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‘Elegância é um conjunto de fatores’, diz apresentadora do Esquadrão da Moda
Isabella Fiorentino e Arlindo Grund, estrelas do programa Esquadrão da Moda, falam sobre autoconhecimento e estilo pessoal no mundo da moda
Por Isabella Holouka
06 de outubro de 2020, às 08h34 • Última atualização em 06 de outubro de 2020, às 08h36
Link da matéria: https://dev.liberal.com.br/revista-l/elegancia-e-um-conjunto-de-fatores-diz-apresentadora-do-esquadrao-da-moda-1324719/
A top model e consultora Isabella Fiorentino e o stylist Arlindo Grund são as estrelas do programa Esquadrão da Moda, que está no ar desde 2009 no SBT e ficou conhecido por transformar radicalmente o visual de suas participantes.
Assim como em outras versões do programa no Exterior, familiares e amigos indicam mulheres que precisam repensar o seu estilo. A dupla de consultores ajuda a participante a analisar erros e acertos, e oferece orientações para uma transformação interna e externa.
Os dois apresentadores atenderam ao pedido de entrevista do LIBERAL e falaram sobre a importância do estilo pessoal no cotidiano, da relação das pessoas com o espelho, sobre o exercício de olhar e se identificar com cada peça no guarda-roupa e mudar o visual sem precisar investir e trocar todas as roupas do armário.
Qual é a importância de um estilo pessoal adequado, confortável e belo para o desenvolvimento pessoal?
Isabella Fiorentino> Ao abrir o guarda-roupas estamos decidindo que história queremos contar hoje, mesmo que de forma inconsciente. A moda primeiramente precisa te fazer feliz, é uma expressão cultural do momento que estamos vivendo.
Portanto, é imprescindível que a sua comunicação por meio do que está usando faça sentido com o que você realmente é e quer transmitir.

Qual o papel do autoconhecimento no processo de adaptação ou melhoria do estilo pessoal?
Arlindo Grund: O autoconhecimento e a autoaceitação são os principais pilares que darão segurança na hora de escolher qualquer estilo, ou até mesmo de transitar em vários deles, ou fazer a própria interpretação de cada um dos estilos através das roupas.
No programa, a entrada na sala dos espelhos parece ser um pouco dolorosa, mas também percebemos que traz um crescimento. Como vocês percebem essa mudança interna das participantes?
Isabella Fiorentino: Realmente é um choque de realidade, elas se vêm em um espelho 360º, bem diferente da forma como se olham em casa. Esse momento é muito importante para o autoconhecimento, é nessa hora que elas realmente entendem qual é seu formato de corpo, quais são os pontos que amam e querem enaltecer, mas também se existe alguma parte que não se sentem tão confortáveis.
Arlindo Grund: Acho que a princípio a nossa relação com o espelho deve ser positiva e de aceitação. Quando estamos felizes com a imagem que refletimos tudo fica mais fácil. Porém, nem tudo são flores… Apesar de estimular a autoaceitação, muitas pessoas querem disfarçar algumas características, e aí entra a roupa como uma das possíveis ferramentas de ajuda.
No Esquadrão da Moda as participantes podem investir R$ 12 mil em um novo guarda-roupa. Que recomendações vocês dariam para quem quer se adaptar a um novo estilo, ou melhorar o visual no cotidiano, mas não pode dispor esse investimento?
Isabella Fiorentino: Minha sugestão é começar com um limpa. Nossa história está no nosso guarda-roupa, é importante abrir, analisar e entender quais peças ainda te fazem brilhar os olhos. Algo que está muito em alta e eu acho legal é realizar trocas de roupas, por aplicativos ou até mesmo montar um grupo com as amigas. Mas o exercício de se olhar e se identificar em cada peça é muito importante para ter um guarda-roupa conciso e inteligente.
Arlindo Grund: Na hora de construir um guarda-roupa inteligente devemos pensar em poucas peças, mas com qualidade, e isso não tem a ver com roupas extremamente caras. As peças de moda e tendência podem ficar para um segundo momento. E, claro, colocar a criatividade em prática para pensar nas combinações usando o que já se tem e tentar olhar para o guarda-roupa com carinho, tratar as roupas como elas merecem, e aí a durabilidade será bem maior.
Com relação à adequação das roupas para as diferentes ocasiões que vivemos no dia a dia, quais são as principais dicas para sabermos se um look está adequado?
Arlindo Grund: Antes de sugerir algo devemos entender o cenário em que estamos ou estaremos inseridos. É muito importante se questionar diante do espelho e procurar usar o bom senso na hora das escolhas. Acima de tudo, buscar um nível de adequação com aquilo que gosta e com a mensagem que quer passar pode ser um exercício diário de criatividade, mas que de alguma maneira trará um resultado pessoal positivo.
Isabella Fiorentino Costumo falar que estar adequado é estar elegante. A elegância não é um estilo, é um conjunto de fatores. O que percebemos no programa é que as pessoas não levam em consideração o ambiente, consideram muito mais o estilo pessoal, de uma forma que ele acaba se sobrepondo a ocasiões e até mesmo ambientes profissionais. Não é necessário você vestir uma fantasia no ambiente de trabalho, mas é importante se adequar à mensagem da empresa, já que a pessoa também se torna uma representante de onde trabalha.
Cabelo e maquiagem também fazem parte do processo de transformação proposto pelo programa, e muitas vezes dão um toque especial ao resultado. Para vocês, qual é a importância destes cuidados com a beleza para o estilo e autenticidade de cada um?
Arlindo Grund: Acredito que muito das transformações do programa também acontecem por meio das mãos do Rodrigo Cintra e Vanessa Rozan, pois falar de cabelo e maquiagem tem muito a ver também com autoestima, e após as compras elas [as participantes] se realizam num dia de transformação física. Apesar de ser um programa de moda, nós também trabalhamos muito para a mudança ser interna.
Isabella Fiorentino: Buscamos ser empáticos e entender como as mulheres se sentem bem. Hoje em dia a mulher não precisa estar de batom e rímel, não precisa estar maquiada o tempo todo. Mas nós falamos muito sobre a importância de um autocuidado com a pele e cabelo. Eu, por exemplo, tenho gostado muito de usar meu cabelo natural, principalmente após o início da quarentena.
Já aconteceu de aprenderem algo com as participantes do programa?
Isabella Fiorentino: Eu aprendo sempre! Faço questão de bater um papo com elas antes da gravação para entender o dia a dia, entender se são casadas, se os pais dos filhos são presentes, eu sempre quero ouvir porque acredito que a realidade de cada uma vai interferir muito no que vamos propor para elas. Para muitas pessoas a moda está em último plano na vida e precisamos respeitar isso. Eu aprendo demais com cada uma delas, com as vivências, sobre resiliência e até mesmo de moda. Às vezes as participantes trazem peças que não achamos legais, mas elas mostram uma saída tão diferente para usá-las que até eu quero as peças.
Arlindo Grund: Cada programa carrega consigo uma história de vida que nem sempre pode ou deve ser contada, e claro que todas elas trazem consigo ensinamentos. Existe uma troca muito grande no programa e nesse sentido posso dizer que meu maior aprendizado é sempre fazer minhas colocações de maneira simples e objetiva.
Como as questões levantadas pelo Esquadrão da Moda podem ser aproveitadas no universo masculino?
Arlindo Grund: Todas as palavras podem ser adequadas ao universo da diversidade humana. Falamos ali para a participante mas qualquer um pode captar a informação de moda e digerir do seu jeito. O legal da moda é essa maneira descontraída e mais empática de enxergar as novas possibilidades.