Síndrome do Ninho Cheio
Medo de virar adulto? Síndrome do ‘ninho cheio’ retarda saída da casa dos pais; entenda
Nos últimos anos, a permanência dos filhos adultos na casa dos pais parece cada vez mais comum
Por Isabella Holouka
24 de julho de 2023, às 07h32 • Última atualização em 24 de julho de 2023, às 09h34
Link da matéria: https://dev.liberal.com.br/mais/bem-estar/orientadora-parental-informa-quais-os-aspectos-que-mantem-os-filhos-na-casa-dos-pais-na-vida-adulta-1992641/
Houve um tempo em que o maior desejo de grande parte dos adolescentes era completar 18 anos, conquistar a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e sair da casa dos pais, seja para estudar, trabalhar ou iniciar a própria família. Mas, nos últimos anos, a permanência dos filhos adultos parece cada vez mais comum. É o que alguns chamam de “síndrome do ninho cheio” ou “geração canguru”.
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A situação é frequente nos consultórios, aponta Michelle Rampaso, que é professora, psicopedagoga, neuropsicopedagoga e orientadora parental em Americana. Ela explica que o processo de adquirir independência depende de toda a família, mas muitas vezes os pais não querem ou temem este desenvolvimento.
“Hoje, os adolescentes têm medo de entrar na vida adulta. Estudos dizem que será a geração que menos terá CNH, por exemplo. Para os jovens, tanto a parte emocional quanto social ainda estão muito ligadas com a de seus pais”, relata.
A profissional observa que na atualidade o desenvolvimento da adolescência está mais lento, principalmente por conta do excesso de proteção dos pais, o que pode ocasionar uma vida adulta tardia. “Esses jovens demoram mais para decidirem quando se casar, ter filhos ou escolherem a própria profissão. Hoje, os pais fazem esforço muito maior e a superproteção tem um peso mais significante”, afirma Michelle.
A especialista conta que os aspectos financeiro e emocional são os que mais mantém os filhos na casa dos pais na vida adulta. De acordo com ela, embora o papel da família seja criar pessoas responsáveis, muitas preferem que os filhos continuem dependentes, apesar das consequências, como medo de dirigir ou trabalhar.
“É muito importante que os pais estejam atentos aos seus sentimentos. Eles precisam lembrar que têm uma vida também e que não é a vida dos filhos. Portanto, cuidar primeiramente de si e do seu casamento, caso esteja em um, já é um grande começo. Cuidados com a sua saúde física e mental, viagens com seus parceiros e jantares com seus amigos, sem os filhos, podem ajudar a criar uma independência e preservar sua própria identidade”, orienta.
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Nos casos em que os filhos desejam sair, mas são desestimulados pelos pais, a profissional sugere uma transição mais lenta. Assim, quando a mudança acontecer de vez, o sofrimento dos pais será menor. A tendência é que, com o tempo, a sensação de vazio diminua, dando lugar a uma nova rotina familiar.
Vale lembrar que existem filhos que moram com os pais porque querem companhia ou ajudá-los, quando doentes, sozinhos ou idosos, por exemplo. Quando a família avalia a situação em conjunto e todos resolvem continuar morando juntos, é importante que cada um tenha suas particularidades respeitadas.
“Se os familiares permitirem seus filhos crescerem, ou seja, serem adultos responsáveis, e os filhos entenderem que precisam ter suas próprias vidas, sem depender dos pais, mesmo estando debaixo do mesmo teto, há uma grande possibilidade dessa convivência dar certo”, conclui.