Celebridades
Bagagem artística
No ar em “Aruanas” e “A Vida Pela Frente”, Leandra Leal assume novas funções na carreira
Por CAROLINE BORGES -TV PRESS
07 de julho de 2023, às 17h38
Link da matéria: https://dev.liberal.com.br/social/celebridades/bagagem-artistica-1977829/
Leandra Leal sempre respirou a vida artística. Neta do produtor cultural Américo Leal e filha da atriz Ângela Leal, a atriz de 40 anos trilhou uma trajetória profissional riquíssima na tevê, no teatro e no cinema. Atualmente no ar na segunda temporada de “Aruanas”, em que vive a ativista ambiental Luiza, Leandra amplia ainda mais sua atuação artística ao assumir a criação e a direção da série “A Vida Pela Frente”, novo original Globoplay. Leandra, que também está no elenco da produção, divide a criação com Rita Toledo e Carol Benjamin. As três ainda se revezam na direção geral com Bruno Safadi. “Sou uma atriz muito melhor depois de ter passado pela série. Me sinto mais confortável. Acho que faz a gente entender melhor a nossa responsabilidade e demanda em um trabalho. Me faz ser mais entregue no que faço”, valoriza.
Na série do Globoplay, Leandra interpreta Tereza, a mãe solo e superprotetora da jovem Liz, papel de Nina Tomsic. “Temos uma série que fala sobre a adolescência com sensibilidade e crueza. Uma série sobre o fim da adolescência, mas não é só para adolescente. Quem viveu essa época também se identifica”, aponta. Já em “Aruanas”, a atriz retoma a batalhadora Luiza, que precisa se reinventar e criar estratégias para manter a ONG ambiental funcionando. “É uma personagem de ideais muito fortes. Mas acabará tendo a vida pessoal sacrificada mais uma vez”, explica.
O quarteto de protagonistas passou por muitas mudanças ao fim da primeira temporada de “Aruanas”. Como a Luiza chega para essa nova leva de episódios?
A Luiza continua movida pelos seus ideais, é uma mulher corajoso e destemida. A ONG Aruana está sem a Verônica, então ela e Natalie estão liderando a equipe sozinhas, o que provoca uma mudança de postura nas duas, gerando conflitos. Ela tem muita dificuldade em equilibrar a sua vida pessoal com o trabalho e acaba se sacrificando mais uma vez.
Na primeira temporada, você defendeu a importância de trazer à tona os crimes ambientais que acontecem na Amazônia e a luta de tantos ativistas ao redor do mundo. Nesta nova fase, o desafio é outro e está ligado a uma tragédia silenciosa e comum a muitos centros urbanos, a poluição do ar. Qual a importância de levar essas discussões para a frente do vídeo?
Acho que, mais uma vez, a série acertou muito na escolha do tema. A poluição do ar é uma consequência grave do nosso modelo de desenvolvimento urbano, algo insustentável e que precisa ser repensado. É uma série que fala de luta, de tragédia ambiental, que traz dados assustadores de devastação e morte de ativistas. Mas também promove uma reflexão: é isso mesmo que queremos? Ainda dá tempo de consertar. Porque cada um é muito responsável também. Ela convoca a ação, o ativismo. É uma série que empodera as pessoas.
Sua visão sobre o meio ambiente mudou após participar da série?
Eu me considero uma ativista desde sempre. Mas a questão ambiental era algo que eu tinha pouco conhecimento e essa série me fez colocar essa pauta como urgência, porque é essencial para nossa sobrevivência como espécie. “Aruanas” me despertou uma consciência ambiental. Pensei: “Preciso mudar meus hábitos como consumidora. Eu tenho poder. Eu moro num centro urbano, mas esse centro urbano também desmata a Amazônia. Preciso estar conectada com isso”.
Além de “Aruanas”, você também pode ser vista na série “A Vida Pela Frente”, que acabou chegar ao catálogo do Globoplay. Qual a importância desse projeto?
Essa série foi gestada há quase uma década. A série é inspirada na nossa adolescência e se passa na virada dos anos 2000. São coisas que aconteceram com a gente e também coisas que a gente ouviu falar. É muito bom falar sobre essa fase tão potente e intensa da vida. A adolescência é uma fase de primeiras vezes. A adolescência é uma época atemporal. Todo adolescente vive os mesmos dilemas em qualquer época.
