Bem-Estar
Sem cura, fibromialgia provoca dor severa e crônica
Síndrome reumática é considerada comum e acomete 2,5% da população brasileira
Por Ana Carolina Leal
04 de janeiro de 2023, às 16h39
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Síndrome reumática, caracterizada por dor severa, difusa e crônica. A fibromialgia é bastante comum, afeta 2,5% da população brasileira, sendo que cerca de 90% das pessoas que contraem a doença são mulheres em idade produtiva, entre 35 e 60 anos, embora existam pacientes mais jovens e idosos.
Segundo Amélia Pasqual Marques, professora do Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), a síndrome, ainda não totalmente conhecida, é identificada por dores musculoesqueléticas espalhadas pelo corpo todo associadas frequentemente a distúrbios do sono não-reparador, fadiga, alteração cognitiva (dificuldade em atividades intelectuais conscientes, como memória e raciocínio), dor de cabeça, depressão, desconforto abdominal e distúrbios psíquicos.
Ainda não se sabe ao certo o que causa a síndrome de fibromialgia, mas segundo Amélia, alguns estudos sugerem que problemas pessoais e psicológicos podem contribuir para o surgimento da doença. De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia, a principal hipótese é que pacientes com a síndrome apresentam uma alteração da percepção da sensação de dor.
Essa possibilidade tem como base estudos que visualizaram o cérebro destes pacientes em funcionamento, e também porque pessoas com fibromialgia apresentam outras evidências de sensibilidade do corpo, como no intestino ou na bexiga.
Alguns pacientes também desenvolvem a condição após um gatilho, como uma dor localizada mau tratada, um trauma físico ou uma doença grave. O sono alterado, os problemas de humor e concentração parecem ser causados pela dor crônica, e não ao contrário.
“Nos últimos anos, a fibromialgia adquiriu maior significado e tornou-se um problema de saúde pública”, afirma Amélia. De acordo com a professora, existem várias razões para justificar essa situação. Entre elas o alto nível de prevalência na população adulta em geral, conhecimento insuficiente de sua causa e dos mecanismos que a produzem e insatisfação de pacientes e profissionais com abordagens terapêuticas atuais.
“A prevalência mundial da fibromialgia na população em geral é de 0,2 a 6,6%. Já no Brasil, essa prevalência é de 2,5%, sendo maior nas mulheres, representando entre 2,4 e 6,8%. Além disso, nas áreas urbanas, a prevalência tem alcançado 0,7 e 11,4% e nas rurais entre 0,1 e 5,2%”.
Diagnóstico e tratamento. O diagnóstico é clínico e feito por meio de três critérios: IDG (Índice de Dor Generalizada), ESS (Escala de Severidade dos Sintomas) e sintomas presentes em um mesmo nível no mínimo por três meses e que não tenha nenhum outro distúrbio que possa explicar a dor.
A fibromialgia também pode aparecer em pacientes que apresentam outras doenças reumáticas, como artrite reumatoide e lúpus eritematoso sistêmico, e muitas vezes dificulta uma completa melhora destes pacientes. Atualmente, o exercício físico é a principal recomendação para tratar a doença, que não tem cura. Porém, de acordo com Amélia, não deve ser a única alternativa.
“Pode ser incluído ou fazer ao mesmo tempo com outras terapias como por exemplo: acupuntura e hidroginástica”, sugere. De acordo com a professora da USP, a intervenção farmacológica é um complemento importante que apresenta um benefício variável, sendo indicada na ausência da melhora do paciente. Q
SAIBA MAIS
Dicas e orientações para colocar em prática com pacientes que têm fibromialgia
- Fazer atividades em grupo como exercícios, caminhadas, atividades sociais e de lazer, etc.
- Salientar a importância de ter um bom estilo de vida.
- Assumir atitudes positivas.
- Desenvolver algum tipo de trabalho (remunerado ou voluntário).
- Fazer com que ele [paciente] tenha confiança em si mesmo e desenvolva uma autoimagem positiva.
- Fazer uma atividade física regularmente.
- Criar rotinas no dia a dia do paciente.
- Manter as atividades sociais.
Fonte: Amélia Pasqual Marques, professora do Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo)