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Celebridades

Outra face

Em “Todas as Flores”, Fábio Assunção fala das dubiedades do controverso Humberto

Por CAROLINE BORGES - TV PRESS

10 de maio de 2023, às 21h44 • Última atualização em 10 de maio de 2023, às 21h45

Os anos de experiência diante das câmeras deram uma bagagem e tanto para Fábio Assunção. Com inúmeros mocinhos, vilões e personagens de destaque no currículo, o ator de 51 anos já viu os mais diversos enredos e reviravoltas. Em “Todas as Flores”, original Globoplay, Fábio, no entanto, tem tido dificuldades para explicar os caminhos do tortuoso Humberto. “Não é um personagem fácil de explicar ou defender. Estou ainda desbravando os caminhos que estão sendo apresentados. Cada dia em estúdio é um tijolo novo na construção”, explica.

Na história feita com exclusividade para o Globoplay, Humberto é casado com Guiomar, papel de Ana Beatriz Nogueira, e, juntos, são pais de Rafael, de Humberto Carrão. Ninguém sabe que há anos ele é amante e cúmplice de Zoé, vivida por Regina Casé. Foi Zoé, inclusive, quem o apresentou o casal, como parte de um plano para colocarem as mãos em toda fortuna da Rhodes. Apesar de estar ao lado de Zoé há tanto tempo e conhecer todos os seus segredos, Humberto nunca esqueceu o grande amor que sente por Judite, interpretada por Mariana Nunes, desde os tempos que morava na Gamboa, região portuária do Rio de Janeiro. “O grande amor dele é pela Judite. Ela é a ligação dele com o passado. Mas a Zoé o leva para o mundo de golpes. Já a Guiomar, é o interesse financeiro”, afirma.

Nos últimos anos, você se dedicou bastante ao formato das séries. O que o motivou a retornar ao universo das novelas em “Todas as Flores”?

É um personagem com muita história e faz pensar o tempo todo. Tem muita coisa para se aprofundar e trabalhar. Isso é rico demais. O Humberto teve uma infância e adolescência no bairro da Gamboa. Porém, através do convívio com a Zoé, ele acaba aprendendo formas de sobreviver ao abandono e à desigualdade. Ele vai ascendendo social e financeiramente com golpes, de uma forma não muito correta. Sinto que o Humberto tem uma paixão pela vida, mas, ao mesmo tempo, é um personagem dúbio, contraditório e vulnerável. Ele tem ascensão social ao casar com a Guiomar. Eu vejo esse personagem com muitas contradições. Isso exige bastante de mim em cena.

Mas você enxerga o Humberto como um dos vilões da história?

Difícil uma novela do João Emanuel Carneiro limitar os personagens ao posto de vilão ou mocinho. Claro que ainda não temos toda a trama nas mãos, mas o caminho do Humberto é muito tortuoso. Honestamente? Acho o Humberto um dos personagens mais complexos para explicar da minha carreira (risos).

Por quê?

Ele é uma pessoa muito vulnerável, um sobrevivente tentando se dar bem. Quer garantir a vida dele. Mas, ao mesmo tempo, não consigo achar um local de pertencimento para esse personagem. Ele veio da Gamboa, mas esse local não pertence mais ao Humberto. Ele vai para lá, tem um saudosismo daquela vida e fica mexido, mas não se encaixa ali. Ele vive em um mundo elitizado, mas também não se identifica e nem é aceito. Então, fica nesses dois universos sem se encaixar efetivamente em nenhum.

Com tão poucas informações sobre os caminhos do personagem, como foi seu processo de criação do Humberto?

Está sendo, né? A cada cena eu vou colocando um tijolo. Vou descobrindo aos poucos mesmo. O Humberto tem muitas opções de caminhos e são caminhos muito bifurcados. Acabei construindo um cara mais centrado, fechado e difícil de ler. Ele é um ressentido, um cara que não é de bem com a vida, não é alegre. Isso é desafiador artisticamente porque ainda tem uma paixão e um complexo de rejeição.

Como a paternidade se desenrola na trama do Humberto?

Eu acho que toda a afetividade paterna do Humberto é atropelada pela grana e pela empresa. Tenho muitas cenas com o Humberto (Carrão), mas nunca é uma coisa leve de pai para filho. É sempre uma paternidade tensa. O Humberto é amarrado em chantagens e tem um passado que ele não consegue se libertar. Ele quer ser o melhor pai do mundo, mas como isso? Ele está sempre mentindo e enganando o próprio filho. Uma relação um tanto quanto estranha entre pai e filho. As cenas com o Carrão são muitos difíceis porque o filho saca bem o pai. O Rafael coloca o pai em local de desconfiança.

E como tem sido essa dobradinha com o Carrão?

Eu estou apaixonado pelo Carrão. Sempre gosto de rasgar elogios a ele nas entrevistas (risos). Sempre o achei um ator extraordinário. Tem uma temperatura pacífica e uma convivência maravilhosa. A gente divide muitas afinidades em relação ao futuro do Brasil, ideias de trabalho. Tivemos uma identificação enorme. É uma sorte estar com ele nesse projeto. Aprendo demais.

Você chegou a levar algo da sua experiência como pai para o enredo do Humberto?

Não, não levo da minha relação paternal para a história. Não tem nenhuma relação. Meu universo pessoal não me ajudou em nada nesse projeto. Tudo foi construído entre mim e o Carrão. Não tem paralelismo com a vida pessoal.

A trama de “Todas as Flores” é sua primeira novela voltada exclusivamente para o Globoplay. Como tem sido essa experiência no streaming?

Tem sido uma experiência legal. É um mundo novo se abrindo e estamos experimentando essa mudança de formato. É um projeto muito bom de participar de qualquer forma. Temos um elenco incrível, um texto muito bom. Outro dia lembro que fiz uma cena muito bonita com a Ana Beatriz Nogueira, em que o Humberto confessa que se casou por interesse com a Guiomar. Mas, ao mesmo tempo, ele agradece a ela por dar a ele uma família, uma casa e uma carreira.

“Todas as Flores” – Capítulos disponibilizados semanalmente na plataforma Globoplay.

Todas as fases

Se a paternidade é uma questão complexa para o personagem de Fábio Assunção em “Todas as Flores”, a situação é completamente diferente na vida real. O ator é pai de três filhos: João, de 19 anos, Ella, de 11, e a caçula Alana, de apenas um ano e meio. “Sou três pais em casa, né? Porque cada filho está em uma fase. Então, os papos são diferentes. Isso é muito rico”, explica.

O filho mais velho do ator, inclusive, está seguindo os passos profissionais do pai. Os dois têm grandes conversas sobre os caminhos na carreira artística. “Ele já está fazendo faculdade e trabalhando como ator. A gente tem algumas conversas de adulto já”, ressalta.

Trabalho sobrenatural

Além de “Todas as Flores”, Fábio também entrou para a segunda temporada de “Desalma”, que está disponível no Globoplay. Na história sobrenatural, ele vive o centenário Traian Troader, um antigo bruxo que carrega em si uma maldição. “Esse personagem não tem referências. Não estamos buscando estereótipos já feitos em filmes ou personagens clássicos”, afirma.

O convite para a série surgiu através do diretor artístico Carlos Manga Jr. Os dois haviam trabalhado juntos em “Vamp”, em 1991. “Entrar na segunda temporada é uma novidade para mim. Gostei disso também. Em geral, a entrada de uma personagem assim, de forma inesperada, provoca a trama, envolve o público”, valoriza.

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