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Revista Saúde

Automedicação e autodiagnóstico exigem cuidados

É preciso raciocínio clínico sobre os sinais e sintomas avaliados para diagnosticar e receitar o paciente; pesquisas na internet podem induzir ao erro

Por *Natália Velosa

10 de novembro de 2020, às 08h19 • Última atualização em 10 de novembro de 2020, às 08h22

Muitas vezes a pesquisa de sinais e sintomas pelo “Dr. Google” pode gerar medo e ansiedade - Foto: Divulgação

A era tecnológica permitiu que muitos conhecimentos fossem disseminados de forma fácil e didática pela internet. É possível pesquisar sobre doenças, sintomas e medicamentos utilizados para cada problema de saúde. Porém, o uso indevido desse meio pode causar riscos, segundo afirma o médico de família Leandro Morales.

“As informações não checadas podem conter referências distorcidas. Até nós, médicos, fazemos pesquisas nos sites com conteúdo científico e precisamos saber avaliar um estudo, para saber se aquelas informações contidas podem ser usadas como evidência”, explica Leandro.

Automedicação. O médico conta que o tema é bastante complexo e varia de caso a caso. De maneira geral, o uso de medicamentos sem o auxílio e prescrição médica pode causar toxicidade no corpo, devido a dose ingerida e o tempo de ingestão serem inadequados.

As complicações podem se manifestar também em reações cutâneas (manchas na pele) ou em reações alérgicas, havendo o risco de comprometer as vias respiratórias ou gerar complicações gástricas, renais, hepáticas ou cardiovasculares.

“Lembrando que o paciente pode criar dependência e até potencializar ou anular o efeito de outro medicamento”, explicou.

Segundo o médico, mesmo as receitas caseiras, feitas com remédios naturais, também preocupam. “Quem nunca ouviu ou até já disse alguma vez ‘se é natural, pode tomar. Se não melhorar, mal não vai fazer’. Prefiro ficar com a frase do médico e físico do século XVI, Paracelso ‘a diferença entre o remédio e o veneno é a dose’”, afirmou.

Portanto, as medicações naturais correm os mesmos riscos de uma medicação sintética. Além do mais, o médico de família explica que pode não ter o efeito esperado, caso a dose for muito pequena, ou pode ocorrer o efeito placebo, quando a crença do paciente faz com que ele acredite estar curado, deixando evoluir uma doença que precisaria ser tratada.

Entretanto, não será toda vez que o paciente sentir uma dor de cabeça, por exemplo, que precisa procurar um médico. É comum as pessoas sentirem dores, principalmente tensional, por um excesso de estresse ou uma noite mal dormida, e já tomar um medicamento para aliviá-la. No entanto, Leandro pede cautela quando as dores persistirem e se repetirem com frequência. “Tomar analgésico com frequência é um sinal de alarme que algo precisa ser ajustado”, completou.

Autodiagnóstico. Para um diagnóstico, Leandro diz que é preciso um raciocínio clínico sobre os sinais e sintomas avaliados com uma boa entrevista, exame físico e complementar. O diagnóstico requer uma compreensão detalhada dos fatores genéticos, bioquímicos e do estilo de vida de cada paciente, para aproveitar esses dados e direcionar planos de tratamento que levem melhores resultados aos pacientes.

Muitas vezes a pesquisa de sinais e sintomas pelo “Dr. Google” pode gerar medo e ansiedade sem saber exatamente o que está acontecendo, o que pode levar à piora do quadro pelo estresse gerado pela preocupação. Muitas vezes, o paciente pode parar na emergência por uma crise de ansiedade, que simula um ataque cardíaco, ou por dores, que pioram com a tensão, ou até mesmo se automedicar e ter complicações.

“Deveríamos evitar buscar uma explicação para os sinais e sintomas sem o apoio de um profissional e sim nos preocupar mais com informações que estimulam a prevenção das doenças, como informações sobre alimentação saudável, recursos terapêuticos que aliviam seu estresse, se atentar às campanhas de rastreamento de cânceres de mama ou de próstata, entre uma série de outras informações que podem ajudar a melhorar sua qualidade de vida”, concluiu. 

*Estagiária sob supervisão de Valéria Barreira

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