Pais e Filhos
Quando as crianças não querem comer
Rejeição de alimentos ou de refeições inteiras preocupam e demandam atenção; confira dicas
Por Isabella Holouka
10 de abril de 2023, às 07h19 • Última atualização em 10 de abril de 2023, às 07h21
Link da matéria: https://dev.liberal.com.br/mais/bem-estar/quando-as-criancas-nao-querem-comer-1936963/
As refeições se convertem em momentos difíceis e angustiantes para mães, pais e responsáveis, especialmente nos primeiros anos de vida das crianças, em fases em que elas sistematicamente rejeitam alimentos ou não comem como deveriam.
Se a família prepara um prato e a criança se nega a comer, faz birra e até mesmo atira a comida no chão, vale a pena pensar em estratégias e formas de reverter esse cenário tão complexo e angustiante na rotina de pais e mães. Além disso, a preocupação sobre a alimentação dos filhos é natural, uma vez que os empasses, quando prolongados, podem resultar em problemas de saúde.

“Se as crianças não fazem as refeições corretamente podem haver realmente muitas consequências no crescimento e desenvolvimento, não só físico, mas também intelectual e emocional”, destaca Helen Mavichian, psicoterapeuta especializada em crianças e adolescentes e Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, que também tem dois filhos na primeira infância.
“Uma nutrição saudável, sem dúvida, auxilia na imunidade e na prevenção de possíveis doenças, sendo essencial para constituir uma vida com qualidade em todos os aspectos. Uma criança com uma boa alimentação rende mais, tem mais energia para brincar e avanços na aprendizagem. Sei bem como é complicado, mas cabe a nós adultos fazermos o possível para nos mantermos calmos. Afinal, perder o controle não irá resolver nada”, afirma.
De acordo com a especialista, muitos motivos podem fazer com que essa situação aconteça e é importante prestar atenção também como se dão as refeições em família.
“Desde a recusa para experimentar novos alimentos, o desinteresse pelo momento das refeições e até mesmo atitudes consideradas inadequadas durante as refeições precisam ser observadas pelos pais. Às vezes, a questão não diz respeito aos alimentos que estão sendo oferecidos, mas sim ao contexto em que as refeições ocorrem”, explica ela.
Em primeiro lugar, Helen sugere conhecer as preferências e o apetite da criança, que não necessariamente irá gostar e querer tudo o que os pais oferecem logo de primeira. Por isso, pode ser interessante testar formas diferentes de dar o mesmo alimento, dar um intervalo de alguns dias e, após esse tempo, voltar a oferecer o alimento rejeitado, alterar a forma de preparo ou até substituí-lo por outro que forneça os mesmos nutrientes e vitaminas.
“Deixar seu filho tocar nos alimentos pode ser interessante também. À princípio isso pode parecer besteira, porém, é necessário que a criança tenha contato com a comida. Permitir que use o tato para sentir a textura talvez estimule a curiosidade e vontade de levar à boca”, acrescenta.
É indicado também que a criança se envolva no processo de preparação do alimento e da sua própria comida. Envolver a criança no ritual dos almoços e jantares da família irá gerar maior interesse no momento de estar à mesa.
Uma dica de ouro para que a hora das refeições seja bem-sucedida com as crianças é fazer com que o momento seja realmente especial, para encantá-la e envolvê-la, deixando-a com a sensação de querer repetir esse momento agradável todos os dias. Para isso, é fundamental que todos os presentes coloquem atenção plena nas refeições.
“Para que seja assim, é importante evitar distrações como celulares, televisão e demais dispositivos eletrônicos, além de manter uma rotina de horário e ambiente. Converse com a criança, busque perceber como ela se sente em relação aos alimentos e lembre-se que, muitas vezes, alguns comportamentos são apenas uma forma que elas encontram para expressar sentimentos, por não saberem transformá-los em palavras”, aconselha a especialista.
“Se necessário, procure ajuda de um terapeuta para apoiar nesse momento, mas, por experiência, posso dizer, aos poucos essa frustração vai se amenizando e a comunicação se torna mais simples”, finaliza.