A série aborda o luto na adolescência. Como foi tratar de um assunto tão delicado dentro de uma fase tão sensível da vida?
A gente viveu perdas na adolescência, né? Eu perdi meu pai. É muito difícil e doloroso entender esse lugar. A adolescência é uma fase que a gente acha que não tem limites, que somos imortais. A morte não passa pela cabeça dos adolescentes. Mas, na verdade, nessa fase você está começando a entender essas regras da vida adulta. O luto é algo marcante e sempre tive vontade de falar isso. Essa série tem muito da gente, mas não é necessariamente um espelho. Tem inspirações em nossas vivências.
Em “A Vida Pela Frente”, além de atuar, você também está à frente da criação e da direção da série. Como foi exercer essas funções nos bastidores?
Sou uma atriz muito melhor depois de ter passado pela série. Estranho falar isso, mas me sinto mais confortável depois dessa experiência. Foi o primeiro projeto de direção que eu dirigi. Foi bom ter uma vivência nesse lugar. Acho que entender o processo só faz com que você contribua melhor para ele. Foi muito bonito ver o processo do início ao fim. Como atriz, eu sempre vivi os sonhos das outras pessoas. Fazia de tudo para o sonho delas serem meus. Foi bonito ver uma equipe inteira mobilizada para realizar um sonho meu e das minhas amigas. Voltei para um set mais realizada ainda.
Por quê?
Eu amo ser atriz. Eu dirigi a partir do meu lugar como atriz. Logo depois da série, eu fui fazer um filme. Era um filme bem complexo. Foi um bálsamo na minha vida. Foi bom voltar ao meu lugar de atriz e dar conta somente da minha personagem.
Você estreou na tevê aos oitos anos. Como foi lidar com essa trajetória profissional ainda durante a infância e adolescência?
Eu vivi bastante a minha adolescência (risos). Trabalhei muito durante a minha adolescência. Era uma adolescente com bastante responsabilidade. Tive vivências emocionais muito densas. Meu trabalho sempre foi um espaço de cura e não de peso. Foi importante ter trabalhado para segurar minha onda e me desenvolver. Me sentia muito acolhida. Graças a Deus eu trabalhava nessa fase.
“Aruanas” – Globo – Terça, às 23h, na Globo.
“A Vida Pela Frente” – Disponível na plataforma Globoplay.
Mãe e filha
A série “A Vida Pela Frente” foi criada há quase 10 anos. Mas, antes de qualquer escalação, uma atriz já tinha lugar cativo no elenco da série. Incluir Ângela Leal, mãe de Leandra, era um desejo antigo da jovem atriz. “Foi muito emocionante ter minha mãe no projeto. Ela dizia que não queria mais atuar, mas, como era a minha série, não tinha como não fazer. A gente fez a Olga pensando nela”, explica.
Leandra também ficou emocionada com a oportunidade de dirigir a própria mãe no set da série original Globoplay. “Ela arrasa. Ter ela no set foi uma felicidade. Contracenei e dirigi minha mãe. Foi como fogos de artificio. Valeu por anos de análise”, vibra.
Tempo de preparo
Antes das gravações de “A Vida Pela Frente”, Leandra Leal também estava envolvida com todo o processo de pré-produção da série. Rodeada de um elenco majoritariamente jovem e estreante no audiovisual, a atriz buscou um período de preparação mais longo do que o habitual. “Tivemos seis semanas de preparação. Todo dia estávamos em uma sala de ensaio. Isso não é tão comum. Geralmente, tem uma semana de oficina para entender o personagem. Não digo que foram as condições ideais, mas acho que chegamos bem perto disso”, explica.
Instantâneas
A atriz também pode ser vista na reprise de “Senhora do Destino”, que vai ao ar no Viva.
Leandra é porta-estandarte do bloco de Carnaval Cordão da Bola Preta, que desfila no Centro do Rio de Janeiro.
A atriz é sócia-fundadora da produtora independente Daza Filmes.