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Pais e Filhos

Como lidar com a angústia pela partida dos filhos?

Para especialista, transições e relações saudáveis dependem da autonomia de pais e filhos

Por Isabella Holouka

26 de junho de 2023, às 08h34

De repente eles estão crescidos e com as malas prontas para estudar, trabalhar, formar a própria família. O momento é de felicidade, afinal as mudanças também representam conquistas pessoais, mas a partir de então tudo muda, a rotina, a casa, as relações, abrindo espaço para uma mistura de orgulho e medo.

Para a psicanalista Aline Zeeberg, os pais precisam entender que os filhos são donos de suas próprias histórias – Foto: Arquivo_LIBERAL

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Para muitas famílias a nova fase é assimilada com o tempo, naturalmente. Mas, em outras, as sensações de melancolia, perda e abandono ganham proporções preocupantes. O quadro é tão comum que tem até um nome: síndrome do ninho vazio.

Muitas vezes, as mães e os pais descobrem sentimentos guardados em relação às suas próprias histórias e se perguntam o que fazer na ausência dos filhos. Os sentimentos podem se potencializar se os pais não tiverem entendimento, desde o início, de que os filhos irão procurar o caminho que desejam, porque são donos de suas próprias histórias.

O alerta é da especialista em psicologia clínica e psicanalista Aline Zeeberg, de Nova Odessa. Ela conta que muitas famílias procuram a psicoterapia e até outros tipos de ajuda quando não conseguem lidar bem com a situação.

Atentar-se ao assunto é importante porque os pais, de forma inconsciente, podem causar mal para si mesmos e para os filhos quando projetam neles as suas expectativas ou angústias. Nesta dinâmica de dependência, é comum que os filhos não se sintam empoderados para tomar as próprias decisões e seguir seus projetos de vida.

“Por isso, é importante, desde sempre, trabalhar a autonomia dos pais e dos filhos, para que essa relação e transições sejam saudáveis”, destaca a profissional. “Muitos adultos colocam as crianças no centro de suas vidas e dos seus relacionamentos. Mas o adulto precisa ter momentos para si, fazer atividades, ter seus interesses, fazer com que a criança participe da vida deles. E não que ela diga o que eles vão ser e fazer”, acrescenta.

A autonomia é fundamental, inclusive, para que os filhos tenham referências de adultos que saibam lidar com seus próprios desejos e não tenham medo deles. Ao invés de sentir a responsabilidade de ser quem mantém a vida dos pais, eles precisam se enxergar também como seres desejantes, que têm a possibilidade de ter um caminho próprio caso se encontrem sozinhos.

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Nova dinâmica. Com a distância e as novidades vividas pelos filhos, pode ser que os encontros em família se tornem mais raros. A psicóloga diz que a tendência é a falta tornar os encontros mais desejados e aproveitados, de maneira prazerosa, desde que haja respeito entre todas as partes, principalmente para mães e pais não invadirem o espaço dos filhos.

“É preciso estar atento, olhando para si mesmo. Se o pensamento de desejo de participar da vida do filho é por conta do afeto, da saudade ou pela necessidade de controle. O mais importante sempre é a comunicação, falar a verdade sobre os sentimentos, desejos e angústias. Abrir espaço para a empatia e possibilidades. Perceber que cada pessoa se encontra em uma fase da vida e que isso faz parte do crescimento e amadurecimento”, destaca.

Se a nova fase da vida familiar estiver atrapalhando o amadurecimento dos filhos ou causando sintomas graves de angústia, dificuldades na comunicação e relacionamento com outros, é importante que a família busque ajuda profissional.

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