formão, serra e serrote.
Assim o artista criou espadas, baionetas, foices, arados, charretes, carroças, moinhos, bois, violas e, predominantemente, as figuras de animais. A peça mais querida pelo artesão era seu Burrinho, o primeiro que fez.
Burrinho era a peça preferida do artista – Foto: Imprensa – Prefeitura de Santa Bárbara d’Oeste Obras são alegres, ingênuas e líricas – Foto: Imprensa – Prefeitura de Santa Bárbara d’Oeste Figuras de animais estão entre as mais representadas por Roldão – Foto: Imprensa – Prefeitura de Santa Bárbara d’Oeste
Roldão de Oliveira é filho de Francisco Carlos de Oliveira e Luiza Kuerches de Oliveira. Foi casado com Elide Cunha, com quem teve uma filha, Ana Luiza. Após a aposentadoria, aos 52 anos, a madeira passou a ser o material exclusivo de suas obras como artesão. Ele iniciou com a elaboração de figuras de animais e, posteriormente, passou a usar as cores.
O artista faleceu aos 94 anos, sem realizar seu grande sonho, que era a criação de um centro cultural para expor os trabalhos de toda uma vida, que teria como principal público alvo as crianças, que ele dizia amar.
Ao LIBERAL, o secretário de cultura e turismo, Evandro Felix, contou que a denominação da Casa do Artesão em homenagem ao artista se deu através da busca por um nome que simbolizasse as raízes e a identidade de Santa Bárbara d’Oeste.
“Suas obras deixam marcas na história barbarense porque contam parte dela. São obras de um tempo onde o simplismo era vivido rotineiramente e essa simplicidade era expressada em suas cores e formas”, comentou.
O acervo que hoje está em posse da Secretaria de Cultura e Turismo foi doado em fevereiro de 2011 à Fundação Romi, por um sobrinho de Roldão, que na época era representante dos bens deixados por ele.
“Ficamos responsáveis pela guarda e preservação das obras do artista Roldão de Oliveira, conhecido por todos como Roldão. Com o novo Centro de Memórias e a Casa do Artesão, conversamos com a Prefeitura, que manifestou interesse em continuar com o trabalho de guarda e preservação das obras. Acreditamos que esta é uma ótima oportunidade para os barbarenses poderem conhecer e apreciar o belíssimo trabalho do Roldão. Nada melhor que no local que leva seu nome”, disse o superintendente da Fundação Romi, Vainer Penatti, em nota.
Expectativa de exposição
O Novo Centro de Memórias tem dois espaços, um voltado ao arquivo documental e outro ao acervo tridimensional – onde também estão preservados outros patrimônios imateriais e materiais, como filmes do antigo Cine Santa Rosa, máquinas de escrever históricas, objetos de descendentes norte-americanos doados por cidadãos barbarenses, etc.
“Todos esses objetos hoje pertencem ao Centro de Memórias e Museu da Imigração, estão alocados em nossa reserva técnica, e os objetos do senhor Roldão também serão acomodados nesse espaço”, explicou o secretário de cultura, dizendo que o local foi preparado para guardar “de maneira muito adequada, climatizada e higienizada tudo aquilo que representa a história do município de Santa Barbara d’Oeste”.
Como as obras são feitas em madeira e muitas levam materiais reciclados ou reaproveitados, é necessário muito cuidado e, às vezes, algum tratamento. Uma a uma, as peças serão acomodadas em estantes brancas – em que qualquer sinal de problema pode ser reparado rapidamente.
Considerando que a Casa do Artesão leva o nome de Roldão de Oliveira, a expectativa da secretaria é, assim que possível e permitido pelos órgãos competentes, dispôr as peças no espaço dedicado às exposições, com acesso livre da população. Segundo o secretário, a pasta também busca maneiras de tornar acessível na internet as experiências dos equipamentos culturais, com exposições virtuais.