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Bem-Estar

Especialista lista sinais que indicam que seu filho pode ser superdotado

Embora o tema ainda seja pouco debatido, as famílias não podem ignorar os sinais emitidos pelas crianças

Por Isabella Holouka

31 de julho de 2023, às 07h40 • Última atualização em 31 de julho de 2023, às 07h55

As crianças com superdotação ou altas habilidades têm diferentes necessidades educacionais, sociais e emocionais. Embora o tema ainda seja pouco debatido, as famílias não podem ignorar os sinais emitidos pelas crianças, pois isso aumenta o risco de incompreensão ao longo da vida e falta dos estímulos adequados para seu desenvolvimento pleno.

De acordo com Cadu Fonseca, vice-presidente da Associação Mensa Brasil, entidade que reúne pessoas e profissionais de altas capacidades intelectuais no País, alguns sinais de altas habilidades ou superdotação em crianças, perceptíveis ainda na primeira infância, são:

Nível de leitura, vocabulário e habilidades de comunicação acima da média de sua idade e semelhante às de adultos; alfabetização precoce; autodidatismo, quando aprendem sem estímulos dos adultos; capacidade de armazenar grande volume de informações sobre um assunto de seu interesse; boa memória, raciocínio rápido, criatividade e curiosidade muito acima da média; comportamento mais independente, inclusive com relação às rotinas de estudo e tédio diante da facilidade de atividades não estimuladoras ou desafiantes o suficiente.

Alfabetização precoce está entre sinais de superdotação ou altas habilidades emitidos pelas crianças – Foto: Adobe Stock

A associação sugere às famílias que procurem um neuropsicólogo para identificar corretamente e iniciar estratégias de desenvolvimento.

A avaliação da superdotação é realizada com testes psicológicos que permitem conhecer o funcionamento de diversas habilidades cognitivas e também obter o QI (Quociente de Inteligência, uma medida resumida das habilidades cognitivas), explica a neuropsicóloga Raquel Zacharias Duarte, especialista em análise do comportamento e neuropsicologia aplicada à neurologia Infantil, que atua com avaliação e reabilitação neuropsicológica de crianças, adolescentes e adultos, em Americana.

Os testes incluem perguntas sobre conhecimentos gerais, resolução de problemas com objetos ou raciocínio lógico e atividades de memória. Envolvem tanto perguntas e respostas orais como também visuais. Também são realizadas entrevistas com pais e professores e análise do relato e comportamento da criança. “É um processo que deve ser minucioso, detalhado”, afirma.

“Os estudos apontam a importância da avaliação interdisciplinar, porque muitas vezes as altas habilidades ou superdotação está relacionada a outros talentos não intelectuais, artes ou esportes, por exemplo. Por isso, precisa ser realizada por um profissional que conheça bem as características dessa condição e faça uma análise além do QI”, destaca Raquel.

No Brasil, há instrumentos para avaliar o potencial cognitivo de crianças a partir de 2 anos e 6 meses, mas após os seis anos de idade existem testes mais refinados e amplos. Entretanto, a recomendação de especialistas é que quanto antes as altas habilidades forem detectadas, melhor para a criança.

Superdotação pode estar relacionada a talentos não intelectuais, como artes ou esportes – Foto: Divulgação

Especialista em educação inclusiva, altas habilidades e superdotação, Fabiane Favarelli Navega é psicopedagoga no NPAS (Núcleo Paulista de Atenção à Superdotação), na capital paulista. Formado por uma equipe multidisciplinar, o núcleo recebe famílias que buscam avaliações e trabalha na orientação, não só das famílias como também das escolas.

“A criança com altas habilidades faz parte do público alvo da educação especial e tem direitos garantidos. Aceleração de série em alguns casos, um plano educacional individualizado, enriquecimento curricular. E a família precisa conhecer esses direitos para solicitar os ajustes e adequações apontadas na avaliação ou pela psicopedagoga. Muitas não conhecem”, pontua Fabiane.

Outra possibilidade é a assessoria da APAHSD (Associação Paulista para Altas Habilidades/Superdotação), que atua de maneira semelhante ao NPAS – ambos com serviços particulares. Já na via pública, existe o NAAHS (Núcleo de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação), instituído em 2015. Todos estão na cidade de São Paulo.

Para Fabiane, a descoberta da superdotação é fundamental para que a família possa garantir um desenvolvimento saudável da criança, com os estímulos adequados. “Na avaliação neuropsicológica, traçamos todo o perfil de aprendizado e são apontadas todas as necessidades e potencialidades. Se a família conhecer quais são as habilidades da criança, a forma como ela aprende, até onde ela pode ir, isso só trará benefícios. Mas, quando a família não busca essa certificação, ela pode entender certos comportamentos de forma equivocada”, afirma.

Raquel acrescenta a importância de verificar a existência de outras condições que normalmente acompanham o perfil de altas habilidades, transtornos de neurodesenvolvimento como TDAH (Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade), autismo ou dislexia, e transtornos emocionais, como ansiedade ou depressão.

“Que a criança viva em um ambiente acolhedor e que a compreenda. É importante conhecer a superdotação ou altas habilidades para que o indivíduo tenha espaço para o ampliar seu desenvolvimento. Não se trata de uma patologia, mas de uma condição clínica, uma condição da neurodiversidade”, finaliza Raquel.

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