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Bem-Estar

Americanense compartilha experiência pós-bariátrica

Jean lembra que o suporte psicológico é fundamental justamente porque, em muitos casos, distúrbios como ansiedade, depressão e compulsão foram importantes no processo que o levou a ter obesidade

Por Isabella Holouka

12 de fevereiro de 2023, às 08h24

A história do comunicólogo e produtor de conteúdo americanense Jean Perez, de 35 anos, em busca de equilíbrio físico e emocional é cheia de altos e baixos. Em abril de 2019, ele foi submetido a uma cirurgia bariátrica após chegar no auge da obesidade. Após perder 102 kg, o desafio tem sido se reconhecer em seu próprio corpo e controlar as compulsões. Ele planeja uma websérie em formato documental para contar sua experiência e mostrar diferentes aspectos sobre a redução de estômago.

“Fui um adolescente normal. Na vida adulta, no início, eu engordei um pouco, mas era possível [emagrecer]. Em 2015, eu enfrento uma primeira depressão forte, e me vejo descontando mais conscientemente na comida. É o começo do fim, um problema, um comportamento compulsivo, que culmina em 2019, comigo pesando mais de 220 kg, e sendo recomendado que eu fizesse a cirurgia bariátrica”, conta Jean.

O fato de ter mais de 2 metros de altura fez com ele demorasse mais para perceber que estava obeso – mas também não facilitava os desafios do cotidiano. Enfrentar o transporte público e até mesmo a academia, que deveria contribuir para a busca por uma vida mais saudável, geravam muito desânimo.

Depois de passar mal em um evento de trabalho, fazer um checkup, constatar obesidade e outros problemas de saúde e receber indicação, Jean se preparou para o procedimento. Fez 12 semanas de acompanhamento nutricional e psicológico voltados para a “vida pós-bariátrica”, onde recebeu recomendações para diversas áreas da vida.

O procedimento, com a técnica do bypass gástrico (redução do tamanho do estômago), foi bem sucedido e Jean começou a perder peso. Continuou os cuidados com a alimentação, terapia e atividade física, e chegou a sentir-se super bem, até perceber que teria dificuldade para se reconhecer no espelho e precisaria controlar para sempre a compulsividade e a depressão.

“Hoje estou completamente diferente do que vivi por 32 anos. Então, quando sonho, é com outra pessoa, e quando me olho no espelho, não me reconheço. Tudo isso vai gerando fragmentos psicológicos a serem resolvidos. A cirurgia bariátrica não termina, ela ainda está em desenvolvimento. Quando eu faço uma semana ininterrupta de academia ou exercício físico é um comportamento compulsivo. Eu não me orgulho disso, não é romântico, nem saudável”, conta.

“É um processo individual, cada pessoa passa por situações muito particulares. Minha vida hoje é muito mais fácil porque eu sei que tenho transtornos psicológicos, compulsão e depressão. Preciso olhar e encarar com profundidade”, afirma.

Websérie
A partir de sua vivência pessoal, Jean pretende mostrar experiências de outras pessoas e opiniões de especialistas em uma websérie em formato documentário. Em fase de roteirização, o projeto terá 8 episódios com uma média de 40 minutos cada, revelou ele. A previsão é que o conteúdo seja publicado no YouTube.

“Que eu leve mais pessoas a pensarem como surgiu a compulsão, o que elas estão tentando suprir. Que as pessoas entendam que quando alguém chega no ponto de uma bariátrica, é importante tratar isso. Perder peso é fundamental, que você se sinta bem no seu corpo, também. Mas você tem uma questão emocional ou psicológica para tratar”, finaliza.

Suporte psicológico
Quase seis em cada dez brasileiros (57,25%) estavam com sobrepeso em 2021, segundo dados da pesquisa “Vigitel 2021”, realizada pelo Ministério da Saúde. De acordo com o mesmo estudo, o índice de obesidade no mesmo ano ficou em 22,35% no país.

“Esquecemos que a obesidade é uma doença grave e pode trazer consequências para a nossa saúde”, destaca Victor Pozzi Loverso, cirurgião do aparelho digestivo, que atende em Americana. “O tratamento só é efetivo se for multidisciplinar, e isso inclui acompanhamento nutricional, psicológico, atividade física e muitas vezes é necessária uma intervenção médica, com medicamentos ou cirurgia, dependendo do caso do paciente”.

O especialista lembra que o suporte psicológico é fundamental justamente porque, em muitos casos, distúrbios como ansiedade, depressão e compulsão foram importantes no processo que o levou a ter obesidade. Essas questões não são resolvidas com a cirurgia, mas através de acompanhamento com profissional. Além disso, a terapia ajuda a entender as mudanças físicas com o passar do tempo.

Com informações da Agência Brasil.

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