Nossos Pets
Pets não convencionais
Animais silvestres e exóticos estão sendo cada vez mais comuns como pets; médica veterinária dá dicas para quem quer ter um em casa
Por Stela Pires*
28 de agosto de 2022, às 10h47 • Última atualização em 28 de agosto de 2022, às 10h48
Link da matéria: https://dev.liberal.com.br/mais/pet/pets-nao-convencionais-1822956/
As pessoas têm procurado cada vez mais por pets não convencionais, fugindo um pouco dos já conhecidos e amados cães e gatos, e desbravando o mundo dos animais silvestres e exóticos. O motivo vai desde o amor por essas espécies até a facilidade na adequação dos bichos ao estilo de vida dos tutores, de acordo com a médica veterinária Janaína Diniz, pós-graduada em clínica e cirurgia de animais silvestres, da Selva Urbana Clínica de Pets Não Convencionais, de Campinas.
Entrando nesse novo universo de pets é possível encontrar animais que atendam todas as “demandas” dos tutores. Aqueles que têm uma rotina mais agitada, podem optar por animais com hábitos noturnos, como hamsters e ouriços. Calopsitas para os amantes de aves com pouco espaço em casa ou araras e jabutis para as residências maiores.

“Dá para oferecer uma qualidade de vida muito legal para eles conhecendo a biologia e comportamento do animal”, disse a veterinária.
Conhecendo bem a espécie, é possível adaptar a residência para atender todas as necessidades do animal. Um exemplo dado pela médica é a chinchila, que demanda gaiolas verticais com prateleiras, atenção com a temperatura do ambiente, fornecendo pedras de mármore para ela se refrescar, já que é um animal que vive em temperaturas amenas e em grandes altitudes.
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Por isso, de acordo com Janaína, é cada vez mais comum tutores procurarem por consultas para orientação antes mesmo de adquirirem os animais. “É importante conhecer antes para saber se você vai conseguir fornecer tudo para o bichinho, porque cada um tem uma necessidade muito específica”, disse.
E, assim como cães e gatos, também é aconselhado que estes animais passem por check -up e visitem o veterinário periodicamente, variando de seis meses a um ano de frequência.
Para criar animais silvestres e exóticos em casa é necessário autorização, por isso a recomendação da veterinária é sempre buscar um criatório com autorização do Ibama, ou loja revendedora que seja legalizada e que forneça a documentação do animal.
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DOSE DUPLA
A família Piconi, de Nova Odessa, tem duas araras-canindé em casa, o Groot e a Gamora. O desejo de tê-las começou há cerca de dois anos, quando visitaram o Zoo das Aves em uma viagem para Poços de Caldas, em Minas Gerais.
Durante o passeio tiveram a oportunidade de interagir com aves da espécie. “Ficamos com vontade de levar uma para casa”, contou a estudante Maria Luiza Piconi, de 17 anos, filha do meio da família composta pelos pais e duas outras irmãs.
A partir dali, começou todo o processo para compra legal de apenas uma das araras, mas quando toda a “papelada” necessária para ter um animal da espécie estava pronta, os Piconi se questionaram se a arara não se sentiria sozinha. Então, decidiram iniciar todo o processo novamente para a compra de mais uma. “Foi aí que o Groot e a Gamora passaram a fazer parte da nossa família, em março de 2020”, disse Maria.
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Apesar de o processo para se ter uma ave como esta ser burocrático, a família não teve dificuldades, já que contou com o apoio de uma empresa séria e disposta a fazer o procedimento de maneira segura para todos os envolvidos, inclusive para Groot e Gamora.
Mesmo sendo animais silvestres, as araras também demandam atenção e amor. “A maior parte do nosso dia é destinado exclusivamente a eles, e não é como se fosse obrigação fazer isso, já que são como filhos para nós”, contou a estudante. “Dizemos que é a mesma sensação de ser mãe de gêmeos, apenas nós sabemos de cara quem é quem”, completa.
Segundo ela, a Gamora até chama por “pai” para ter atenção do pai da família, o industriário João Batista Picoli. A fêmea é a mais carente e também a mais falante e agitada, mas não “vai” com pessoas diferentes. Já o Groot abre algumas exceções, é carinhoso e calmo.
“A convivência é a mesma de um pet comum. A primeira coisa que queremos ver quando voltamos do serviço são eles, que nos recebem de forma calorosa. Com certeza, são a melhor parte do nosso dia”, contou Maria.
A respeito dos cuidados com o casal de araras, a alimentação é com ração específica para a espécie. As aves também comem frutas e legumes diariamente. A casa da família, que vive em uma chácara, tem um viveiro espaçoso especialmente para os animais ficarem quando os tutores não estão em casa, mas quando os Piconi chegam, é com eles que as araras ficam.
*Estagiária sob supervisão de Valéria Barreira.