Anuário Casa
Redes e balanços são convite para relaxar
Cada vez mais presentes nos interiores, redes e balanços contribuem para transformar ambientes em refúgios
Por Isabella Holouka
09 de março de 2022, às 10h55 • Última atualização em 10 de março de 2022, às 18h41
Link da matéria: https://dev.liberal.com.br/revista-l/casa/redes-e-balancos-sao-convite-para-relaxar-1719785/
Desde as mais tradicionais às mais modernas, as redes são sinônimo de aconchego, descontração, relaxamento, estilo e até nostalgia – mas não param por aí. Elas têm quebrado paradigmas marcando presença em espaços nobres e, assim como as cadeiras de balanço suspensas, ganham protagonismo nos ambientes em que são instaladas.
Embora fossem comuns em áreas de lazer, varandas e casas de praia, chácaras ou sítios, as redes e cadeiras de balanço estão cada vez mais presentes em salas e quartos no contexto urbano – espaços em que antes quase não se cogitava essa possibilidade.

A tendência de criar ambientes internos que funcionem como refúgio em meio ao caos das grandes cidades e a correria do dia a dia não é novidade, mas foi potencializada com as condições pandêmicas da Covid-19. Com as restrições de circulação e o trabalho remoto, principalmente, viver em um espaço que transmita aconchego, conforto e até paz ganhou ainda mais importância.
É neste contexto que relaciona casa e refúgio que as redes e cadeiras de balanço suspensas – tão presentes na memória afetiva e cultural dos brasileiros – são resgatadas e ajudam a compor ambientes convidativos e que contribuem para a sensação de bem-estar.
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Essa nova realidade pôde ser conferida na Decor Campinas 2021, com esses elementos presentes em vários ambientes da mostra. Em uma releitura contemporânea de uma morada brasileira, o arquiteto e urbanista Gustavo Pigatto buscou resgatar memórias afetivas e a essência da casa brasileira e inseriu uma rede entre sala de jantar e cozinha, rodeada por vasos com plantas, que convidam o visitante ao descanso.
“Eu quis fazer uma casa bem brasileira, não seguindo tendências de mercado, mas sim resgatando nossa rica cultura e memórias afetivas”, afirmou o profissional ao Anuário Casa.
“A rede é muito comum nas regiões norte e nordeste do País, assim como nas regiões litorâneas do sul e sudeste. Ela traz esse peso cultural para meu espaço, um ar mais despojado, uma sensação de relaxamento, de curtir a nossa casa”, complementa.
Em sua participação na mostra, o arquiteto Aldomar Caprini projetou um restaurante em que também buscou refletir sobre a brasilidade, misturando referências culturais e artísticas indígenas, africanas e europeias.
Ele formou um hall de passagem com um tapete em estilo europeu em tons de verde e uma cadeira de balanço em corda náutica, que além de preencher um espaço amplo e limpo acrescenta um assento muito confortável.
“Na medida em que aparecem modelos cada vez mais funcionais e confortáveis, as cadeiras de balanço passam a ser interessantes para estarem dentro dos ambientes, em áreas mais fechadas, tanto quanto em um ambiente aberto”, afirmou.
A cadeira de balanço também foi aposta da designer de interiores Paula Ballone na mostra, aproveitando um cantinho em um dormitório. “Através do material natural, é despertada uma sensação de bem-estar, pertencimento à natureza, além de acrescentar um charme”, falou.
A profissional acredita que a valorização das cadeiras de balanço em ambientes internos veio para ficar. “São cada dia mais solicitadas pelos clientes, e não apenas nos dormitórios, mas também em salas, próximos a janelas de apartamentos que não têm varandas, em cantos de leitura”.
Instalação
O primeiro passo para escolher uma rede ou cadeira de balanço é entender o espaço disponível. Os balanços costumam ser suspensos através de ganchos fixados no teto, enquanto as redes são fixadas, em sua
maioria, nas paredes.
Para ambos os casos, há modelos que incluem suportes de chão, estruturas que também podem ser compradas separadamente, dispensando a instalação e garantindo a mobilidade do objeto.
“Devemos tomar um cuidado especial com o lugar onde a rede vai ficar devido a área de movimento dela, para não danificar nenhuma parede, vidros, objetos, machucar pessoas ou prejudicar a circulação. E também, verificar se a estrutura de alvenaria permite a fixação de ganchos”, orienta o arquiteto e urbanista Gustavo Pigatto.
