Celebridades
Duras na queda
Mosaico feminino contundente e recheado de estrelas, “Mulheres Apaixonadas” volta ao ar no “Vale a Pena Ver de Novo”
Por Geraldo Bessa / TV Press
28 de maio de 2023, às 11h22
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Manoel Carlos é um exímio cronista da classe média-alta. Por proximidade, suas novelas sempre foram ambientadas na Zona Sul do Rio de Janeiro, mais precisamente, pelas ruas do famoso bairro onde reside, o Leblon. A força das histórias retratadas pelo novelista, entretanto, funcionaria bem em qualquer ambiente.
Com obras centradas em amores e dilemas universais, Manoel sempre se utilizou da visão feminina sobre o mundo para criar seus folhetins. Percebendo que sua fórmula se encaixava perfeitamente no gosto do público, de forma quase marqueteira, em meados dos anos 1980, criou sua primeira personagem Helena, nome pelo qual passou a chamar as protagonistas de suas novelas seguintes.
No final de 2002, prestes a voltar ao ar depois do retumbante sucesso de “Laços de Família”, o autor resolveu ousar um pouco sobre sua própria dinâmica de criação. Em vez de concentrar todo o drama e atenção na personagem principal, diluiu histórias de apelo popular e criou um verdadeiro mosaico feminino em “Mulheres Apaixonadas”, que 20 anos depois da exibição original, volta ao ar na faixa “Vale a Pena Ver de Novo”.
O ponto de partida da trama é o trio de irmãs formado por Helena, Heloísa e Hilda, personagens de Christiane Torloni, Giulia Gam e Maria Padilha. Diretora de escola, a protagonista vivia um casamento insosso e recheado de traições com o músico Téo, de Tony Ramos. Disposta a retomar as rédeas da própria vida, decide reviver um amor adolescente com o sedutor César, de José Mayer.
“A minha Helena estava em plena crise existencial porque achava que sua vida era resultado de escolhas ruins. O que gosto nessa personagem é que ela é uma heroína totalmente errante. Nada na Helena é definitivo. Ela muda, erra, ama, acerta, sofre”, derrete-se Torloni.
Os problemas das irmãs ainda afetam diretamente a vida da protagonista. Hilda é empresária e vive feliz ao lado do marido e da filha, mas sua vida sofre um grande baque ao descobrir um câncer de mama. Já a ciumenta Heloísa está uma relação destrutiva com Sérgio, de Marcello Antony. Insegura e agressiva, ela tenta afastar qualquer figura feminina que está perto do marido, vasculha informações no seu celular e o persegue nas ruas. Tudo porque acha que está sempre sendo traída.
“Heloísa era uma doente de amor, uma personagem muito difícil e visceral. Fez um sucesso tremendo e ajudou muita gente que vivia na mesma situação. Foi a primeira vez que vi que a novela poderia ir além do puro entretenimento. Um trabalho que me marcou para sempre”, conta Giulia Gam, que chegou a ir a reuniões do grupo MADA – Mulheres que Amam Demais – para compor a personagem.
“Mulheres Apaixonadas” ainda jogou luz sobre o problema do alcoolismo com as cenas fortes de Santana, de Vera Holtz. Com sucesso, levantou a bandeira de violência doméstica com a personagem Raquel, de Helena Ranaldi, que era agredida com uma raquete por Marcos, de Dan Stulbach.
Histórias mais leves e cotidianas davam um certo alívio dramático a “Mulheres Apaixonadas”. Casos da trama abordando o renascimento da libido de Lorena e de Silvia, personagens de Susana Vieira e Natália do Vale, que se apaixonavam por homens mais jovens, dos primos que caem em tentação, com Luciana e Diogo, de Camila Pitanga e Rodrigo Santoro, e da relação entre personagens de classes diferentes, com a apagada mocinha Edwiges e o playboy Cláudio, papéis defendidos por Carolina Dieckmann e Erik Marmo. Por fim, chamou a atenção do público ao exibir a paixão proibida de Estela e o Padre Pedro, interpretados por Lavínia Vlasak e Nicola Siri.