MORRE RITA LEE
Rita Lee quase se chamou Bárbara em homenagem a Santa Bárbara d’Oeste
Cantora, que faleceu nesta segunda, tinha pai barbarense e frequentava encontro de famílias descendentes dos confederados
Por Marina Zanaki
09 de maio de 2023, às 12h23 • Última atualização em 09 de maio de 2023, às 15h17
Link da matéria: https://dev.liberal.com.br/cultura/rita-lee-quase-se-chamou-barbara-em-homenagem-a-santa-barbara-doeste-1952783/
A história da cantora Rita Lee, que faleceu nesta segunda-feira (8), aos 75 anos, teve ligações com Americana e Santa Bárbara d’Oeste. Seu pai era o dentista Charles Fenley Jones, nascido em Santa Bárbara. Ele era descendente de imigrantes norte-americanos confederados estabelecidos na região.
Já a mãe era Romilda Padula, descendente de imigrantes italianos estabelecidos em Rio Claro. Rita Lee trazia no registro o sobrenome Jones, tradicional em Americana. O “Lee” foi incluído no nome das filhas como uma homenagem do pai ao general Robert E. Lee, do exército confederado americano.
A cantora era neta do médico e industrial Cícero Jones, que imigrou dos Estados Unidos para Santa Bárbara, onde faleceu, em 1924.
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Em uma entrevista, Rita Lee revelou que quase se chamou Bárbara pois seu pai era nascido em Santa Bárbara d’Oeste. Contudo, segundo a cantora, a mãe revelou que Bárbara era o nome de uma santa virgem e mártir, e o pai então decidiu mudar para Rita. “É santa também, mas casou, teve filhos”, recordou a cantora na ocasião.
Em sua autobiografia, publicada em 2016 pela Editora Globo, a cantora conta que participava da Festa dos Confederados que acontecia em Santa Bárbara – contudo, ela cita como um evento em Americana.
“De dois em dois anos, íamos a Americana participar de um evento pra lá de surreal, em que os descendentes das famílias americanas sulistas se reuniam para um piquenique no cemitério particular deles, não muito longe da cidade (…). O mais sensacional de tudo era que todos os participantes da Reunião do Campo, homens, mulheres e crianças, deveriam ir vestidos a caráter, ou seja, com figurinos confederados da época da guerra. Alguém menos avisado que passasse por lá pensaria se tratar de um episódio da série Além da Imaginação. E tudo isso acontecia entre os túmulos com o símbolo da régua e compasso, que eu achava trata-se do material escolar dos mortos. Crescer sendo brasileira entre americanos protestantes/maçons e italianos ultracatólicos me deu uma panorâmica existencial de valores e bizarrices”, escreveu Rita Lee.
Falecimento
Ícone do rock nacional, a cantora morreu aos 75 anos, nesta segunda-feira. A informação foi divulgada pela família da artista nas redes sociais nesta terça-feira (9). Ela tratava um câncer de pulmão.
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“Comunicamos o falecimento de Rita Lee, em sua residência, em São Paulo, capital, no fim da noite de ontem, cercada de todo o amor de sua família, como sempre desejou”, escreveu a família.
O velório será realizado no Planetário do Parque Ibirapuera na quarta-feira, das 10h às 17h, e será aberto ao público. A cantora será cremada em uma cerimônia particular.
Paulistana, Rita Lee era uma estrela pioneira do rock nacional, tendo sido uma das primeiras mulheres a tocar guitarra no palco. Ela integrou o psicodélico grupo Os Mutantes entre 1966 e 1972.
Já reconhecida nacionalmente, ingressou na banda Tutti Frutti a partir de 1973, mas em 1978 deu início à carreira solo, marcada pela parceria com o guitarrista Roberto de Carvalho, com quem foi casada até seu falecimento.
Rita Lee anunciou aposentadoria dos palcos em 2012 por motivos de saúde. Em 2021, anunciou que estava em tratamento contra um câncer de pulmão, e no ano seguinte divulgou que estava curada, mas seguia reclusa em casa. Em abril, o “Altas Horas”, programa de Serginho Groisman na Rede Globo, foi inteiramente dedicado a homenageá-la.
Colaborou João Colosalle