A fixação precisa ocorrer em paredes de tijolos maciços, concreto ou madeira maciça, que são mais resistentes ao peso. No caso da cadeira de balanço suspensa, o gancho precisa ser instalado na laje, e não no gesso. É importante ter cuidado para não prejudicar a elétrica ou hidráulica da casa, perfurando tubulações ou cabos.
Nos apartamentos, recomenda-se evitar paredes compartilhadas, pelo barulho que os ganchos podem fazer. A altura da instalação de ganchos nas paredes costuma variar entre 1,70 m e 1,90 m. Na hora de comprar a rede, recomenda-se a escolha de um tamanho entre 90cm a 100cm maior que a distância entre os ganchos, para que ela não fique esticada.
O peso suportado pela rede é outro detalhe imprescindível para evitar rasgos e acidentes. Existem modelos com capacidade para uma pessoa, casal ou várias pessoas, por isso a dica é pensar em quem vai se sentar e calcular o peso total antes de comprar. De uma maneira geral, quanto maior a rede, mais estabilidade ao se deitar ou balançar.
Quando se fala em cadeira de balanço suspensa, há uma infinidade de modelos, com diferentes formatos e materiais, desde as mais rústicas até as mais sofisticadas, fazendo com o que o móvel consiga assumir diferentes estilos na decoração.
Já as redes podem ser encontradas basicamente em dois modelos, americano e tradicional. O primeiro é diferenciado pelos bastões de madeira nas duas pontas, deixando a rede sempre aberta e bem alinhada. O segundo, mais usual, sem o suporte em madeira, configura uma rede mais solta e artesanal.
Com relação ao material, as redes utilizadas ao ar livre precisam suportar a ação do tempo. Já aquelas instaladas nos interiores podem priorizar a beleza e o conforto, se encaixando no estilo de decoração adotado.
Gabardine e algodão costumam ser escolhidos para redes em ambientes internos, enquanto fibras naturais ou sintéticas, para ambientes externos.
As redes também são vendidas em diversas cores e há opções estampadas. Outro detalhe determinante para a decoração com rede é a escolha de um modelo que possua ou não a chamada varanda, a barra da rede, que muitas vezes é feita em crochê.
“Para áreas de sombra, invista em redes de algodão, em tons claros, como o cru, ou terrosos, que estão em alta, como terracota e mostarda”, orienta Pigatto. “Escolha um lugar bastante agradável, próximo a janelas e com vegetação. Se não tiver, utilize folhagens para trazer essa vegetação mais próximo e se conectar com a natureza“.
A escolha de cores claras garantiu a amplitude da sala e a poltrona suspensa agrega diversão ao mobiliário, neste projeto do escritório PB Arquitetura. A área externa, ao fundo, recebeu bancos de madeira e uma convidativa rede lateral – Foto: Henrique Ribeiro A poltrona de balanço é um dos destaques deste quarto pensado para uma adolescente. O projeto, em estilo geek e inspirado nos galpões industriais de Nova Iorque, é da designer de interiores Ariane Sayão e da arquiteta Emanuela Morais, para a Campinas Decor 2021 – Foto: Marcelo Rocha – O Liberal.JPG Integrada ao living, esta varanda recebeu dois balanços confeccionados em algodão, que acrescentaram um ar divertido ao espaço. Para instalação no teto, foram utilizados parafusos de alta fixação específicos para o concreto, conhecidos como parabolt. O projeto é da arquiteta Claudia Yamada, do Studio Tan-gram – Foto: Estúdio São Paulo Esta área de convivência projetada pelos profissionais do escritório PB Arquitetura ganha continuidade com a área externa através da rede de descanso instalada no jardim – Foto: Henrique Ribeiro Neste quarto projetado pela designer de interiores Paula Ballone para a Decor Campinas 2021, a delicada cadeira de balanço feita em barbante de algodão cru com trama de macramê e luz pisca-pisca traz leveza e charme ao espaço – Foto: Marcelo Rocha – O Liberal.JPG Neste domitório em tons de rosa, a poltrona suspensa no modelo “bubble chair”, bem ao lado da cabeceira da cama, é um ponto de destaque no ambiente e acrescenta modernidade e aconchego ao espaço. O projeto é da arquiteta Karina Korn – Foto: Eduardo Pozella Neste quarto projetado pela arquiteta Karina Korn, a parede da TV ganhou um toque rústico através do painel amadeirado na cabeceira. Para completar, a cadeira de balanço feita com algodão trançado acrescenta aconchego – Foto: Eduardo Pozella