Bem-Estar
Envelhecimento saudável
Ciência e indústria têm papel fundamental para os brasileiros viverem por mais tempo, segundo nutricionista
Por Matheus Mazzo / LVBA
04 de junho de 2023, às 10h45
Link da matéria: https://dev.liberal.com.br/mais/bem-estar/envelhecimento-saudavel-1965199/
O Brasil caminha rapidamente para deixar de ser um País de jovens. Existem mais de 30 milhões de brasileiros acima dos 60 anos de idade, o que os caracteriza como “idosos”, representando cerca de 15% da população. Por ser uma mudança recente, o assunto ainda é carregado de preconceitos e tabus. A grande maioria dessas 30 milhões de pessoas é saudável, física e mentalmente ativa, apta a fazer as próprias escolhas, se cuidar sozinha, trabalhar, viajar e ter rotinas como qualquer outro adulto.
E os brasileiros têm vivido mais por que? Segundo Kathia Schmider, nutricionista e coordenadora técnica da ABIAD – Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres, a ciência e a indústria têm um papel fundamental nesse cenário. “Nutrição, medicina, psicologia, educação física e fisioterapia são algumas das áreas necessárias para criar esse ambiente favorável ao envelhecimento saudável”, afirma.
“É importante fazer uma observação. Quando falamos em saúde do idoso não devemos considerar que essa pessoa possui as mesmas condições fisiológicas de um jovem adulto. A pessoa idosa saudável apresenta boas condições de saúde, mas seus órgãos e sistemas apresentam um certo ‘desgaste’ ocasionado pelo tempo. Com isso, pode apresentar uma ou outra doença crônica e ainda assim ser considerado saudável, pois tem autonomia e independência, realiza suas atividades de vida diária, trabalha e tem lazer”, explica a nutricionista.
A coordenadora cita dois fatores de risco bastante comuns advindos pela idade mais avançada e que podem ser controlados: a perda da massa óssea e da massa muscular. “Especialmente as mulheres após a menopausa sofrem com perda de massa óssea, que causa enfraquecimento dos ossos e aumento expressivo do risco de fraturas. Isso é fato. Porém, como cada pessoa vai entrar nesse momento depende do seu estilo de vida pregresso. Quanto mais saudável foi essa pessoa e, no caso dos ossos, o quanto de reserva de cálcio ela fez, melhor ela entra nessa fase, reduzindo riscos de acidentes”.
“Bem como a perda de massa muscular, fator que, no passado, era pouco divulgado”, explica Kátia. “Idosos perdem volume dos músculos e, consequentemente, força. Como uma das funções do sistema muscular é proteger o esqueleto, com a redução de sua capacidade, a coluna vertebral, bacia e joelhos, por exemplo, ficam mais expostos a dores, contusões e fraturas. Associado a essa perda muscular, há ainda o aumento do risco de quedas pela perda de equilíbrio, aumento da dificuldade em subir e descer escadas ou mesmo se levantar de cadeiras”, complementa.
“Voltando ao assunto da ciência e da indústria como fatores essenciais ao aumento da longevidade, os dois exemplos acima, perda das massas óssea e muscular, são situações retardáveis do estágio primário (quando não há sintomas) até o terciário (quando se atua para reduzir os prejuízos funcionais de um problema já instalado), tendo na alimentação e na atividade física seus maiores aliados”, explica a nutricionista.
Kátia recomenda dietas adequadas com reforço proteico e de alguns nutrientes, a exemplo do cálcio, somadas à atividade física, recomendações específicas para esses dois casos. “Mas essa dupla ‘alimente-se bem e mexa-se’ apresenta excelentes resultados em qualquer pessoa idosa”.
“Ao mesmo tempo, por ter fatores de risco associados ao envelhecimento, é ainda mais importante aos idosos terem uma orientação profissional para as questões nutricionais e de atividade física, como consumo adequado de suplementos alimentares, redução da ingestão de açúcar e sal e qual o tipo e intensidade de prática física mais indicada para o seu perfil, limitações e necessidades”, finaliza.