Esportes da região
Pq. Albertina, um dos berços do futebol em Americana, completa 100 anos
Por muito tempo, casa do Clube Recreativo e Sportivo Carioba, o local recebeu jogos de futebol de 1923 até os anos 1980
Por Lucas Ardito*
02 de julho de 2023, às 10h51 • Última atualização em 02 de julho de 2023, às 22h02
Link da matéria: https://dev.liberal.com.br/esporte/esportes-da-regiao/pq-albertina-um-dos-bercos-do-futebol-em-americana-completa-100-anos-1981417/
O Parque Dona Albertina, em Americana, completa cem anos de existência neste domingo. Por muito tempo, casa do Clube Recreativo e Sportivo Carioba, o local recebeu jogos de futebol de 1923 até os anos 1980 e é um dos berços da modalidade no município, representando a cultura cariobense para além das quatro linhas.
Localizado na Rua do Caminho da Servidão, o Parque de Dona Albertina foi além do futebol, sendo um dos principais pontos de encontro para moradores de Carioba. O espaço do clube, que hoje está tomado por teias de aranha e necessita de reparos, era um local de convívio social onde eram realizados piqueniques e confraternizações – havia, ainda, academia e demais áreas de recreação.
Odair Antônio Silva, conhecido como Daio, morou por cerca de 30 anos em Carioba e viveu de perto a época do clube. “O Parque Dona Albertina, para nós cariobenses, era um celeiro, porque a gente não precisava sair de Carioba para se divertir. Era o campo do Carioba. Sempre joguei ali e só fui sair em 1975 para jogar por outra equipe. O campo era o sonho de qualquer um”, lembra.
“Ali vinha o pessoal de Rio Claro, Limeira, Jundiaí, quase todo lugar, para fazer piquenique. Isso porque o Parque Dona Albertina era um campo aberto e tinha muita coisa, tinha coreto e tudo. Mas o forte era o futebol, parava Carioba inteira para ir no campo”, completa Daio, que jogou pela equipe juvenil do Carioba.
O Carioba chegou a disputar a Terceira Divisão do Campeonato Paulista de 1968 e 1969, que era equivalente ao quarto nível do futebol estadual. Na primeira vez, chegou a disputar o triangular final junto com Sãomanuelense e Castilho, campeão e vice, respectivamente. Em 1969, disputou até a 5ª rodada, mas desistiu da competição após não conseguir se sustentar nela.

Um ex-atleta que defendeu o Carioba no estadual é Claudeney Otero, o Melado, como é chamado, afirma que a vivência no Parque Dona Albertina ajudou a moldar o homem que se tornou. “Foi uma época de muita alegria, muitos amigos e pessoas que nos ensinaram a trilhar os bons caminhos desde criança”, disse. Além disso, Carioba é o maior campeão amador do município. Em títulos oficiais, que abrangem competições organizadas pela FPF (Federação Paulista de Futebol), Liga Americanense de Futebol e Decet (Departamento de Cultura, Esporte e Turismo de Americana), são nove conquistas: 1944, 1958, 1963, 1964, 1967, 1969, 1974, 1975 e 1982.
IMPORTÂNCIA. O jornalista e pesquisador do futebol de Americana, Gabriel Pitor, ressalta a importância do Parque Dona Albertina ser mantido ao longo dos anos, mesmo que não receba mais jogos, já que é uma parte importante do futebol americanense.
“Penso que o primeiro ponto a ser destacado é a sobrevivência do campo. Americana cresceu, se desenvolveu e com isso muitos estádios e campos de futebol foram demolidos com o tempo. O Rio Branco mesmo, antes de construir o Décio Vitta, teve de vender o seu estádio na Fernando de Camargo, onde foi construída a escola Heitor Penteado. É muito difícil um patrimônio com valor histórico sobreviver ao progresso”, analisa.
Um dos que vivenciaram o Parque Dona Albertina desde a infância é Hamilton Fonseca. Seu pai, Itabajara Fonseca, conhecido como Tite, foi goleiro do Carioba nos anos 40. Hamilton relembra os tempos de clube e a rivalidade com o Rio Branco.
“Era uma rivalidade terrível, nos anos 30 e 40 era enorme. Só que a cada dez partidas, o Rio Branco ganhava nove [riu], mas a rivalidade existia sim”, disse Hamilton. No retrospecto do confronto são 30 jogos, com 20 vitórias do Tigre, cinco do Carioba, além de cinco empates.
Inicialmente, o terreno pertencia à família Müller, que cedeu a área para a montagem do clube. Em 1944, o local foi comprado pelos Abdalla e permaneceu de propriedade da família até 1976. Em 1982, o espaço foi tombado e passou a pertencer ao poder público, que o cedeu para a ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) Carioba.
Atualmente, o terreno pertence ao DAE (Departamento de Água e Esgoto) e é administrado pelo Gerdae (Grêmio Esportivo e Recreativo do DAE), um clube de funcionários da autarquia que é responsável pela área do clube. De acordo com pessoas ouvidas pela reportagem, uma nova chapa se movimenta para assumir o clube e revitalizar o espaço. *Estagiário sob supervisão de Diego Juliani