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Celebridades

Além da superfície

No ar em “Terra e Paixão”, Ângelo Antônio vive o violento e dramático Andrade

Por CAROLINE BORGES_TV PRESS

30 de julho de 2023, às 17h19 • Última atualização em 30 de julho de 2023, às 17h20

Televisão é trabalho árduo. Há mais de 30 anos diante do vídeo, Ângelo Antônio conhece cada detalhe e percalço que envolve um novo projeto na tevê. Ainda assim, o ator, que integra o elenco de “Terra e Paixão”, tem encarado momentos difíceis no set da trama das nove. A rotina exigente de gravações do horário nobre, no entanto, está longe de ser o problema. Complexo mesmo é vivenciar as falas e atitudes deploráveis de Andrade, o violento marido de Lucinda, papel de Débora Falabella.

“É muito difícil dizer as coisas que ele diz, fazer as coisas que ele faz, pensar as coisas que ele pensa. Não é fácil. Tento deixar essas coisas saírem de mim e não voltarem mais”, afirma.

Na obra assinada por Walcyr Carrasco, Andrade é dono da pousada da região. Casado com Lucinda, ele é pai do pequeno Cristian, de Felipe Melquiades. Bebe demais, tornando-se bastante agressivo. Ao descobrir que a cunhada Anely, vivida por Tata Werneck, faz strip-tease online, ele passa a chantageá-la. “O Andrade é um cara que ainda não cresceu muito, que precisa amadurecer como ser humano e a Lucinda é aquela mulher que protege, que cuida, é a provedora”, ressalta.

Em “Terra e Paixão”, você volta a trabalhar com Walcyr Carrasco. Como está sendo retomar essa parceria conhecida de outros projetos, como “O Cravo e a Rosa” e “Verdades Secretas II”?

O Walcyr é um grande autor. A trama de “O Cravo e a Rosa”, por exemplo, é uma obra-prima da televisão. É uma alegria estar com ele novamente. É muito bom fazer parte desse elenco incrível. Tenho muito prazer em trabalhar com esse elenco e essa equipe.

O Andrade é um personagem complexo, dramático e que levanta uma importante discussão sobre a violência contra mulher. O que tem sido mais instigante em encarar esse projeto?

É um desafio. Sair vivo de um personagem assim já será bom. O Andrade é um ser humano complexo, fácil de cair em um estereótipo qualquer, que além de tudo é alcoólatra, que, na verdade, é uma doença que precisa ser tratada com atenção e cuidado e não como problema de caráter.

Então, você acredita que há um caminho de redenção para o personagem ao longo da trama?

Eu acho que é um personagem que quer ser uma pessoa melhor. No fundo, eu acho que o Andrade quer ser uma pessoa melhor. Nesse momento da história, ele é uma pessoa que gosta de infernizar a vida dos outros, né? Ele inferniza a vida da mulher, da cunhada… Vou descobrindo esse personagem e entrando nesse universo conforme as gravações avançam.

Como assim?

Inicialmente, fui vendo a relação do personagem com o filho. Não sabia muito bem como era. Então, fomos criando uma relação de empatia e brincadeira. Já começou com brincadeiras que, de certa forma, são violentas. Brincadeiras de chute, soco… Aquilo já está dentro do personagem. Já vê um pouco como seria a relação daquela família. Na primeira cena que fizemos juntos foi muito legal, tivemos uma unidade, uma cumplicidade. Naquele momento da primeira gravação eu senti tudo o que pode ser essa família.

Recentemente, foram ao ar diversas cenas em que o Andrade agride a Lucinda. Você conta com algum cuidado ou delicadeza a mais para realizar essas sequências?

Então, o mais difícil é dizer as coisas que ele diz, fazer as coisas que ele faz, pensar as coisas que ele pensa. Não é fácil. Vou tentando deixar essas coisas saírem de mim e não voltarem mais.

Personagens que levantem debates sociais e atuais são importantes para você?

Acho que temos um papel importante de abrir conversas dentro de um momento importante atual da sociedade. Estamos abrindo conversas sobre como estamos vivendo hoje. Por que ainda somos violentos? Por que ainda há violência contra mulher? Como sair dela? Vamos usar essa discussão para sair disso. Como podemos estimular e alimentar os homens a saírem desse lugar de machismo, violência, homofobia, agressividade… Tem muita coisa de ego. Acho que superar nosso ego é nos tornamos pessoas melhores. Espero que esse personagem nos ajude a nos tornar pessoas melhores.

De que forma?

A nossa sociedade tenta transformar suas próprias sombras, desemprego, miséria, desigualdade, tirar dela mesma a responsabilidade e projetar num determinado indivíduo. Escolhe normalmente o mais fraco, o mais pobre e coloca a culpa, como se fosse um problema dele, do caráter. Cria um bode expiatório. “Quem não tiver pecado que atire a primeira pedra”.

Mente aberta

Violência em relações amorosas não é exatamente um assunto novo para Ângelo Antônio. Há alguns anos, o ator participou do filme “Amor?”, que conta com a direção de João Jardim. A produção mostra oito histórias envolvendo casos amorosos, em que os envolvidos passaram por algum tipo de violência, psicológica ou física.

“Foi um filme muito importante. Vi muita coisa ali”, aponta.aprofundar nas temáticas feministas. Ele tem se debruçado sobre as obras da americana Bell Hooks, que foi uma importante escritora feminista e ativista antirracista. “Quero conhecer os caminhos do movimento feminista e vendo ainda tudo que me ajude a alimentar e a construir esse personagem. Não posso parar, até o fim”, explica.

Em breve

Antes de viver o violento Andrade, Ângelo Antônio interpretou um outro tipo odioso no vídeo. Ele esteve no elenco de “Todas as Flores”, novela original Globoplay. Na história, ele viveu o vilão Samsa Montego, um dos principais líderes da organização criminosa de tráfico humano para a qual trabalhava Zoé, papel de Regina Casé. Com autoria de João Emanuel Carneiro, o folhetim tem estreia prevista para outubro na tevê aberta. “Acho que vai ser uma alegria poder oferecer a esse público um trabalho de tanta qualidade”, valoriza.

Originalmente lançada na plataforma de streaming, “Todas as Flores” contou com uma repercussão positiva entre os assinantes Globoplay. Para Ângelo, o projeto bem-sucedido é fruto de um trabalho de união nos bastidores. “Quando o trabalho é feito por uma equipe talentosa e unida, a probabilidade de um resultado positivo é grande”, aponta.

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