Esportes da região
Ciclismo: família Stocco recorda seu pioneirismo em Americana
Falecimento de Marcílio resgata história dos irmãos Stocco no ciclismo de Americana
Por Gabriel Pitor
29 de julho de 2023, às 09h54 • Última atualização em 31 de julho de 2023, às 11h02
Link da matéria: https://dev.liberal.com.br/esporte/esportes-da-regiao/ciclismo-familia-stocco-recorda-seu-pioneirismo-em-americana-1996313/
O ciclismo quase não tinha praticantes quando Miguel e Marcílio Stocco chegaram a Americana, no início dos anos 1950. A família, originária do bairro de Caiubi — que na época passava por uma disputa de anexação entre Piracicaba e Santa Bárbara d’Oeste —, já tinha o irmão mais velho, Irineu, como apaixonado por bicicletas. Mas a brincadeira virou competição quando Marcílio pegou gosto pelas duas rodas e passou a participar de provas.
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Aos 16 anos, Miguel seguiu os passos de Marcílio e também começou a disputar competições — uma delas promovida pelo LIBERAL no fim dos anos 1950. A partir daí, ambos se dedicaram ao esporte por décadas, inicialmente como atletas e a partir dos anos 1980 como treinadores da equipe de ciclismo vinculada à Prefeitura de Americana. A história de pioneirismo foi relembrada no último dia 22, quando Marcílio, aos 85 anos, faleceu após ser internado com sintomas de falta de ar.
“No início, a gente não recebia um tostão. Depois de 20 anos, fomos contratados definitivamente porque a gente sempre trazia resultado. Eu treinava para ganhar, para competir, não por dinheiro. Quando a prefeitura não queria levar para alguma competição, a gente tirava dinheiro do bolso”, disse Miguel.
“Eu cheguei a fazer parte das equipes. Meu pai fazia a gente treinar na Avenida Brasil. Ele colocava um monte de placa, lanterna e o meu tio Miguel ficava maluco, tinha medo de que alguém fosse atropelar a garotada. Mas, no geral, o pessoal respeitava porque sabia que a gente não tinha lugar para treinar”, contou Reinaldo Stocco, 52, filho de Marcílio.
Nos anos como treinadores, Marcílio era responsável por caçar talentos e desenvolver atletas nas equipes de base. Já Miguel recebia, em seu time de profissionais, os ciclistas aprimorados pelo irmão e os colocava em disputa nas grandes competições.

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O trabalho bem feito rendeu até 2004 uma estante recheada de troféus na casa de Miguel. Foram 19 títulos dos Jogos Regionais, cinco dos Jogos Abertos do Interior, quatro da Taça Brasil, seis do Paulista de Elite Pista e três do Paulista de Resistência Elite.
“O trabalho do meu irmão foi excelente, ele desenvolvia a garotada e eu só dava continuidade. Sem a escolinha, não aparece atleta para a equipe principal. E ele também dava educação”, explica Miguel.
O maior legado do trabalho desenvolvido pelos irmãos foi a construção do Velódromo Municipal “Miguel Stocco” — segundo Miguel, o irmão não fez questão de que o seu nome fizesse parte da homenagem —, que fica dentro do Complexo Ayrton Senna, no Machadinho. O local é considerado uma referência estadual para competições de ciclismo.
O sepultamento de Marcílio aconteceu no último dia 23, no Cemitério da Saudade, em Americana. Ele era viúvo e deixou quatro filhos. A oficina de bicicletas que pertencia ao ex-treinador, no Jardim São Pedro, será agora administrada por irmãos e filhos.