Celebridades
Por outro ângulo
“Amor Perfeito” inicia fase de humanização da vilã Gilda e já dá sinais de melhora na audiência
Por MÁRCIO MAIO - TV PRESS
08 de maio de 2023, às 18h44
Link da matéria: https://dev.liberal.com.br/social/celebridades/por-outro-angulo-1949013/
Na teledramaturgia, fala-se muito na humanização dos vilões. É claro que não se trata de anular ou justificar as maldades dos personagens que dificultam a vida dos heróis – e que movimentam as histórias. A ideia é, na verdade, mostrar algum sentimento e fazer com que se entenda de onde pode vir a pré-disposição para infernizar os outros.
Em “Amor Perfeito”, esse é um caminho que já começou a ser traçado para Gilda, vivida por Mariana Ximenes e responsável pelos oito anos que a mocinha Marê, papel de Camila Queiroz, perdeu na prisão, acusada pelo assassinato do próprio pai, Leonel, vivido por Paulo Gorgulho, cometido exatamente pela vilã. E essa movimentação já deu sinais positivos na audiência, que se manteve acima dos 18,8 pontos de média conquistados pela novela das 18h da Globo até meados de abril. O capítulo em que a megera revelou para a ex-enteada que, assim como ela, precisou enterrar um filho bebê, por exemplo, bateu 20 pontos.
À primeira vista, Gilda foi apresentada ao público como uma mulher capaz de tudo para ter poder e dinheiro. Inclusive matar a sangue frio. Para culpar Marê pelo crime, corrompeu autoridades e forjou provas. E segue decidida a conquistar toda a fortuna deixada pelo marido. Nesse embate entre as duas, alguns detalhes do passado da ruiva já vieram à tona. Como o fato de ela ter sido presa algumas vezes, inclusive por furtar dinheiro e relógios dos clientes dos bordeis em que trabalhou. Sim, a víbora fez carreira em casas de prostituição de São Paulo antes de chegar a Águas de São Jacinto, a cidade fictícia onde “Amor Perfeito” é ambientada.
Vilãs que deram expediente como profissionais do sexo está bem longe de ser uma novidade. Mas esse tipo de histórico, normalmente, também se traduz em um passado marcado pela solidão e pela falta de afeto nessas trajetórias. Ao contar que foi mãe, Gilda falou sobre o quanto se sentiu amada e protegida por Leonel. E, a não ser que Gilda seja tão boa atriz quanto sua intérprete, Mariana Ximenes, o diálogo foi bem convincente. Até mesmo Marê, que teve seu filho perdido e boa parte de sua vida enclausurada na cadeia por culpa da ex-madrasta, acreditou. Ponto para Ximenes, que faz de sua personagem a mais instigante da trama. E olha que não faltam ali papéis interessantes e bem defendidos.
O futuro, porém, guarda mais uma oportunidade para que Gilda seja ainda mais humanizada em “Amor Perfeito”. Na história, ela adotará Marcelino, o filho biológico de Marê – mas sem saber que o menino é o bebê sumido da ex-enteada. Apesar da motivação inicial ser afrontar Marê, Gilda se encantará pelo menino. E isso fará, inclusive, com que ela reavalie alguns de seus comportamentos. Certamente não será suficiente para que o público esqueça suas vilanias. Porém, tem tudo para render cenas comoventes. E, de quebra, acirrar ainda mais o embate entre as duas inimigas da novela.
“Amor Perfeito” – Globo – Segunda a sábado, na faixa das 18h.