Protocolos sanitários
Anvisa interrompe Brasil x Argentina, argentinos desistem e jogo acaba suspenso
Quatro argentinos mentiram sobre terem estado em locais de risco; Fifa determinará as etapas a serem seguidas para a definição do confronto
Por Agência Estado
05 de setembro de 2021, às 17h21 • Última atualização em 05 de setembro de 2021, às 18h55
Link da matéria: https://dev.liberal.com.br/esporte/anvisa-interrompe-brasil-x-argentina-argentinos-desistem-e-jogo-acaba-suspenso-1608160/
O clássico entre Brasil e Argentina, válido pela nona rodada das Eliminatórias, ficou marcado por um episódio incomum que gerou confusão e suspendeu a partida.
Aos cinco minutos do primeiros tempo, agentes da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e da Polícia Federal entraram em campo na Neo Química Arena, em São Paulo, para parar o jogo em razão da presença de quatro atletas argentinos (três deles titulares) que não cumpriram as regras sanitárias em território brasileiro e, por isso, não poderiam jogar.

Agora, o árbitro e o comissário do jogo enviarão um relatório ao Comitê Disciplinar da Fifa, que determinará as etapas a serem seguidas para a definição do confronto.
A operação da Polícia Federal e da Anvisa seria realizada no vestiário, mas a delegação argentina se trancou no local e afirmou que iria embora caso alguém entrasse. O jogo começou e, aos cinco minutos, a partida foi paralisada no estádio do Corinthians. Naquele momento, agentes Anvisa e da Polícia Federal conversaram com o delegado da partida para paralisar o duelo.
Depois disso teve um início uma confusão na beira do gramado. Até Messi e Neymar tentaram intervir, mas o clássico foi paralisado. Todos os jogadores da Argentina desceram ao vestiário, assim como os reservas do Brasil. Os titulares brasileiros permaneceram no gramado.
A Anvisa havia emitido uma oficial antes da partida para alertar que quatro jogadores da seleção argentina havia descumprido regras sanitárias para entrar no Brasil. De acordo com o comunicado, Emiliano Martinez, Emiliano Buendia, Giovani Lo Celso e Cristian Romero, deveriam ter sido colocados em quarentena e mandados de volta ao país de origem, pois mentiram na hora de desembarcar em território brasileiro. Três deles foram escalados entre os titulares pelo técnico Lionel Scaloni e Buendia ficou entre os suplentes.
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A Argentina enfrentou a Venezuela na última quarta-feira, na casa dos adversários, e desembarcou em Guarulhos na sexta-feira, para enfrentar o Brasil neste domingo, na Neo Química Arena. No aeroporto, os jogadores foram questionados se tiveram passagem por Reino Unido, África do Sul, Irlanda do Norte e Índia nos últimos 14 dias. Desde junho, passageiros que visitaram esses países no período de duas semanas são impedidos de entrar no Brasil, como precaução contra a disseminação da variante delta do coronavírus.
A resposta dos atletas foi negativa, mas os quatro atuaram em partidas do Campeonato Inglês entre os dias 28 e 29 de agosto. Martinez e Buendía jogam pelo Aston Villa, enquanto Lo Celso e Romero integram o elenco do Tottenham. Por isso, a entrada deles no país foi considerada ilegal, e a Anvisa notificou a Polícia Federal orientando medidas que impeçam a circulação dos argentinos.
Antonio Barra Torres, diretor-presidente da Anvisa, deu entrevista e foi taxativo ao comentar o episódio. “São quatro jogadores. Eles, ao chegarem em território nacional, apresentam a declaração de saúde do viajante. Neste documento não falava que eles passaram por um dos três países que estão restritos, justamente para a contenção da pandemia. Mas depois foi constatado que eles passaram pelo Reino Unido”, disse.
“Chegamos nesse ponto porque tudo aquilo que a Anvisa orientou, desde o primeiro momento, não foi cumprido. Eles tiveram orientação para permanecer isolados para aguardar a deportação. Mas não foi cumprido. Eles se deslocam até o estádio, entram em campo, há uma sequência de descumprimentos”, completou Barra Torres.
O Estadão apurou que a Polícia Federal acompanhou a Anvisa até o hotel onde estava a seleção argentina, em São Paulo. A delegação já havia deixado o local. Os policiais federais e a agência foram, então, para o estádio do Corinthians. No local, os jogadores foram notificados por infração sanitária, como está previsto em lei. A questão está sendo acompanhada pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério da Justiça.
Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que apoia as recomendações da Anvisa em relação aos jogadores argentinos. “O Ministério da Saúde informa que apoia e reconhece as recomendações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), autoridade em saúde responsável pelas ações de vigilância sanitária do país.”